Luanda – Em véspera da celebração do dia da família 25 de Dezembro “Natal” os moradores das zonas 1, 2 e 3 do condomínio “Vida Pacífica” no distrito do Zango, município de Viana, em Luanda, deixaram de procurar pelo bacalhau, grau de bicos e vinho para a tradicional ceia de família e deambulam numa caça desenfreada a busca do precioso líquido.

Fonte: Club-k.net
“Estou a sair da Vila de Viana na casa de uma colega de trabalho em busca alguns bidões de água como o senhor jornalista vê, desta forma não temos moral para prestar atenção a ceia, sem água não é possível ter comida à mesa”, disse com fadiga no rosto, uma das caçadoras da água potável e residente no prédio 1, bloco II da zona 3 do referido condomínio a quem reservamos anonimato.

A seca naquelas torneiras está a fazer ninho, é visível um vaivém dos moradores com bidões de 25 litros pendurados para garantir água nas suas reservas, quando sabe-se que, no dia 25 tudo fica parado.

A vida tornou-se turbulenta para os angolanos que acorreram aquela centralidade em busca da vida pacífica. No quadro do seu balanço, a carência frequente da água oferece uma queda percentual no seu grau. Um dilema que já arrasta-se desde os meses de Setembro há Outubro da segunda quinzena de Novembro do ano de 2016, quando um sistema hidráulico que bombeia a água nos edifícios, registou uma grande avaria tendo provocado uma seca quase sem precedentes, foi visível, um desespero aos moradores, que descobriram a existência dos amigos da cupapata e as cisternas que socorreram aquela zona de Luanda adjacente ao rio kwanza sem fazer face a qualidade do líquido que se foi consumindo durante os dias.

Fruto de um esforço conjunto entre moradores dos diferentes blocos, conseguiu-se minorar a avaria que custou uma soma avultada nos bolsos dos moradores, segundo nossa fonte, os custos pela recuperação do sistema orçou quase um milhão de dólares americanos.

Como se de uma praga se tratasse, o liquido veio à faltar memoravelmente quando faltam pouco menos de 4 dias para a celebração do nascimento do menino Jesus, a pressão dos moradores subiu consideravelmente no dia 24 quando as torneiras continuavam secas e sem previsão de receberem o liquido “Já estamos há mais de três (3) dias sem água nas torneiras, o que está transformar a nossa vida num total inferno” rematou, “agora temos que percorrer outros bairros com bidons a procura de água”, acrescentou.

DOMINGOS PACIÊNCIA DESMARCA-SE DAS SUAS RESPONSABILIDADES

O porta-voz da EPAL, Domingos Paciência, parece estar ocupadíssimo com os preparativos para ceia e não quer saber do seu exercício que na maioria das vezes tem o feito com zelo e de forma pronta, de modo a acalmar os ânimos dos mais carenciados, deixando assim, os coordenadores dos blocos sem informações a dar os moradores quando lhes são interpelados, facto que aumenta ainda mais a pressão.

“Tão logo tomamos conhecimento sobre a falta de água, contactamos a EPAL, na pessoa do seu Porta-voz, que informou-nos ter sido identificado a avaria e estaria resolvido num período de 48 horas, infelizmente são passados mais de 62 horas que as torneiras não recebem água. Preocupados com a inoperância e o silêncio da parte deste, resolvemos contacta-lo por telefone, este em breves palavras mandou-nos esperar que ligarei de volta, passados mais de 30 minutos, voltamos a estabelecer ligações que de princípio chamou e não atendeu, na terceira tentativa o móvel deixou de chamar, e ficamos sem saída”.

Disse um dos coordenares de um dos blocos contactado pela nossa reportagem, informação que veio a ser confirmada quando tentamos estabelecer contacto telefónico com o Domingos Paciência.

MORADORES ABANDONAM SUAS RESIDÊNCIAS

Como soe dizer-se viver bem tem custos altos, também seus contornos são muito apercentuados, alguns moradores agastados com a situação, vêem-se obrigados a deixar suas residências para buscar vida com paz nas casas dos parentes em zonas cuja realidade difere a da deles.

Uma das quais é Margarita, antiga moradora do bairro Neves Bendinha, actual inclina da Imogestim há já um ano, “ com a constante falta de água, não encontro solução senão recorrer à casa das minhas primeiras até que a situação seja restabelecida a normalidade”, mãe de 3 filhos, disse não ter como buscar sempre água em locais distantes e com agravante subir as escadas quando a energia elétrica também faz das suas. Para prevenir, viu-se obrigada a voltar ao bairro Popular.