Luanda – Os agentes envolvidos no ataque à esquadra do Bita Progresso, de que resultou a morte de um graduado, estão em liberdade. No seio do SIC reina a indignação. A soltura contraria a garantia do ministro do Interior de que os autores seriam responsabilizados.

Fonte: NJ
Os três agentes envolvidos no tiroteio que resultou na morte do subinspector Joaquim Luzango dos Prazeres Kapassola e em ferimentos graves num subchefe, que se encontra internado, e que foram detidos no dia 2 de Outubro de 2016, encontram-se em liberdade, garantiram fontes do Novo Jornal.

Uma fonte do Serviço de Investigação Criminal (SIC) disse, sob anonimato, que foram apanhados de surpresa com a notícia da libertação dos três colegas que facilitaram a invasão da esquadra do Bita Progresso no município de Belas por 18 mil dólares, o que está a contribuir para agudizar o clima de mal-estar que se vem sentindo há muito tempo por causa das arbitrariedades no interior da instituição.

"É muito revoltante a saída deles. Não sei com base em que critérios é que eles foram postos em liberdade. Mas a verdade é que libertaram o chefe da esquadra, o chefe da investigação criminal e o chefe do sector da respectiva esquadra", declarou.

Segundo a fonte, um dos agentes, no mesmo dia em que foi posto em liberdade, meteu-se numa confusão na via pú- blica e exibiu uma pistola, com a qual ameaçou os passageiros de uma viatura. "Houve uma confusão. O carro em que ele estava embateu num outro e, quando o dono do veículo pediu que se responsabilizasse pelos danos que causou, ele, sem mais nem menos, pegou na arma e começou a ameaçar todos os passageiros que estavam na outra viatura. Foi uma cena muito triste. Algumas testemunhas do triste episódio afirmaram mesmo aos agentes de trânsito que se deslocaram ao local que ele tinha a intenção de levar a viatura", relatou a fonte, indignada com a libertação.

A ordem foi dada por um superior hierárquico do Serviço de Investigação Criminal (SIC). Uma outra fonte, que também falou na condição de anonimato, defende que os três agentes envolvidos na morte do subinspector Joaquim Luzango dos Prazeres Kapassola têm de ser responsabilizados para servirem de exemplo aos colegas que praticam este tipo de acções ou que queiram enveredar por este caminho, no sentido de exterminar aquilo que consideram ser um cancro que está a corroer o SIC.

"A saída deles abre caminho para os demais praticarem este tipo de acções, pelo sentimento de impunidade que gera. Acho que este caso não deveria ser tratado no SIC provincial, mas sim ao nível da Direcção Nacional de Investigação Criminal. Pelo que li no processo de instrução preparatória, mesmo que o caso chegue a tribunal, eles seriam soltos, porque o juiz não teria elementos fortes para os condenar, pela forma como a investigação está a ser feita. É muito triste. Foi-se um pai de família e, com certeza, que a família dele está a sofrer", deplora.

Questionado se todos os 10 elementos que estavam envolvidos no processo foram libertados, a fonte respondeu que sim e desmentiu que, no âmbito do processo, tenha havido 10 detenções. "Não havia nada 10 elementos envolvidos detidos, porque, se assim fosse, no dia em que apresentaram aquele jovem, também iriam apresentar os outros, até porque gostamos de mostrar às populações que estamos a trabalhar. O preso que foram buscar à cadeia, até ao momento, não foi detido. Acho que estamos a brincar com a justiça", diz, indignado, um elemento daquele serviço tutelado pelo MININT.