Luanda - Quatro candidatos a professor foram detidos nesta quinta-feira, 5, defronte ao palácio do Governador de Benguela, na sequência de protestos contra indícios de fraude na admissão de quadros para o sector da Educação.

*João Marcos
Fonte: VOA

Os jovens faziam parte de um grupo de cerca de 50 candidatos que preparavam uma carta para o governador provincial Isaac dos Anjos.


As detenções aconteceram no segundo dia de protestos que envolvem pelo menos 800 candidatos, já com contratos assinados, após terem obtido resultados positivos.


Quem escapou, como é o caso de um jovem que contactou a VOA, conta que agentes da Polícia procuravam afastar da Praia Morena os vários revoltados.


"Deram-nos dois minutos para que saíssemos da Praia Morena, ao lado da feira, no palácio, não tínhamos outra saída. Quatro colegas foram levados para o Comando da Polícia. Estávamos a reivindicar os nossos direitos, preparando uma carta para o Sr. governador, mas vimos que a polícia estava contra nós’’, conta a fonte.


O porta-voz do Comando da Polícia, Pinto Caimbambo, refutou a expressão detidos, optando por falar em jovens recolhidos e colocados em suas casas.


A província de Benguela esperava admitir 1.742 professores, quando as necessidades do ensino geral apontam para mais de cinco mil, mas as metas iniciais foram reduzidas para metade devido a limitações financeiras.


Os sacrificados saíram às ruas, ontem, para dar a conhecer a existência de uma lista final que contempla indivíduos que nem sequer foram submetidos a exames.


Os valores, segundo depoimentos, também ajudam a perceber os sinais de fraude.


"As notas são faltas. A lista tem pessoas que não fizeram exame de admissão. Quem teve nota máxima, como é o meu caso, foi substituído por pessoas com oito valores. Há notas que estão a ser aumentadas estupidamente’’, denunciam.


A lista da discórdia, sabe a VOA, foi caucionada pelo governador provincial, o mesmo que na ponta final de 2016 falou de fantasmas na administração pública.


"Concluímos o cadastro dos funcionários públicos e vemos que temos mais de 37 mil efectivos e quanto mil excedentários ou com duplo vínculo’’, salientou o governante.


O concurso de admissão no sector da Educação teve como júri o director da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Jorge Dambi, com quam a VOA não conseguiu falar.