Zaire - Pude acompanhar por via da TPA às declarações do ex-militante da Unita o Sr. João Culolo que aderiu ao MPLA. As declarações do mesmo provocou vários debates, quer nas redes sociais e em outros meios e pude em função dos debates tipificar dois grupos: os prós e os contras. Os prós olham para estas declarações e as acham normais pois o mesmo fez uso da liberdade de expressão e os contras olham para as declarações e quase chegam a vomitar.... É de recordar que o ex-maninho trabalhou incansavelmente por quase três décadas na UNITA. E em função do debate em torno desta renúncia pude descobrir um conceito que merecerá um tratamento um pouco mais frente que é: "mercado de transferência política".

Fonte: Club-k.net

A militância numa determinada formação política ou organização política é de livre vontade de um indivíduo, quer dizer, ninguém deve ser coagido a aderir numa organização política. Mas o militante pode renunciar a sua militância num partido, e está atitude se enquadra nas questões que têm a ver com as liberdades e a própria lei dos partidos políticos diz que se pode deixar de fazer parte de um partido politico por meio de uma renúncia. E não é errado ao se fazer esta renúncia se avançar as motivações pelas quais levam a renuncia, e quando se chega neste ponto onde quem faz a renúncia deve ou pode argumentar apresentando as motivações que o levam a deixar de fazer parte do partido político na qual militava, nesta parte ou neste ponto é onde cria mais dissabores... algo que não deveria acontecer pois a renúncia de um militante num determinado partido politico ou organização politica é um acto democrático.

 

A História sendo uma ciência que se encarrega de olhar para o retrovisor e permite se que perceba melhor a realidade passada e a actual, então faço uso dela para viajar no passado e ao fazer uso dela, ela leva-me até em 15 de Julho de 1964 numa cimeira da OUA no Cairo em Egipto, e vejo um jovem, ministro dos negócios estrangeiros da GRAE (Governo da República de Angola no exílio) que tivera ido naquela cimeira para falar sobre a luta que o movimento na qual militava fazia, com o objectivo de angariar mais apoios para está causa, que se resumia na libertação do Angolano no jugo colonial, mas o mesmo usa esta cimeira para anunciar o seu rompimento ou a sua renúncia ao movimento na qual militava e chega a esmagar através das declarações o movimento que ele fazia parte acusando-a de ser tribal... mas depois, avanço ate em 1966 e vejo o mesmo jovem criando o seu movimento, mas deixa-me espantado pois ele cria este movimento baseando-se no nacionalismo étnico... afinal de contas de quem se trata? Se trata do Dr. Jonas Malheiro Savimbi a quando da sua renúncia na FNLA. Ele ao renunciar teve que argumentar para apresentar as causas que o levavam a se desmembrar da FNLA e o fez publicamente, porque o Culolo não o pode fazer?


O Dr. Abel Chivukuvuku quando renuncia a sua militância na UNITA também teve que argumentar para apresentar as motivações que o levavam a deixar a UNITA e seguir um outro rumo, e o fez publicamente, porque o Culolo não o pode fazer?

 

O Mbuta Muntu Mendes de Carvalho (Almirante Miau) que renunciou o MPLA teve que argumentar e em programas televisivos onde o mesmo é convidado ele tem avançado as causas que o levaram a renunciar, porque o culolo não o pode fazer?

 

Em função do debate que se criou em função da renúncia do Sr. Culolo e de outros casos chego a seguinte conclusão: "Quando se fala mal da Unita se é traidor se é antidemocrático, mas quando se fala mal do MPLA se é revú e se democrático". E hoje muitos que andam por aí se intitulando de revús pensam que ser revú é ofender de torta a direita os outros e ser violento no lar... E está atitude é errada, pois pensam que se é democrático quando se ofende a honra e a dignidade dos outros, mas o que o Sr. Culolo fez foi simplesmente apresentar as razões que lhe levaram a deixar a UNITA e está atitude se enquadra no direito que cada um de nós tem. Logo não existe razão nenhuma para tanto alarido, se uns se acham, que são "os campeões de democracia" então devem obedecer literalmente a democracia...

 

Sobre a questão de "mercado de transferência de política" penso que esta designação que alguns usam para caracterizar a renúncia de Sr. Culolo, não se enquadra no acto que o Sr. Culolo fez. Enfim, não basta dizer que se é democrático, mas se deve ser.