Huambo - A conquista ou manutenção do poder em Democracia exige ao chamamento das equipas apuradas para o jogo (partidos políticos ou coligação de partidos políticos) a observância de regras, mormente tais regras obedecem um acto ex antes à realização ou concretização do jogo, este acto é designado por processo eleitoral.

 
Fonte: Club-k.net
 
Tal como deriva da carta magna, "o poder político é exercido por quem obtenha legitimidade mediante processo eleitoral livre e democraticamente exercido, nos termos da Constituição e da lei" no1 do art.4o da CRA.
 
 
Nos encontramos a escassos meses da realização ou concretização do jogo da legitimidade do exercício do poder político em Angola e para isso, duas questões vêem à luz da cogitação própria da existência do homem "cogito erga sunt" parafraseando, (René Descartes) eis que partilhamos as nossas inquietudes:
 
 
1- Como andam as equipas seleccionadas para o jogo (processo eleitoral) que se avizinha? 2- Que precauções têm tomado diante do fenómeno trumpiniano?
 
Quanto a Administração eleitoral já muita água correu debaixo da ponte e não é nosso objectivo reacender as chamas que ao longo de várias opiniões públicas transformaram-se em cinzas e atendendo que o processo está a ser dirigido por um órgão que segundo opiniões (convagares) é ilegítimo do ponto de vista jus-constitucional, tais opiniões caem por terra, uma vez que, o mesmo órgão contínua a levar acabo o processo fruto de um processo de legitimação confirmada pelo Tribunal Constitucional, eis que presumimos que, as opiniões que teimavam/negavam legitimidade àquele órgão deleitaram-se com as leguminosas do consenso, o que ao nosso ver parece ser razoável e espectável, pois quanto maior for a confiabilidade das regras do processo maior será a aceitabilidade dos resultados no final do jogo!
 
 
Vemos e ouvimos, através dos "max medeas" a correria das equipas apuradas para a competição eleitoral, a mobilizarem e sensibilizando os seus militantes, amigos e simpatizantes, para mais uma corrida cujo fim é, a conquista ou manutenção do poder (Nicolau Maquiável) tal processo, consideramos ser legítimo, pois é, na mobilização e sensibilização do eleitorado em que os partidos/coligações de partidos são chamados a intervir no processo. Mas como não deveria deixar de ser, também neste processo de mobilização e sensibilização, nalgumas vezes verificam- se atropelos de algumas regras que são impostas pela ética republicana, por está razão, vimos por intermédio deste artigo de opinião, apelar aos actores políticos intervenientes no processo a agirem no estrito respeito das regras do jogo, tal como se pode aduzir, qualquer tipo de competição até os mais brutais, exigem o cumprimento escrupuloso das regras, pois onde não há regras impera a lei do mais forte e num Estado de Direito e Democrático como o nosso tal situação é inadimissível e reprovável nos termos da Constituição e da lei.
 
 
Logo não nos parece sensato, os discursos políticos veiculados nos órgãos de comunicação e informação que antecipam vitórias deste ou daquele partido, ex antes, à realização do pleito eleitoral, pois salvo opinião em contrário, o voto caracteriza-se pela: pessoalidade, secretabilidade e intransmissibilidade. Sendo assim, parece-nos impensável ou pelo menos prestam-se ao ofício de equívocos àqueles que sem o pleito estar consumado, pela mobilização e sensibilização dos militantes, amigos e simpatizantes, determinam/antecipam erga omnes suas vitórias nesta ou naquela praça eleitoral!
 
 
Em suma, é caso para dizer, que o fenómeno trumpiniano ou se preferirem trumpinismo está a ser pouco explorado pelos partidos políticos, nesta teoria da mobilização e sensibilização, pois não é o número de militantes, amigos e simpatizante dos partidos que ditam a vitória de um determinado partido, mas sim, a qualidade com que se apresentam os programas eleitorais e a forma com que se dá a conhecer ao eleitorado a praticidade do mesmo programa após a vitória, pois de boas ideias os sepulcros estão cheios e de passado vivem os museus. 
 
 
Quem quer conquistar ou manter o poder, deve identificar os problemas que assolam o eleitorado e quais são as tendências actuais de legitimação do poder, pois em contrário, os fracassos pós-eleitorais por parte dos partidos ou coligações de partidos serão maiores e os fantasmas da fraude pós-eleitorais serão os alibi perfeito para justificar a fraca capacidade política dos intervenientes ao jogo da legitimidade governativa. E como podem imaginar cada geração é uma geração, as virtudes de uma geração passada podem ser vícios para uma geração actual ou futura ao contrário também pode ser verdade, cabé apenas os partidos se adaptarem as novas realidades e os novos modelos, pois não precisam de inventar rodas, as rodas já existem, devem na verdade fazer o estudo dos terrenos e adequar a melhor roda a práxis, consoante o solo seja arenoso ou argiloso.
 
 
*Abílio Vasco Candango, Huambo, 01 de Fevereiro de 2017