Luanda - O economista Manuel Alves da Rocha disse hoje, numa conferência em Lisboa, que em Angola "há bancos comerciais públicos em situação de pré-falência" e que "a situação presente é de enormes dificuldade para o futuro".

Fonte: Lusa

"O sistema bancário angolano atravessa uma situação muito complicada, há bancos que não cumprem determinadas regras internacionais, há bancos comerciais públicos em situação de pré-falência e o próprio governador do Banco Nacional de Angola anunciou que a possibilidade de alguns bancos poderem falir", disse Alves da Rocha, durante uma apresentação feita hoje em Lisboa.


Na intervenção, inserida no ciclo de conferências 'África Lusófona, uma visão prospetiva', organizada pela AIP, o diretor do CEIC -- Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola lembrou que "o sistema financeiro é fundamental para que as economias funcionem, para haver empréstimos, crédito, investimento".

 

Esta crise bancária, argumentou, "deriva do preço do petróleo, uma vez que a banca comercial em Angola funcionava muito à base de troca de divisas, do comércio cambial, não havendo ainda no sistema financeiro a estruturação de uma economia virada para o crédito aos setores produtivos".


As dificuldades que Angola enfrenta, disse, têm consequências graves para o futuro: "A situação presente é de enormes dificuldades para o futuro, porque sem operações estruturais significativas não vamos conseguir retomar as novas condições para a economia ter uma dinâmica de crescimento razoável".


Neste contexto, continuou, "há duas reformas fundamentais e que têm sido sucessivamente adiadas por falta de vontade política: a diversificação da economia e a reforma do Estado".


"O petróleo valeu 400 milhões de dólares por ano e as receitas foram sensivelmente metade deste ano, mas diminuiu consideravelmente e agora não temos dinheiro para financiar a diversificação da economia", disse o economista.


"A diversificação faz-se com investimento direto estrangeiro, mas não estamos a ver que as condições de Angola sejam suficientemente atrativas para termos investidores estrangeiros a colaborar com Angola na diversificação da economia", concluiu.