Luanda - A UNITA acusa o partido no poder, o MPLA, de estar a mobilizar em Cabinda cidadãos congoleses para se inscreverem ilegalmente para o registo eleitoral, obtendo também a nacionalidade angolana.

Fonte: Lusa

A posição foi assumida pelo secretário provincial da UNITA em Cabinda, Estêvão Neto, durante uma reunião do partido em que o principal visado foi o MPLA.


“Começaram a atribuir aos cidadãos congoleses bilhetes de identificação e cartões de eleitores para votarem em Agosto. Muitos congoleses estão alegres porque estão a conseguir com facilidade a nacionalidade angolana por meio de recrutamento na praça de São Pedro e nas ruas”, criticou Estêvão Neto, na declaração divulgada pelo partido, o maior da oposição.


Com o actual processo de registo é possível o registo eleitoral de um cidadão mesmo sem identificação, desde que atestada a sua nacionalidade por outros dois angolanos.


O registo eleitoral arrancou no mês de Agosto e prolonga-se, já na segunda fase desde o início deste ano, até Março próximo.


“A UNITA está a alertar que não vai aceitar qualquer resultado fraudulento. Já suportámos em 1992, 2008 e em 2012. Desta vez, não queremos cenas que provoquem instabilidade política”, apontou o secretário provincial do partido do “galo negro”.


As próximas eleições gerais estão previstas para Agosto, mas ainda não foram oficialmente convocadas pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos.


“Na administração de Cabinda, às madrugadas, tem-se notado a entrada de pessoas ligadas ao Registo Eleitoral, depois de brigadistas terminarem o seu trabalho. Claro, o processo é controlado por eles, e a qualquer hora podem entrar no interior para adulterar os dados eleitorais”, denunciou igualmente o dirigente máximo da UNITA naquele exclave.


“A UNITA não está a dormir. Existem equipas de vigilantes durante as noites nos arredores das Administrações Municipais. Se essas pessoas insistirem, serão surpresas em flagrante delito”, advertiu ainda Estêvão Neto.


O processo de registo eleitoral no país está a ser conduzido pelo Ministério da Administração do Território, perante as críticas da oposição, que afirma dever ser uma tarefa da Comissão Nacional Eleitoral.


Apesar de ser a província que garante a maior fatia das exportações de petróleo, o líder regional da UNITA afirma que Cabinda está votada ao abandono: “Tudo o que existe, em termos de infraestruturas, quase foi o colono que deixou”.