Luanda - Uma funcionária da Embaixada de Angola no Japão está a tirar o sono aos mais altos responsáveis da diplomacia em Luanda e em Tóquio.

*Carlos Andre
Fonte: Club-k.net

De acordo com relatos de fontes diplomáticas, o assunto está a deixar particularmente o ministro George Chicoty com olheiras permanentes, não sabendo como descalçar a bota que ele próprio ajudou a calçar.


O caso refere-se a Cristina Guimarães, tida como muito próxima ao ministro Chicoty logo depois de ter rompido com a UNITA e integrava uma chamada Convergência Política Angolana, com Miguel Nzau Puna, TONY da Costa Fernandes e Raul Danda.

 

Ainda está na memória de muitos um aparatoso acidente de viação na capital angolana em que o agora ministro das Relações Exteriores conseguiu sair ileso, o mesmo sucedendo a sua acompanhante na viatura acidentada, exactamente Cristina Guimarães.


Uma vez à frente do MIREX, George Chicoty furou todas as regras e foi buscar a sua amiga de longa data ao Canadá colocando-a na embaixada de Angola no Japão, com uma função diplomática, sem ter qualquer vínculo anterior com o Ministério das Relações Exteriores.


Instalada em Tóquio, Cristina Guimarães fez e desfez, sempre respaldada pelo ministro Chicoty que foi ignorando as muitas denúncias que chegavam da missão, desde o então encarregado de negócios, Fernando Mbachi, ao actual embaixador, João Miguel Vahekeni. Guida é particularmente citada num esquema fraudulento de atribuição de de vistos a cidadãos filipinos, muitos deles a trabalharem como empregados domésticos de alguns dos novos ricos angolanos.


Tantas foram as reclamações sobre o comportamento da funcionária que George Chicote se viu forçado a exonera-la há dois anos, mas desde então e ainda assim continua a viver em Tóquio numa residência propriedade da Embaixada, desconhecendo-se quem lhe paga as despesas, uma vez que o seu nome foi cortado da folha de salários da missão.


Cristina Guimarães vive em Tóquio com documentos caducados, numa situação ilegal, uma vez que a sua condição de funcionária diplomática não foi sancionada pelas autoridades japonesas, apesar de ter conseguido renovar o seu passaporte a partir de Luanda, sem a necessária guia diplomática, acreditando-se que também aqui tenha tido o empurrão do ministro Chicoty e de alguns dos seus principais cúmplices em muitas negociatas no MIREX.


Sem mais margem para segurar Cristina Guimarães em Tóquio, o ministro Chicoty decidiu pela sua exoneração e transferência para o Vietname, mas ainda assim a funcionária tem mostrado resistência em deixar a capital japonesa.


Num último esforço para resolver a questão, o ministro das Relações Exteriores prepara-se para enviar uma delegação a Tóquio para "ir buscar" a Guida. Para tirá-la de Tóquio, George Chicoty convidou uma familiar da funcionária, Judite Costa que já foi Consul de Angola no Runtu, e que é prima de Guida, a acompanhar o seu fiel companheiro Martins Fernandes, director adjunto do Instituto das Comunidades e Serviços Consulares e tido como próximo do ministro em muitos negócios obscuros na concessão de vistos e fomento da imigração ilegal, caso em que já foi arguido e suspenso das suas funções.


O Japão tem evitado tomar medidas inamistosas, como declarar Cristina Guimarães persona non grata, mas tem preferido que sejam as autoridades angolanas a resolverem o problema.


No MIREX comenta-se que no meio da crise, com salários em atraso, como é possível fazer deslocar uma delegação "de amigos e familiares" para ir buscar uma funcionária ao Japão que até não tem qualquer vínculo com o ministério e que ainda por cima acaba de ser premiada com a transferência para o Vietname, só por ser "amiga pessoal" do ministro?