Luanda - Angola já pagou 80 milhões de dólares ao Banco da Namíbia (BoN), no âmbito do acordo para recomprar, em divisas, 32 mil milhões de kwanzas que entraram no país vizinho devido ao acordo monetário de 2015, foi hoje divulgado.

Fonte: Lusa

Com este pagamento, a dívida angolana à Namíbia, segundo o governador do banco central namibiano, Ipumbu Shiimi, citado na imprensa local, está agora nos 346,3 milhões de dólares (321,1 milhões de euros). Depois de em julho de 2015, ao fim de um mês, ter sido considerado pelo Banco Nacional de Angola (BNA) como em situação de "descontrolo", no lado namibiano, ao exceder largamente os montantes estipulados para aceitação reciproca da moeda de cada país (kwanzas e dólares namibianos), o acordo entre o BNA e BoN foi definitivamente suspenso em dezembro, ao fim de cinco meses.


Angola chegou a pedir cinco anos para recomprar todos os kwanzas no Banco da Namíbia. Numa informação divulgada pelo BoN, refere-se que a compra feita por Angola, juntamente com outras operações do banco central, contribuiu para aumentar as reservas líquidas internacionais daquele país para 25 mil milhões de dólares namibianos (1,7 mil milhões de euros), suficientes para 3,3 meses de importações.


A informação reporta à situação a 30 de novembro e resulta da última reunião do Comité de Política Monetária, que teve lugar a 06 de dezembro.


Angola deveria gastar 426,3 milhões de dólares (395,2 milhões de euros), em divisas, para recomprar ao BoN os 32 mil milhões de kwanzas (a moeda nacional angolana já desvalorizou num ano e meio cerca de 50%) que entraram naquele país vizinho nos cerca de cinco meses que durou um acordo monetário. Em 2015, numa altura de fortes restrições no acesso a divisas em Angola - que persistem devido à quebra na cotação do barril de crude no mercado internacional -, este acordo, que pretendia facilitar as trocas comercias entre as localidades Oshikango (Namíbia) e de Santa Clara (Angola), terá sido utilizado para a troca de elevadas quantidades de kwanzas por dólares namibianos. O resultado foi que desde o início da aplicação do acordo, a 18 de junho de 2015, e até ao início de dezembro, o banco central namibiano acumulou 32 mil milhões de kwanzas nos seus cofres, trocados nas casas de câmbio e bancos da fronteira com Angola.


As autoridades namibianas reclamam a recompra destes kwanzas, que não têm utilização naquele país, por ser uma moeda apenas aceite em Angola. Angola vive uma profunda crise financeira e económica decorrente da forte quebra da cotação internacional do barril de crude, que por sua vez fez diminuir a entrada de divisas no país, levando o BNA e os bancos comerciais a restringirem o seu acesso aos clientes, que fez disparar os preços e dificulta as importações, além da forte desvalorização do kwanza. As duas instituições anunciaram há um ano que um "novo mecanismo" para conversão de moeda seria iniciado a 21 de dezembro de 2015, centralizado no BNA e apenas disponível nos bancos comerciais angolanos. O BoN passou a emitir dólares namibianos para o BNA, o qual assumirá a gestão e disponibilização da moeda aos bancos comerciais e no posto transfronteiriço de Santa Clara (sul de Angola).


"Isto significa que não haverá nova troca de kwanzas na Namíbia", informaram na altura. No acordo inicial, cada cidadão residente cambial podia viajar para o país vizinho (e efetuar transações) com entre 150.000 kwanzas (840 euros, à taxa de câmbio atual) e 500.000 kwanzas (2.800 euros, à taxa de câmbio atual), entre menores e maiores de idade, respetivamente, quantias que só podiam ser trocadas nas casas de câmbio ou instituições bancárias das duas localidades. Dinheiro Digital com Lusa