Luanda - A direção da UNITA afirma que os militares do partido "sempre admiraram" Fidel Castro, mas sublinha que sem o envolvimento de Cuba em Angola o curso da história nacional teria sido "muito diferente".

Fonte: VOA

A posição vem expressa numa nota de condolências pela morte do líder histórico cubano, assinada pelo secretariado executivo da comissão política da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), à qual a Lusa teve hoje acesso.


Cuba foi aliado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde 1975, desde o período da guerra colonial até à guerra civil que se seguiu à independência angolana do regime colonial português, inclusive com apoio militar no terreno.


"Apesar de se ter afirmado como adversário ideológico e inimigo no campo de batalha militar, os militantes da UNITA sempre admiraram El Comandante Fidel de Castro pela sua tenacidade política na luta anticolonial, pela sua bravura e principalmente pela sua coerência na defesa da revolução cubana", lê-se no comunicado.


O histórico líder cubano, comandante-chefe da revolução de 1959, que depôs Fulgencio Batista e viria a instituir um regime comunista naquela ilha caribenha, morreu na noite de sexta-feira, com 90 anos, às 22:29 locais (03:29 de sábado em Lisboa).


O anúncio da morte de "El Comandante", Fidel Alejandro Castro Ruz, foi feito pelo seu irmão e sucessor desde 2008, Raul, na televisão estatal, terminando com o grito "Até à vitória, sempre!".


A UNITA, o maior partido da oposição angolana e que travou durante quase 30 anos uma guerra civil contra as forças do Governo, do MPLA, destaca o "líder revolucionário que transformou Cuba" que se "manteve fiel aos seus princípios ideológicos", mesmo "depois do colapso do comunismo soviético".


O partido fundado por Jonas Savimbi afirma que "apesar de tudo" Fidel Castro e a revolução cubana "trouxeram ao povo cubano grandes benefícios no domínio da educação, da saúde e da segurança social", que "constituem um verdadeiro caso de estudo para a juventude revolucionária mundial dos nossos dias".


"Reavaliando a História, a UNITA considera, por outro lado, que sem o envolvimento de Cuba nos assuntos internos de Angola, ocorrido no âmbito da guerra fria, a história do nosso país teria levado um curso muito diferente. Entretanto, em toda a história mundial, os adversários nunca deixaram de reconhecer mutuamente o valor uns dos outros", afirma o partido.


A nota de condolências termina com a UNITA a afirmar acreditar que "os líderes da nova Angola e da nova Cuba" vão saber "transformar as relações de sangue, de amizade e de cooperação económica e científica existentes entre os dois países num catalisador para o fortalecimento dos direitos humanos e da dignidade humana" dos dois povos.