Cunene - “O comandante Fidel foi meu pai, meu comandante e sobretudo meu amigo.” Foi com estas palavras que o governador do Cunene, Kundi Paihama, descreveu os laços que o uniam ao líder da revolução cubana, falecido dia 25 de Novembro.

Fonte: JA

Kundi Paihama, que falava durante um acto de homenagem a Fidel Castro, em Ondjiva, disse que foi com profunda dor e alguma surpresa que recebeu a notícia da morte do líder cubano, embora tivesse noção de que o factor idade já pesava nos últimos tempos.


O governador afirmou que Angola lhe deve uma eterna gratidão, por tudo quanto fez a favor do povo angolano, particularmente na defesa da integridade nacional, na saúde, educação e construção.


O governador do Cunene lembrou que a primeira vez que se deslocou a Cuba, meses depois de Angola alcançar a Independência, o próprio líder cubano foi ter com ele ao hotel. Daí, frisou, nasceu a grande amizade. “Quando eu fosse a Cuba, sentia-me em casa e todos os dias o camarada Fidel estava comigo”, conta Kundi Paihama, que na altura exercia o cargo de ministro da Segurança do Estado e ministro de Estado para a Inspecção e Controlo Estatal.


O governador do Cunene lembrou ainda que, à saída de um jantar, em Cuba, Fidel Castro convidou-o para andarem na viatura dele. “O comandante Fidel disse: Kundi, eu sei que você tem sua viatura, mas vai comigo na minha viatura. E aí fui com ele.”


Kundi Paihama disse que várias vezes Fidel Castro dispensava a sua equipa de segurança e saía sozinho para os encontros de convivência, pois ele dizia que a sua melhor guarda era o povo cubano.


Para o governador do Cunene, um dos momentos mais marcantes nas suas deslocações a Cuba foi quando Fidel Castro o condecorou com a medalha mais alta daquele país.


O governante prosseguiu com as suas lembranças. “Um dia fui mais a Cuba e ele disse: Kundi você tem noção do seu poder? E eu respondi que sim. Ele prosseguiu e disse, olhe não se equivoque, a África tem muitos episódios de golpes de Estado, por isso, segure-o bem. Aí eu disse muito obrigado, meu querido pai, por estes ensinamentos”.


Kundi Paihama conta que a sua trajectória militar se deve também a Fidel Castro, que enviou a Angola um professor especialmente para o instruir, o que lhe deu oportunidade de fazer o curso superior de oficiais, atingindo mais tarde o grau de general. “Foi um professor que o camarada Fidel seleccionou e mandou vir de Cuba para o Huambo. Hoje, sou alguma coisa no quadro militar graças ao companheiro Fidel”, reconheceu.


O responsável da missão cubana no Cunene, Norton la Marende, descreveu Fidel Castro como um verdadeiro líder revolucionário que a História jamais esquecerá. No seu entender, o mundo perde um dos homens mais sábios da História. “Não é em vão que Cuba tem o menor índice de analfabetismo, a mais baixa taxa de mortalidade infantil (quatro por cento), mais de 130 mil médicos, representando o maior índice per capita de profissionais da Medicina do mundo, bem como a maior universidade de Ciências Médicas”, sustentou.