Luanda - Bruno Amado, de 38 anos, tem estado a dormir sentado devido às fortes dores, depois de ter sido pontapeado na cabeça e por todo o corpo, durante cerca de 15 minutos, por cinco membros da escolta identificada como sendo do presidente do Tribunal Constitucional, Rui Ferreira, ao meio-dia de 30 de Dezembro.

Fonte: Club-k.net

Segundo depoimentos recolhidos no local, o magistrado não se encontrava na comitiva.


Tudo começou na ponte molhada do Bairro Benfica. Bruno Amado é motorista de um carro de valores do Banco de Poupança e Crédito, que transportava dinheiro para a agência situada no Lar do Patriota. Ao notar uma abertura no trânsito, pela passagem de uma comitiva de três viaturas e um batedor da Polícia de Trânsito, o motorista aproveitou a oportunidade e seguiu pela via aberta.


Uma viatura da Polícia Nacional, um Toyota Land-Cruiser de caixa aberta, com a matrícula LD-88-55-FK,com seis agentes da Unidade Anti-Terror, comandados por José Pascoal, escoltavam a viatura blindada conduzida por Bruno Amado.


A pouco mais de 500 metros da ponte, a comitiva , composta por dois Toyotas Land-Cruiser e um Range-Rover, parou. “O primeiro carro tentou bloquear-me a passagem. Eu desviei e ultrapassei a comitiva parada. O agente de trânsito (o batedor de motorizada) seguiu-me e fez-me um sinal.”


Segundo Bruno Amado, por transportar valores, decidiu não parar a viatura e continuou até ao banco, a poucos minutos de distância.


O motorista estacionou o carro de valores frente ao banco. Ao descer da viatura viu o agente do trânsito à sua frente que imediatamente, segundo Bruno Amado, o informou: “vais ver quem manda nesta merda.”


“Chamou os seus colegas da escolta, via rádio, e, passados três minutos apareceram num dos Toyota Land-Cruiser preto e de vidros fumados, com a matrícula LD-14-02-FJ. Pararam frente ao banco e da viatura desceram cinco agentes de fato e gravata”, explica Bruno Amado.


“Um deles deu-me logo uma cabeçada, mal saiu do carro. Tentei correr e deram-me uma rasteira. O outro acertou-me com uma coronhada de AK-47 na cabeça e começaram a pontapear-me”


“A escolta da Unidade Anti-Terror que supostamente deveria proteger o carro-forte e a mim, nada fez. Limitaram-se a assistir a pancadaria. Os meus colegas do banco, o povo [transeuntes e clientes do banco] também não acudiram”, conta a vítima.


Segundo Bruno Amado, após os agressores o terem deixado a sangrar no chão, ligou para a sua chefia. Foi aconselhado, apesar do estado em que se encontrava, a conduzir a viatura até à próxima agência bancária, na Via Expresso, para ali entregar os valores e cumpriu com as novas ordens.


Depois de ter sido assistido numa clínica privada, no dia seguinte apresentou queixa contra os agressores na 1ª Esquadra da Polícia Nacional. Passou o primeiro dia do ano na mesma clínica, em tratamento, e no dia seguinte dirigiu-se ao Laboratório Central de Criminalística para a análise do corpo de delito.


Entretanto, fontes policiais garantiram ao Club-K que dois dos agressores, que se encontravam sob custódia da polícia já foram libertados.


Durante vários dias, o incidente foi mantido longe da imprensa porque, segundo familiares da vítima, acreditava-se que as autoridades fariam justiça. O temor da impunidade leva-os agora a denunciar publicamente o sucedido.