Luanda – A Direcção Nacional de Viação e Trânsito (DNVT) está a demorar, em alguns casos, três anos para emitir a carta de condução, obrigando os requerentes do título a usar o verbete que a instituição passa de forma temporária, obrigando os condutores a renová-lo de três em três meses.

Fonte: NJ
Depois de falar com vários condutores que aguardam a emissão do título definitivo, o Novo Jornal online contactou o gabinete de comunicação da DNVT que informou só ser possível prestar declarações após envio de carta - não podendo ser por correio electrónico - ao 2º Comandante da Polícia Nacional, o que inviabiliza ter nesta notícia a justificação oficial da DNVT para este atraso na emissão de cartas de condução.

Esta situação está a causar, como o Novo Jornal constatou na DNVT, transtornos nos automobilistas que ali se dirigem para averiguar do estado do seu documento de condução, como é o caso de José Pedro, que vive em Talatona.

"A minha carta caducou em 2014 e já entreguei os documentos necessários para a emissão da segunda via, mas, infelizmente, até ao momento a única informação que recebo, quando venho aqui, é sempre a mesma: apareça no dia seguinte", lamentou.

A falta de informação relacionada com a morosidade da emissão das cartas de condução obriga os requerentes a dirigirem-se A DNVT para obterem informações sobre o levantamento do documento, como explica António Felisberto que está há dois anos sem a carta de condução.

"Se, pelo menos, nos dessem uma data para passarmos e pegarmos a nossa carteira não seriamos obrigados a estar aqui todos os dias, mas como não dizem nada, então temos que passar constantemente porque estar sem a carta durante dois anos é muito complicado", disse.

A única justificação que os funcionários da DNVT dão aos requerentes do título de condução é que a demora deve-se à falta de "blocos", o que, traduzido, trata-se do plástico necessário para a impressão da carta de condução.

O que os requentes lamentam é, como descreveu António Felisberto, que está há meio ano a conduzir com o "título" provisório é que, "na verdade, o que se passa é que as pessoas já se estão a habituar a ter o verbete - uma folha de papel - como a sua carta de condução, o que obriga a idas recorrentes à DNVT para o renovar".

"Quando extraviei a minha carteira, na via pública, fiquei logo preocupado porque já ouvia relatos de que para conseguir a segunda via da carta não estava nada fácil, agora estou aqui há cinco meses na dança do vai e vem", lamentou António Felisberto, de 42 anos.

Uma das justificações admitidas é que, por causa da crise que o país atravessa, não tem sido possível importar, eventualmente pela escassez de divisas, o material necessário para a emissão das cartas de condução. Mas a explicação oficial, segundo o gabinete de comunicação da DNVT, só é possível após envio de carta ao 2º Comandante da PN a pedir as informações, o que impede a sua obtenção em tempo útil.