Luanda - A Economist Intelligence Unit (EIU) reviu em baixa a previsão de crescimento de Angola, para 2,5% este ano, acelerando para 3,5% em 2018, "principalmente devido a diferentes assunções sobre o preço do petróleo".

Fonte: Lusa

"O crescimento deve recuperar entre 2017 e 2021, depois de registar uma expansão estimada em apenas 0,6% em 2016", diz a unidade de análise económica da revista britânica The Economist.

 

"À medida que os preços do petróleo recuperam, uma expansão ligeiramente mais sólida no consumo privado e na despesa pública deve fazer o crescimento subir para 2,5% em 2017", principalmente devido a diferentes assunções sobre o preço do petróleo", diz o mais recente relatório sobre Angola, enviado hoje aos investidores, e a que a Lusa teve acesso.

 

No documento, que revê em baixa a expansão económica prevista para Angola este ano, de 3% para 2,5%, os analistas económicos da revista britânica admitem que a subida no crescimento económico angolano "pode ainda ser mais substancial se o acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo em setembro de 2016 que limita a produção levar a um aumento maior nos preços do petróleo".

 

Apesar da previsão de subida de 3,5% no PIB de Angola no próximo ano, a EIU avisa que os travões à produção de petróleo não deverão ter muito efeito para além de 2018, e por isso antecipam um retrocesso para níveis de crescimento médios de 2,7% entre 2019 e 2021.

 

Este retrocesso é motivado "por aumentos de produção locais mais moderados, enquadrados no abrandamento económico chinês, que deverá afetar os mercados locais e levar a uma renovada moderação dos preços do petróleo em 2019".

 

O petróleo é a principal matéria-prima exportada por Angola, valendo mais de 95% das vendas ao exterior, e representa mais de metade das receitas fiscais.

 

A forte dependência do petróleo para o equilíbrio das contas públicas angolanas levou a que a descida do preço, a partir de meados de 2014, atirasse o país para uma crise orçamental, financeira e económica.

 

De acordo com dados compilados pela Lusa esta semana, a exportação de petróleo rendeu a Angola 7.400 milhões de euros em receitas fiscais durante o ano de 2016, ficando a mais de 1.280 milhões de euros da meta definida pelo Governo.

 

De acordo com um relatório do Ministério das Finanças, Angola exportou 631.652.098 barris de crude em 2016, abaixo da meta de 654,6 milhões de barris que o Governo inscreveu no Orçamento Geral do Estado (OGE), revisto em setembro precisamente devido à quebra na cotação do petróleo.

 

Estas vendas renderam ao Estado mais de 1,308 biliões de kwanzas (7.418 milhões de euros), quando o OGE para 2016 previa um encaixe de 1,535 biliões de kwanzas (8.700 milhões de euros).

 

O resultado é um buraco, nas receitas do Estado em 2016, face ao orçamentado em setembro, superior a 1.280 milhões de euros.

 

Na revisão do OGE de 2016, o Governo desceu a previsão do valor médio de cada barril exportado de 45 para 41 dólares, cortando igualmente 35 milhões de barris à produção estimada no início do ano.