Luanda - Existe na cultura hip-hop o hábito de se eleger os 5 MC’s preferidos, ou “Top Five”, - Chris Rock escreveu e actuou num filme sobre o tema. Trata-se de uma escolha pessoal, às vezes irracional ou não tão lógica dos nossos MC´s preferidos, porque talvez os outros não entendam porquê Rakim e não KRS1 ou porquê The Notorious BIG e não Jay Z, mas o facto é que cada MC marca-nos de forma distinta e essa distinção tem a ver com quem nós somos, com os nossos gostos ou preferências.

Fonte: Ongoma-news

2016 foi um ano difícil para os angolanos, de uma forma a que estávamos desacostumados. Com tantos problemas sociais, políticos e económicos, seria muito difícil considerar algo de positivo em 2016 (oiçam a música do MCK – “Te Odeio 2016”). Por isso mesmo o exercício de encontrar o lado positivo do ano é importante, quer para afastar a ideia de um ano completamente negativo, quer para ganharmos fôlego para o ano que se segue de um ponto de vista positivo.


Eu vou partilhar aqui o meu “Top Five” de eventos, experiências e aprendizados de 2016, composto por coisas muito pessoais, mais também acontecimentos sociais, que muito representam os cinco pontos mais altos do ano que finda. Mais uma vez, quero dizer é bastante pessoal, não é algo que possa ser discutido (a velha estória de gostos que não se discutem).


1º Em Julho nasceu a minha filha, a minha primogénita. Ser pai transforma a vida de qualquer pessoa, ainda mais quando se está preparado e se deseja esse ser que vem tão dependente e tão cheio de necessidades.


2º Em Agosto fiz, com um grupo de amigos fotógrafos, uma viagem às Grutas da Sassa, no Sumbe, Kwanza Sul. Foi a primeira vez em que acampei em toda a minha vida. O lugar é mágico para dizer o mínimo. Infelizmente, a falta de infra-estrutura, divulgação e investimento no turismo local, impedem que mais angolanos tenham acesso aos lugares maravilhosos do nosso país. Em 2017 espero explorar outros lugares.


3º Aconteceu em Novembro a terceira edição do Angola Restaurant Week, um evento que já se tornou num dos meus favoritos, e é oportunidade boa pra juntar amigos e familiares à volta de uma mesa de restaurante, frequentar restaurante aonde normalmente não vamos e celebrar a vida, a alegria e o amor pela gastronomia. Nosso grito de guerra nessas ocasiões é “a vida é curta p****”.


Escrevam os vossos “Top Five”, analisem os pontos positivos do vosso ano e elejam 5 ou 10 pontos altos dessa jornada em 2016. Dá alento, dá esperança, faz crer em nós, nas pessoas, no país.


4º Aconteceu no mês de Setembro, dentro da III Trienal de Luanda, o Festival Zwá. Foram cinco dias de música angolana, três palcos, mais de 20 artistas e bandas. Melhor ainda, shows grátis, embora pobremente divulgados. Gostei de ver o Toty, o Walter Ananás e o sempre intenso Ndaka Yo Wini. Quem priva comigo sabe que sou um amante das artes e cultura e sou um desses “junkies” dos eventos culturais.


5º Por último, experienciei mais uma vez que estar informado das leis que regem a nossa sociedade e as nossas actividades é fundamental para o nosso sucesso pessoal e profissional. Tive um problema no trabalho, com um superior hierárquico, e no meio de toda a raiva e conversas de corredor eu fiz duas coisas: consultei uma especialista na nova Lei Geral do Trabalho e contratei um advogado. Assim que se soube que eu estava informado dos meus direitos e pronto para a luta, o problema desvaneceu. Eu não sou estúpido de pensar que o problema se resolveu. Ele apenas deixou o campo de batalha, por agora.


Escrevam os vossos “Top Five”, analisem os pontos positivos do vosso ano e elejam 5 ou 10 pontos altos dessa jornada em 2016. Dá alento, dá esperança, faz crer em nós, nas pessoas, no país. Apesar de toda a desesperança actual, coisas boas permeiam os nossos dias, nós é que temos dificuldade em ver em meio a toda a dor e miséria humanas.