Discurso referente aos cumprimentos de fim do ano 2016
Excelentíssimo Sr Joaquim Sapondo, Secretário Provincial para Organização do nosso Partido
Digníssima Sra. Cristina Nené Samuel, Coordenadora Provincial da LIMA
Distinto Sr Evariso Manuel Chipema, Secretário Provincial da JURA
Respeitáveis Convidados
Minhas senhoras e meus senhores

Estando no fim o ano 2016, vimo-nos obrigados a estar diante de vós para de um lado balancearmos o ano que ora termina e do outro falarmos um pouco da nossa grandiosa província do Cuando Cubango em várias vertentes, desde a social, económica e política.

Entretanto antes de entrarmos em profundidade desta nossa comunicação hoje, quero de uma forma fraterna e cordial apresentar os meus cumprimentos a todos aqui presentes, esperando que o Natal tenha corrido bem e que as festividades do ano novo não fujam a regra, observando sempre o respeito pelos outros na base da boa convivência e exemplar exercício da cidadania.

Quanto ao ano de 2016 foi um ano que marcou os angolanos profundamente por causa de vários fenómenos que assolaram a sociedade angolana em geral e a sociedade do Cuando Cubango em particular com maior destaque a crise económica - financeira derivada da má gestão dos fundos públicos por parte do Partido que nos Governa actualmente.

Ainda este mesmo ano marca-me pessoal e satisfatoriamente pelo facto de ser o ano em que nos juntamos a vós na qualidade de Secretário Provincial da nossa grande UNITA aqui no Cuando Cubango, facto este que leva-nos a reflectir de onde viemos, como estamos hoje e para onde vamos; assim sendo importa referir que neste capítulo tenho muito a agradecer a hospitalidade a que me proporcionaram e claramente também a colaboração, entrega, companheirismo, camaradagem e espírito de missão que tem caracterizado todos os quadros da Província e dos demais Municípios com as suas respectivas comunas, povoações e aldeias por onde passamos.

Outrossim, ainda neste mesmo ano, podemos verificar com muita tristeza a situação social que caracteriza a nossa Província que se pode descrever lastimável e até certo ponto catastrófica porque agudizaram-se os problemas sociais que passam pela débil situação sanitária na nossa Província onde os hospitais transformaram-se em meras instituições decorativas onde os pacientes que buscam os serviços daquelas instituições saiem de lá completamente desesperados porque não conseguem assistência medicamentosa ante o olhar impávido e impotente dos médicos e outros profissionais da saúde, situação esta que deixa o nosso sistema de saúde mais doente que os próprios doentes (passe a redundância).

O sistema da educação não foge a regra porque, segundo relatos das populações e de certa forma confirmados pelas autoridades governamentais nos seus variados pronunciamentos públicos, a todos níveis nos demonstram o quanto elevados são os números de crianças fora do sistema de ensino, facto este que nos preocupa sobremaneira porque em nosso entender só uma sociedade educada e instruída pode garantir o bem estar e o desenvolvimento da mesma. Entretanto para lá da falta de escolas em alguns casos, em outros onde elas existam a qualidade de ensino deixa muito a desejar porque hoje em dia verificamos que alunos que se dizem terminar o ensino médio nem escrever em condições conseguem e isso só por si é um indicador claro de que o ensino de base e secundário não tem sido exigente o suficiente para que se melhore a qualidade de ensino; dissemos isso porque entendemos que o problema só se ultrapassará quando tivemos qualidade garantida nestes níveis a que nos referimos.

Ainda na senda da educação, entendemos que é preciso garantir aos professores um salário digno do seu papel e sobretudo para o nosso caso observar com rigor a adjudicação dos subsídios de risco e de isolamento por causa dos professores espalhados pelas aldeias a dentro, onde não há condições atractivas para o desempenho do papel de professor que passam por residências condignas para os professores, fácil mobilidade e alcance da áreas de difícil acesso, isso só para citar alguns exemplos, porque o que se verifica na pratica, com a ausência destas mínimas condições os professores não encontram motivação suficiente para o exercício da sua profissão e ficam pouco tempo nestas áreas de difícil acesso, acabando dando aulas dois a três dias por semana prejudicando desta forma as crianças na sua formação qualitativa.

No que tange ao fornecimento e distribuição de energia eléctrica e água, a nossa província também encontra-se num estado preocupante a medida em que esses bens de primeira necessidade não estão garantidos nem na plenitude para os que têm tal privilégio de se beneficiarem do mesmo, como também nem todos cidadãos estão abrangidos.

Por exemplo a nível de Menongue, temos bairros como o Paz, 4 de Abril, São Paulo, São José entre outros, que não têm água potável nem energia eléctrica garantidas aos cidadãos, o que denota algum índice de discriminação, que é proibida inclusive por lei, a medida em que, perante a lei somos todos iguais e a constituição da República de Angola nos dá garantias de tratamento igual sem qualquer tipo de discriminação.

