Lisboa - O empresário luso-angolano Hélder Bataglia foi constituído arguido no caso Monte Branco. A notícia surge depois ter sido interrogado no Processo Marquês, o tal em que terá envolvido Ricardo Salgado.

Fonte: Observador


Hélder Bataglia foi constituído arguido esta semana no caso Monte Branco, confirmou a Procuradoria-Geral da República (PGR). Hélder Bataglia foi interrogado pelo Ministério Público, tendo ficado com Termo de Identidade e Residência como medida de coação.

 

O jornal Sol, que irá publicar na sua edição desta semana mais detalhes, avança que o empresário luso-angolano terá responsabilizado o ex-banqueiro Ricardo Salgado pelas perdas que ditaram o colapso do BES Angola, onde foi descoberto um buraco de quase 4 mil milhões de euros.

 

Ao que o Observador apurou, o ex-líder da Escom terá sido constituído arguido pelos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e burla qualificada. Ricardo Salgado é arguido no mesmo processo pelos crimes de burla, abuso de confiança, falsificação e branqueamento de capitais.

 

Hélder Bataglia também já tinha sido constituído arguido na Operação Marquês, em junho de 2016.

 

Segundo o jornal i, que pertence ao mesmo grupo de media do Sol e que antecipa a notícia deste semanário, Hélder Bataglia identificou os offshores e os circuitos que terão servido para escoar o dinheiro “desaparecido” no buraco do BESA.

 

Esta notícia surge quase um mês depois de Hélder Bataglia ter sido interrogado no âmbito a investigação da Operação Marquês, que surgiu em torno da figura do ex-primeiro-ministro José Sócrates, suspeito dos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção. O seu testemunho terá sido essencial para Ricardo Salgado ter sido constituído arguido na Operação Marquês. O antigo homem forte do Grupo Espírito Santo é suspeito de ter corrompido José Sócrates através de Hélder Bataglia. Mas o seu advogado não confirma.

 

O caso Monte Branco ficou conhecido em maio de 2012 e trata de uma rede de branqueamento de capitais com operações em Portugal e na Suíça. Na liderança do esquema estariam Michel Canals e Francisco Canas que geriam a sociedade suíça Akoya.

 

Trata-se de uma sociedade financeira de gestão de fortunas que tinha Álvaro Sobrinho (ex-líder do Banco Espírito Santo Angola) e Hélder Bataglia como sócios. Bataglia, por seu lado, foi igualmente administrador do BESA durante a gestão de Sobrinho.