Washington - A China não conseguiu hoje bloquear uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir a crise de direitos humanos na Coreia do Norte, apesar do apoio da Rússia e de mais três países.

Fonte: TSF

China, Angola, Egito, Rússia e Venezuela votaram contra a realização da reunião, mas nove países, entre os quais o Reino Unido, França e os Estados Unidos, votaram a favor, no Conselho de Segurança, composto por 15 membros. O Senegal absteve-se.

 

Pequim fracassou três vezes na tentativa de impedir a reunião que decorre anualmente no Conselho de Segurança desde que uma comissão de inquérito da ONU acusou Pyongyang, em 2014, de cometer atrocidades sem precedentes no mundo contemporâneo.

 

O embaixador chinês junto das Nações Unidas, Liu Jieyi, defendeu que o Conselho deveria centrar-se em ameaças globais à paz e à segurança, afirmando que a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte não devia ser considerada uma tal ameaça.

 

"O Conselho de Segurança não é um fórum para discutir questões de direitos humanos e menos ainda para a politização de questões de direitos humanos", argumentou.

 

Tal debate é "prejudicial, sem quaisquer benefícios", acrescentou, instando os membros do Conselho a "evitarem qualquer tipo de retórica ou ação que possa provocar ou conduzir a uma escalada de tensão".

 

A China, o único aliado e parceiro comercial de Pyongyang, há muito que sustenta que os esforços internacionais deveriam centrar-se vigorosamente em negociações para desnuclearizar a Coreia do Norte.

 

A embaixadora norte-americana, Samantha Power, ripostou dizendo que "desafia realmente a credulidade sugerir que a brutal governação praticada pelo regime norte-coreano não tem consequências na paz e segurança internacionais".

 

A comissão de inquérito da ONU encontrou provas inequívocas de tortura, execuções e fome na Coreia do Norte, onde entre 80.000 e 120.000 pessoas se encontram em campos prisionais.

 

A Assembleia-Geral tem encorajado o Conselho de Segurança a denunciar a Coreia do Norte ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para investigação de crimes de guerra, mas a China bloqueará provavelmente uma tal medida, com o seu poder de veto que detém, enquanto membro permanente do Conselho.

 

A reunião de hoje surge na sequência da adoção, na semana passada, de sanções mais severas contra a Coreia do Norte, entre as quais novas medidas para reduzir as exportações de carvão do Estado isolado à China, em resposta ao quinto e maior teste nuclear de Pyongyang.

 

A Coreia do Norte já foi alvo de seis pacotes de sanções da ONU desde que pela primeira vez testou um engenho nuclear, em 2006.