Luanda - A receita fiscal de Angola no próximo ano poderá subir 4% se o preço do petróleo ficar nos 50 dólares, o que significa um acréscimo de quatro dólares face ao previsto no Orçamento do Estado.

Fonte: Lusa

De acordo com a análise da consultora Eaglestone, "se o preço atingir os 50 dólares, em vez dos 46 previstos, e assumindo tudo o resto constante, as receitas ficariam 4% acima das previsões atuais".


O relatório que analisa o Orçamento do Governo para o próximo ano, que esta consultora com escritórios em Londres, Lisboa, Luanda e Joanesburgo enviou aos investidores e a que Lusa teve acesso, prevê, por outro lado, um impacto negativo de 6% caso o preço do petróleo caia para os 40 dólares durante 2017.


"O preço do petróleo tem registado uma forte volatilidade nas últimas semanas com os investidores na expectativa em relação à decisão da OPEP no final do mês sobre um eventual corte na produção de petróleo", lê-se no documento.


"Um acordo que leve a um corte efetivo da oferta de crude deverá ter um impacto positivo e sustentado no preço, o que será positivo para os países exportadores de petróleo como Angola", acrescenta-se, mas "se o acordo falhar, isso poderia voltar a colocar o preço do crude abaixo dos 40 dólares no próximo ano", prejudicando as previsões do Executivo.


Para o ano de 2017, na proposta de Orçamento em discussão no parlamento, a previsão de receitas do Governo angolano estima em 46 dólares o preço médio de exportação de cada barril de petróleo, menos de metade dos 100 dólares a que o país exportava cada barril, mas acima dos 30,4 dólares de março, o valor mais baixos dos últimos anos.


Este valor representa uma subida de 12% face aos 40,9 dólares previstos no OGE revisto deste ano, antecipando-se também um aumento da produção petrolífera para os 1,82 milhões de barrris diários, face aos 1,79 milhões deste ano.


"Isto melhorará as receitas petrolíferas do próximo ano, o que ajudará a atenuar o impacto da queda esperada nas receitas de impostos sobre o rendimento e receitas não-fiscais", diz o documento, assinado pelo economista-chefe da Eaglestone, Tiago Dionísio.


A análise da Eaglestone sublinha que "Angola tem enfrentado um contexto macroeconómico dificil nos últimos anos em resultado da forte descida dos preços do petróleo desde a segunda metade de 2014" e lembra que "o crescimento económico abrandou para 4,8% em 2014, 3% em 2015 e espera-se que seja próximo de zero este ano em resultado também do abrandamento da economia mundial".