Benguela - As autoridades governativas de Benguela realizaram em 2016, o concurso público no sector da Educação com mais de 1.742 (Mil e Setecentos e Quarenta e Duas) vagas, sendo que 295 (Duzentas e Noventa e Cinco) para trabalhadores administrativos e 1447.000 (Mil e Quatrocentos e Quarenta e Sete) para o professorado, priorizando os candidatos apurados em 2014.
Fonte: Club-k.net
Foi então, que Isaac Maria dos Anjos, governador de Benguela nomeou o corpo de júri, tendo como coordenador Jorge Dambi, Director Provincial da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social de Benguela.
Assim, que foram cumpridas todas as formalidades. No entanto, o prato quente entornou com a publicação da lista final.
Segundo os candidatos excluídos houve injustiça, porquanto apesar de terem assinado o contrato de trabalho, expectantes aguardavam as guias de marcha foram surpreendidos com uma nova lista definitiva dos apurados.
Ouviu-se um barulho ensurdecedor por várias artérias da cidade das Acácias com detenções arbitrárias, inclusive uma manifestação não autorizada no edifício da Direcção Provincial da Educação, Ciência e Tecnologia de Benguela protestando “ queremos nosso emprego”.
No desespero Isaac dos Anjos numa visita prolongada ao município do Cubal, Província de Benguela, cumprindo bem o velho adágio “ a ocasião faz o ladrão”, soltou a voz e “chutou a pólio” fora da sua circunscrição.
“Fizemos um concurso público na Educação e no sector da Saúde, mandamos o concurso para todos os municípios. Depois de feito, apuramos os resultados, mandaram para mim a lista dos candidatos apurados. E eu com a minha boa-fé assinei em cima, publique-se”.
“Depois estão a voltar que não podemos publicar. Bom, não podem publicar porquê? Se vocês em que meteram a lista para eu assinar? Publiquem essa lista, eu não altero. Quando eu comecei apertar que não ia alterar aquela lista, os barulhos começaram a surgir. O que aconteceu? Os membros da Comissão estão a fazer passar aquele que tem 3, aquele 7, se ele reprovou como que é vai passar? Aquele que 17, 18 estava a ficar para traz. É assim? Assim está certo? Isso é justo? Estamos a falar a nível de pessoas formadas sem moral sem ética.
Não é esse o princípio, não é essa a visão, não é essa a direccção do governo. Mas temos que nos corrigir. Então voltem com a vossa lista, e ponham a lista em função da precedência, quem tem melhor nota passa a frente. Não há que cá cunha, que não seja cunha para capacidade, se não sabe não passa. Vai , volta e aprende. Quem sabe ensina e quem não sabe aprende.”
É um discurso válido e oportuno. Portanto um acto heróico. Entretanto, muito questionável. Pois, foi o governador quem nomeou o corpo de júri e são os seus quadros de confiança. Por isso, não se deve isolar dos actos praticados por aqueles membros.
E mais grave, o chefe assinou os documentos sem uma “análise profunda”. No essencial desconhecia os critérios de apuramento, porque senão saberia que a lista que “validou” não estava em conformidade com as normas. Aliás, na entrelinhas reconheceu o erro.
É óbvio, que não basta que o júri entregue a verdadeira lista. Porquanto, há indícios de factos de responsabilidade disciplinar ou criminal. Fazendo crença no desabafo de Isaac dos Anjos, então razoável seria a sua demissão (praticamente impossível no contexto angolano, seria eticamente correcto) ou a suspensão do corpo de Júri.
Ou então a criação de uma comissão de inquérito independente e imparcial. Pois, dentro de um prazo curtíssimo apresentaria os resultados. Assim, saberíamos todos os factos e os seus autores.
Parafraseando o ditado chinês “o povo gritava ao sol “porque é que ainda brilhas? Estamos prontos para morrer contigo, mas pára de brilhar”.
Haja juízo!
Domingos Chipilica Eduardo