Luanda - Durante a guerra pela independencia de Angola, a Província do Kongo Central jogou um papel importantíssimo ao acolher cerca de 70 000 (Setenta mil) refugiados angolanos.

Fonte: Club-k.net

Também, a fronteira desta província era a mais disputada para a luta em Angola.

No tempo do Presidente da Republica Democrática do Congo (RDC), Joseph Kasa-Vubu, a província chamava-se Kongo Central, com K, e era governada por Mwanda Vital.

Naquela época, os titulares de altos cargos públicos eram eleitos pelas populações locais.

Mwanda Vital foi eleito a este cargo e o Governo da Província do Kongo Central era autônoma em relação a Leopoldville, hoje Kinshasa, capital da RDC.

A capital (Chef lieu) do Kongo Central, Matadi, era dirigida pelo Primeiro Burgomestre, Andre' Mvita.

Foi ele quem acolheu a primeira delegação do MPLA em Matadi que acomodou nas instalações de Congomane, no Damar.

Na seqüência da rebelião de Pierre Mulele, o Coronel Joseph Desire' Mobutu destituiu Kasa-Vubu no dia 24 de Novembro de 1965 como Presidente e mudou a designação do pais em Republica do Zaire.

Mobutu criou um Corpo de Voluntários da Republica (CVR) que, mais tarde, mudou para o Movimento Popular da Revolução (MPR).

No termo de uma reunião deste partido no instituto Makanda Kabobi em Nsele, o Director do Bureau Político do MPR, Prosper Madrandele, anunciou a adopcao da política de recuo/corrigida mais tarde por recurso a Autenticidade.

"Doravante, tudo muda. Os nossos nomes mudam, o Presidente passa a chamar-se Mobutu Sese Seko Kuku Ngbendo wa za Banga, eu próprio Madrandele Tanzi, o nome do pais mudou para Republica do Zaire, as provincias mudam para Regioes; os fatos e as gravatas sao proibidos, e mudam para Abas-cost, para os homens; para as mulheres, o vestido, as saias, as calcas, o batom, o cabelo postiço e a peruca, sao proibidos, etc. A medida entra imediatamente em vigor". - preveniu.

A medida anunciada a noite, no dia seguinte tudo mudou, tendo encontrado apenas a resistência do Cardial Joseph Malula que pediu aos católicos para nao abandonarem os nomes cristãos.

A província do Kongo Central mudou para Região do Baixo- Zaire.

Na altura, o único Movimento de libertação de Angola presente no Kongo Central era a União das Populações de Angola (UPA) co-dirigido por Mendes Manguala, Luis Inglês e Antônio Sebastião.

Paralelamente, a UPA tinha um Quartel militar na Aldeia Luangu, zonas anexas de Matadi, comandado sucessivamente por Mabuatu, Kindoki e João Ngingi "Ketuyoyiko".

Em 1963, a UPA juntou-se ao Partido Democrático de Angola (PDA) de Emmanuel Kunzika, resultando na Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA).

Por seu lado, a FNLA criou um Governo Revolucionario de Angola no Exílio (GRAE), com a sede nacional em Kinshasa.

O primeiro Delegado do GRAE na região do Baixo-Zaire foi Francisco Xavier Lubota, um Mbinda (originário de Cabinda), antigo estudante bolseiro da FNLA nos Estados Unidos da América (EUA) donde veio acompanhado da sua esposa, uma negra-americana chamada MERLE PETERSON e do seu motorista Pascoal, também Mbinda (Pascoal não veio dos EUA).

O adjunto de Lubota a delegado era o Econista Antônio Vita "Libande"
(Careca), originário da Comuna de Kaluka, Província do Zaire, em Angola, formado pela Universidade de Alexandria, no Egipto.

Lubota tinha muito poder, carisma, audiencia e era respeitado pelos refugiados angolanos.

Com o Delegado Lubota, o GRAE confundia-se com o Governo do Baixo-Zaire.

Um dia, de regresso a Matadi, proveniente da Base de Kinkuzu, onde assistiu ao lado de Holden Roberto ao assassinato colectivo da quase totalidade dos Comandantes operacionais do Exercito de Libertação Nacional de Angola (ELNA - Braço Armado do GRAE/FNLA) - cerca de uma centena de revoltosos - Lubota organizou uma reunião com os quadros estudantes angolanos na sede da Delegação.

Durante a reunião, um estudante perguntou a Lubota o seguinte:
"O irmão Delegado Lubota es de Cabinda e há uma organização política que luta pela independencia deste território, a Frente de Lubertacao do Enclave de Cabinda (FLEC). Se Cabinda conseguir a sua Independencia antes de Angola, o Sr. Delegado Lubota juntar-te-as ao novo Governo cabindes ou continuaras no GRAE a lutar pela independência de Angola?"

A reuniao terminou sem a resposta de Lubota a esta pergunta.

Na qualidade de estudante e de um dos quatro secretários da referida Delegação do GRAE, o autor deste texto (Makuta Nkondo) participou desta reunião.

Passado algumas semanas, Lubota e o seu motorista Pacoal desapareceram de Matadi, tendo sido vistos em Kinshasa onde abandonaram o VW que servia da viatura oficial do Delegado Regional do GRAE no Baixo-Zaire, na entrada da sede nacional da FNLA.

Mais tarde, circularam noticias segundo as quais Francisco Xavier Lubota abandonou o GRAE e juntou-se a FLEC.

Lubota foi substituído ao cargo de Delegado regional do GRAE no Baixo-Zaire por Arturo da Costa Nkosi, natural do municipio do Songo, Província do Uige.

Anos depois, Nkosi cedeu o lugar a Pedro James Ngimbi, natural de Mbanz'a Mpangu, município de Mbanza Kongo, Província do Zaire, que foi o ultimo Delegado ate a Independência de Angola.

A questão agora e' de saber se os Mbinda (Cabinda) que integram o Governo e os Partidos politicos de Angola, caso Cabinda ascender a sua Independência, continuarão a ocuparem os seus cargos em Angola?

E mesmo agora, será que estes abandonaram a luta pela independência de Cabinda, a sua identidade Mbinda e aceitaram a de angolana?

Se e' assim, estes "Angolanos oportunistas" são ou não são traidores da luta pela Auto-Determinação de Cabinda; ou teem compromissos secretos com os seus patrões angolanos actuais (Governo ou Executivo, o MPLA e os Partidos Políticos da Oposição) sobre o futuro da sua terra (Cabinda)?

Ou apenas são usados os seus irmãos independentistas de Cabinda?

A pergunta e' extensiva a todos os pretensiosos independentistas, que exercem altas funções no Governo e nos Partidos políticos de Angola.

Pois, nada e' impossível, tendo em conta que as fronteiras herdadas do colonialismo ou da Conferencia de Berlim de 1885 sao agora tangíveis.

Tais são os casos da Eritrea e do Sudão do Sul, antigas províncias da Ethiopia e do Sudão, respectivamente, que estão independentes e de Angola que reconheceu a Republica Árabe Saharaui Democrática (RASD) dando o estatuto de Embauxada a sua representação em Luanda.

Makuta Nkondo