Luanda - Faleceu no passado dia 20 de Dezembro no hospital-prisão São Paulo o recluso António Cabundo Zamba. Para quem não conhece, trata-se do recluso que nos dias 27 e 28 de Novembro foi abandonado à sua sorte pelos agentes e serviços médicos do estabelecimento prisional do Kakila enquanto lançava bolas de sangue fruto da tuberculose que aí adquiriu, sendo apenas socorrido depois dos insistentes protestos dos outros reclusos que se mostraram indignados pela falta de humanismo e negaram dispor-se em formatura enquanto não resolvessem a situação vivida pelo então co-sofredor.

Fonte: Facebook

Face a essa atitude legítima dos reclusos, a direção do estabelecimento teve de intervir e foi assim que no dia 29 de Novembro, por volta das 14 horas, o mesmo foi transferido até ao Hospital Prisão São Paulo.


Chegado lá, a sua estadia foi marcada pelo abandono. António Cabundo Zamba faleceu ontem por volta das 7 horas após ter ficado 5 dias sem tomar os medicamentos de prevenção (segundo nos informou o seu irmão que esteve com ele na terça-feira passada), visto que desde a sua estadia nesse estabelecimento não lhe foi prestada, por parte do corpo clínico, a assistência medicamentosa adequada para se contrapor o seu problema de saúde, por alegadamente não terem as condições para fazer um raio x, essencial para terem uma real noção do diagnóstico completo e combater eficazmente a doença de que padecia o recluso.


Na verdade o abandono a que foi submetido, tanto no kakila como no hospital cadeia do são paulo foi a causa da morte desse recluso porque se houvesse pronta intervenção e interesse por parte do sistema de saúde prisional em socorrer o António não se chegaria a este ponto em que mais uma vida em deitada fora por incapacidade de assistência medicamentosa do nosso sistema prisional.


OBS:Até ao momento em que escrevia esse texto o irmão se debatia com o dilema de conseguir o boletim de óbito na conservatória, visto que os serviços prisionais deixaram muitos espaços em branco no atestado de óbito dificultando assim o processo..

 

Escrito por: Dago Nível Intelecto