Luanda - A não realização do espectáculo de pirotecnia na Marginal de Luanda defraudou as expectativas de milhares de populares, numa noite em que o mussuque desceu à cidade para assistir ao nascimento do Novo Ano.

Fonte: Facebook

Até à data não foi ainda avançada nenhuma informação oficial sobre as razões que estiveram na origem da não realização do evento, o que tem estado a alimentar algumas polémicas e especulações.


Em meio às críticas dirigidas ao Executivo, houve quem tivesse, defendido que a não realização do evento ficou a dever-se à austeridade por parte do Governo Provincial de Luanda (GPL), de forma a fazer face à grave crise económico-financeira que assola o país. Se, de facto, foi esta a intenção, não custava nada dar-se a conhecer aos munícipes acerca da incapacidade financeira deste órgão em levar a cabo tal empreitada.


Em minha opinião, apesar da situação difícil que o país mergulhou, a realização de um espectáculo do género, algo que acontece UMA VEZ POR ANO - não levaria os cofres do Estado à bancarrota, a ponto do Executivo sentir-se na contingência de contrair novos empréstimos ou, num dos cenários mais dramáticos, estender a mão à caridade alheia...

 

Admitindo que a AUSTERIDADE esteve na base da não realização do evento, parece-me existir aqui uma INVERSÃO de PRIORIDADES, já que estariam a ser privilegiadas questões ACESSÓRIAS em detrimento das PRINCIPAIS.


É quase irrelevante nesta fase dificíl do «campeonato» que o Estado/Executivo esteja mais preocupado em poupar uma «ninharia» com a não realização de um evento de pirotecnia, quando, há vários, anos vem adiando de forma injustificada o emagrecimento do gorduroso tecido governativo que comporta MAIS de TRÊS DEZENAS de MINISTROS, cerca de MEIA CENTENA de SECRETÁRIOS DE ESTADO, assim como MAIS de SETE DEZENAS DE VICE-GOVERNADORES PROVINCIAIS!


É imoral que se continue a pedir mais sacrifícios à populaça – que está à beira de comer as fivelas de tanto apertar os cintos – quando o Estado gasta DIARIAMENTE rios de dinheiro com a manutenção no exterior do país de cerca de QUATRO DEZENAS de EMBAIXADAS, uns tantos CONSULADOS, assim como um número bem nutrido de diplomatas, funcionários consulares, adidos e arredores!


É inconcebível que o OGE continue a financiar algumas organizações ditas de UTILIDADE PÚBLICA, como o Movimento Nacional Espontâneo (MNE), AMANGOLA, FESA, FUNDO LWINI Organizações KABUSCORP e AJAPRAZ (algumas das quais têm-se notabilizado em xinguilamentos políticos de enaltecimento da figura do Presidente JES) quando o país sobrevive à míngua de divisas para a importação de alimentos e medicamentos!


É imperioso que o Executivo faça uma contenção das despesas públicas, sem que sejam descurados ou subalternizados os grandes vazadouros de dinheiros públicos, sob pena das tão propaladas medidas de AUSTERIDADE não passarem de meros exercícios de FOGO-DE-ARTIFÍCIO, de tonalidades alocromáticas.