Cuando Cubango - O primeiro secretário do MPLA e administrador comunal da Jamba, Ancienito Marcolino Salende, está satisfeito com a adesão em massa da população, incluindo antigos militantes da UNITA. A constatação foi confirmada no dia 10 de Dezembro, data em que o MPLA completou 60 anos de existência.

Fonte: Club-k.net
A adesão em massa, não tem agradado, entretanto, aos partidários de Isaias Samakuva acoitados em Menongue, que nos últimos tempos procuram amputar a sua impopularidade, no antigo Quartel general de Jonas Savimbi, a actos inexistentes.

Reagindo a declarações do secretário do "galo negro" em Menongue, Júlio Kambongue, segundo o qual havia violência politica na Jamba, o administrador local disse que a Unita só fala da Jamba para enganar a opinião interna e internacional. “Na verdade a Unita não tem militantes na Jamba que possam preocupar o Mpla. Meia dúzia de indivíduos mantêm hasteada a Bandeira do Galo Negro na Jamba e convivem em harmonia com a maioria que já não se revê no partido de Isaias Samakuva”, disse Salende, para quem as declarações de Julio Kambongue numa publicação ilegal denominada "Jornal do Centro e Sul de Angola", datadas de 7 de Dezembro eram criminosas e insidiosas, não afastando a possibilidade de processar os seus mentores. “ Os jornais estão, nos termos da lei, registados por entidade própria que é o Conselho Nacional de Comunicação Social. Este pasquim não consta de registo algum, pelo que viola a Lei”.

Questionado se o governo tem intenções de apagar a Jamba do mapa de Angola, Salende foi peremptório em dizer que, “do mapa de Angola não se apaga nem um palmo de terra. A Constituição fala e defende a integridade territorial do país, logo a Jamba faz parte de Angola e da sua Historia”, enfatizou.

Adiantou, entretanto, que o Governo do Cuando Cubango vai transferir a população civil da Jamba, antigo Quartel General da Unita belicista, para uma zona habitável. “Toda a gente sabe que a Jamba foi criada em tempo de guerra e respondia a um propósito de guerra. Foram, na altura desrespeitados alguns factores como o ecológico, uma vez que, a localidade está exactamente dentro de uma reserva de caça. Houve sempre um conflito entre o homem e a fauna, coisa que uma administração civil não pode permitir. É por isso que a população civil vai ser alojada na orla do rio Cuando, onde a prática da agricultura é possível. O mesmo se fala da criação de gado que, na Jamba, se tornou impossível. A nova comuna terá a configuração de uma povoação e não a de uma base militar, até porque, para a escolha do novo sítio contamos também com o concurso dos responsáveis locais da Unita e das autoridades tradicionais”.

A mesma fonte fez saber que , entretanto, permanecerão na Jamba os efectivos das Forças Armadas Angolanas cujas actividades, disse, “ não agridem a reserva de caça nem o ambiente”.

Quanto ao reassentamento de milhares de mutilados de guerra que a Unita abandonou no território que dominou durante o conflito, Eduardo Kapuka, um deficiente de guerra afirmou que a deslocação foi há muito solicitada. “ Estávamos abandonados pela Unita nas matas de Mavinga. Nós lutamos ao lado das FALA e quando a paz chegou simplesmente deixaram-nos. Eles foram para Luanda e para outras cidades e nunca mais vieram ver os mutilados, homens e mulheres que se arrastam no chão” .

Enquanto isso, Celestino Kamota, ex-capitão das extintas FALA, também mutilado de guerra, afirmou que "Julio Kambongue não tem historia, nem poderes para falar em nome dos antigos combatentes do braço armado da Unita, pois não conhece a alma angolana, a alma dos homens e mulheres que perderam os seus membros por um ideal situado do lado contrario da Historia”.

Para Kamota “os nossos interlocutores falam connosco e conhecem as nossas frustrações e ansiedades. A nossa deslocação foi feita através dos meios que o governo dispõe e até carroças e chapas trouxemos. Kambongue e seus sequazes, rematou, esquecem-se que quando a Unita ocupou aquele território não usou autocarros”.

Sabe-se, contudo que, recentemente várias toneladas de bens diversos, como de primeira necessidade e roupa usada, foram entregues à população transferida de Mavinga para o denominado bairro 11 de Novembro- Kasela, em Menongue, entregues pelo governador do Cuando Cubango, Pedro Mutindi.

Em nome dos beneficiários, a cidadã Rosalina Tchavala, reconheceu, na altura, os esforços do governo, virados para o seu reassentamento condigno, sublinhando que, desta forma, será possível ser melhor assistidos e acompanhados, dada a proximidade da localidade com a sede capital, Menongue, onde também já são visíveis as melhorias do ponto de vista assistência especializada para os milhares de mutilados de guerra. Sabe-se também que infra-estruturas definitivas como estradas, pontes , escolas e hospitais estão a ser construídos no novo bairro 11 de Novembro em Kasela.