Lisboa - Luaty Beirão está em Portugal para apresentar o seu livro, que escreveu durante o período em que esteve prenso em Angola. 'Sou eu mais livre, então' é um diário dos dias em que o luso-angolano esteve privado da liberdade.

Fonte: Lusa

Na antena da Sic Notícias, Luaty Beirão disse que com o seu processo "ficou provado que [Angola] é um Estado totalitário, um Estado repressivo, em que a democracia é uma fachada".

 

Afirmando que naquele país "o medo impera", Luaty aproveita, com ironia, para agradecer no livro a Eduardo dos Santos porque foi devido ao "fincapé" do seu governo que o caso teve a exposição mediática que teve.

 

"Deu-nos um empurrão para mobilizarmos as pessoas a protestar e reivindicar o que é seu por direito", disse o luso-descendente, assinalando ainda que quando assinou a declaração recusando assistência médica, durante a greve de fome, sabia que não o iam deixar morrer e que o iam "alimentar à força".

 

Questionado sobre se gostaria que o Governo português tivesse tido intervenção no processo, Luaty Beirão confessou que lhe foi indiferente", admitindo, no entanto, apreciar que o cidadão português tivesse exigido isso. Contudo, frisou, "não tenho muita fé em políticos". "Sabia que os interesses iam prevalecer e não me deixo desmoralizar por causa da inação de Governos, de partidos ou seja do que for", confessou.

 

Quanto ao que passou na cadeia, contou que a escrita e a leitura eram os seus dois escapes, numa cela de apenas dois por três metros, na qual por vezes ficava 47 horas sem sair. "Era a minha maneira de me manter ativo, de manter o cérebro a funcionar".

 

Sobre se a sua luta dos '15+1' vai continuar, o luso-descendente respondeu: "Andamos à chuva para nos molharmos e eu já estou todo encharcado, não tenho como voltar atrás (...) Vamos continuar, em princípio é a nossa intenção".