Cabinda - A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) reivindicou hoje a morte de nove operacionais das Forças Armadas Angolanas em ataques realizados pelas Forças Armadas Cabindesas (FAC) durante o fim de semana.

Fonte: Lusa

Num "comunicado de guerra" enviado hoje à Lusa, assinado por Zau Augusto, chefe operacional da FLEC/FAC, aquela organização separatista refere que foram feitos dois ataques a militares angolanos durante o fim de semana.

 

O primeiro aconteceu no sábado, com cinco soldados das Forças Armadas Angolanas (FAA) que terão sido mortos quando a patrulha em que seguiam se cruzou com um grupo de combatentes das FAC, na área de Micuma, em Buco-Zau. Neste confronto, os guerrilheiros dizem ter perdido igualmente dois combatentes.

 

O outro ataque a uma patrulha das FAA terá acontecido no domingo, a sul do Necuto, também naquele enclave, quando os militares angolanos, afirmam as FAC, se preparavam para "surpreender uma posição" dos guerrilheiros.

 

"Nesta ação, quatro soldados angolanos foram mortos e vários outros feridos", refere o comunicado da FLEC/FAC.

 

O ministro do Interior de Angola afirmou em outubro que a situação em Cabinda é estável, negando as informações das FAC, que só entre agosto e setembro tinham reivindicado a morte de mais de 50 militares angolanos em ataques naquele enclave.

 

"Em Cabinda, o clima de segurança é estável, é uma província normal, apesar de algumas especulações e notícias infundadas sobre pseudo-ações militares que se têm realizado", afirmou o ministro Ângelo da Veiga Tavares.

 

A FLEC reivindicou a 19 de setembro a morte de mais 18 operacionais das FAA, mas anunciou ter retomado os ataques aos militares angolanos em março.

 

Aquela organização separatista afirma que "a guerra existe em Cabinda e que os confrontos vão continuar" até que o Governo angolano "se comprometa" em negociar com "uma solução pacífica e uma paz duradoura".

 

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas também desmentiu em agosto, em Luanda, a ocorrência dos sucessivos ataques reivindicados pela FLEC/FAC, com dezenas de mortos entre os soldados angolanos na província de Cabinda.

 

Geraldo Sachipengo Nunda disse então que a situação em Cabinda é de completa tranquilidade, negando qualquer ação da FLEC/FAC, afirmando que aqueles guerrilheiros "estão a sonhar".

 

A FLEC luta pela independência de Cabinda, alegando que o enclave, de onde provém a maior parte do petróleo angolano, era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte do território angolano.

 

Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento de resistência armada contra a administração de Luanda.