Luanda - A dívida pública colocada semanalmente pelo Banco Nacional de Angola (BNA) voltou a cair, um terço, para 31,7 mil milhões de kwanzas (180 milhões de euros), com a taxa de juro acima dos 20% a três meses.

Fonte: Lusa

Segundo dados compilados hoje pela Lusa com base no relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, o banco central angolano colocou no mercado primário, entre 28 de novembro e 02 de dezembro, 17,7 mil milhões de kwanzas (101 milhões de euros) em Bilhetes do Tesouro (BT) e 11,4 mil milhões de kwanzas (65 milhões de euros) em Obrigações do Tesouro (OT).


As taxas de juro médias pela emissão de BT oscilaram entre os 20,06% (19,51% na semana anterior) na maturidade a 91 dias e os 24,49% no prazo a 364 dias (23,67% na semana anterior).


A seis meses, o Estado angolano paga taxas de juro de 23,89% (22,30% na semana anterior) para colocação de dívida pública no mercado primário, na forma de BT.


Já as OT fecharam, uma vez mais, com taxas de juro de até 7,75%, a cinco anos.


No segmento de venda direta de Títulos do Tesouro ao público em geral foram colocados na última semana 2,5 mil milhões de kwanzas (14,2 milhões de euros) em dívida pública.


Na semana entre 21 e 25 de novembro, o BNA tinha colocado, globalmente, 87,8 mil milhões de kwanzas (500 milhões de euros) em dívida pública e na seguinte 47,6 mil milhões de kwanzas (271,6 milhões de euros).


A colocação de dívida, em termos de montante, caiu na última semana 33% e na anterior desceu mais 47%.


Angola vive desde meados de 2014 uma crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo, recorrendo à emissão de dívida para garantir o funcionamento do Estado e a concretização de vários projetos públicos.


Apesar destes valores, a taxa de juro paga na maturidade a um ano é menos de metade do valor que a inflação (a 12 meses) atingiu em Angola no mês de outubro - 40%.


Na revisão do Orçamento Geral do Estado aprovada em 19 de setembro no parlamento, o Governo avança com uma revisão em baixa de indicadores macroeconómicos, nomeadamente a redução da previsão do crescimento da economia, de 3,3% para 1,1% e do défice das contas públicas, que passa de 5,5% para 6,8% em 2016.


O endividamento do Estado angolano tem sido utilizado para colmatar a forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só em 2015 o serviço da dívida pública angolana ascendeu a 18 mil milhões de dólares (16,9 mil milhões de euros).