Citei aqui como exemplo a cidade de Menongue, mas este problema é extensivo a todos outros Municípios da nossa Província, já que, o âmbito da sua debilidade é estrutural e os grupos geradores existentes não garantem resposta eficiente a procura, facto este que obriga aos cidadãos a recorrerem aos geradores individuais que muitas vezes acabam provocando acidentes graves aos mesmos que verdade seja dita nem todos estão tecnicamente preparados para manusearem os respectivos geradores no caso da energia eléctrica, mas também ouvimos relatos recorrentes de perdas de vidas provocadas por afogamentos em cacimbas, uma outra forma alternativa encontrada pelos cidadãos na busca de terem água por perto das residências.

No quadro da segurança dos cidadãos e prevenção da criminalidade, importa referenciarmos aqui o brilhante trabalho que tem sido desencadeado pela Polícia Nacional no seu dia-a-dia a nível da nossa Província, facto este que ficou uma vez mais espelhado durante a quadra festiva e avaliado por todos os cidadãos atentos no balanço operativo apresentado aos órgãos de Comunicação Social pelo Porta Voz do Comando Provincial da Polícia Nacional aqui na nossa Província.

No quadro económico, a situação da nossa província é caracterizada como preocupante à medida que, os efeitos da tão propalada crise económica - financeira fazem-se sentir de forma profunda nas populações, causando desta forma a escassez dos bens da cesta básica, elevando a taxa de desemprego muito mais reinante na juventude, podendo também assistir aos atrasos salariais constantes para os poucos habitantes que auferem algum salário, tendo como base os dados do Censo 2014, que apontam para 534.002 habitantes que a nossa província tem e a população empregada deste universo de cidadãos.

Ainda no quadro da economia temos estado a assistir nos últimos tempos mais concretamente desde Junho do ano em curso um movimento que consideramos violento no abate das árvores, e que se diga sem a respectiva reposição, para fins exploratórios de madeira aqui na nossa província.

Este movimento preocupa-nos porque primeiro, pela dimensão, com certeza que é atentatória contra o meio ambiente e aqui queremos apelar para os prejuízos que este abate de árvores pode criar a médio prazo ao meio ambiente, proporcionando desta feita condições nocivas a saúde pública. Porém não obstante esta actividade ter ganho proporções alarmantes, não se faz sentir em nada o retorno para benefício dos cidadãos do Cuando Cubango o que é deveras preocupante.

Reconhecemos desde já as potencialidades de recursos que a província do Cuando Cubango tem, desde o domínio florestal, hídrico, mineral, da fauna e o recurso mais importante que é o humano; mas isso não nos pode distrair nem nos acomodar como se tais recursos fossem vitalícios. Para todos eles precisamos ter o cuidado na preservação dos mesmos e no bem-estar das futuras gerações.

Continuando no quadro económico, verificamos até aqui embora de forma tímida o abate dos elefantes e rinocerontes na nossa província para fins comerciais e, esta actividade é também prejudicial a nossa fauna a ponto de ter já um enquadramento legal-criminal então, apelamos aos órgãos competentes para que se tomem medidas atinentes a evitar estas práticas.

No domínio político, o ano de 2016 caracterizou-se na nossa província como muito preocupante por não se observar rigorosamente o respeito pelas diferenças, o espírito da reconciliação nacional, a preservação da paz e o exercício livre da cidadania.

Houve muitos actos de intolerância política praticados por partidários bem identificados cuja impunidade tem sido o seu único destino o que mina claramente o ambiente político que se avizinha mais exigente e dinâmico dadas eleições que teremos no próximo ano. Daí que precisamos de todas as forças vivas do país representadas na nossa província a capacidade dialogante e de tolerância bem patentes no seu dia-a-dia para nos proporcionar um ambiente sadio e democrático apropriados a luz da Constituição da República de Angola.

Também podemos observar neste ano de 2016 o arranque do processo de actualização do registo eleitoral numa primeira fase e por conseguinte o registo de novos eleitores que tenham adquirido capacidade eleitoral através da maioridade, facto este que nos deixou satisfeitos já que reflete o cumprimento de um preceito constitucional que é a garantia cíclica e regular da realização de eleições gerais no nosso país.

Entretanto neste mesmo processo podemos verificar várias irregularidades que fomos pontualmente denunciando aos órgãos competentes para que tenhamos uma garantia de lisura do mesmo até porque pelas referencias anteriores seria bom não repetirem-se os mesmos erros.

Os angolanos, para 2017 estão esperançosos em ter um resultado eleitoral que reflita a vontade do soberano povo e que afaste todas as tendências fraudulentas como as do passado. Para isso é preciso que haja responsabilidade, honestidade e sentido de estado dos órgãos que estão a conduzir este processo para que no final saia Angola a ganhar. O tempo das artimanhas para a manutenção do poder a todo custo acabou.

Os angolanos querem mudança e os partidos políticos concorrentes façam valer os seus argumentos para convencer o eleitorado e a UNITA está engajada aqui no Cuando Cubango em particular e no País a dentro em geral para que efective a vontade dos angolanos de proporcionar a tão almejada mudança; uma mudança responsável, inclusiva, sem ressentimentos, cujo foco principal são os angolanos.

Para terminar, quero a partir deste palanque apelar a todos cidadãos angolanos que ainda não fizeram o seu registo eleitoral, a fazerem-no porque, para 2017 todos somos parte da solução.

Muito obrigado!