Luanda – A morte de António Agostinho Neto em 1979, representou para o país e o MPLA – PT um caso fortuito (acidental em sentido filosófico), que “obrigou”, aos 37 anos de idade o jovem José Eduardo dos Santos, a tomar as rédeas da situação política da então República Popular de Angola que somava apenas três anos e dez meses desde a proclamação da independência nacional.

Fonte: Club-k.net
No exercício do seu múnus Político – Administrativo foram, infelizmente, muitos os retrocessos, nomeadamente, a corrupção que representa hoje um cancro, que inclusive, nos coloca nos mais altos escalões da tabela mundial dos rankings segundo organizações internacionais; a educação sem qualidade e deficitária; a saúde desumanizada, onde nem sequer os seus sequazes confiam; a pobreza extrema a que grande parte da população está atirada; os altos índices de desemprego e salários míseros, numa cidade que convida à luxúria e a avareza quando comparada com Tóquio e New York em termos de preços; a Igreja de Angola por pouco conheceria o seu funeral, porque a figura de “Sua Excelência” usurpou a imagem do protótipo da existência humana (Deus); no que a liberdade de expressão diz respeito muitos foram torturados, marginalizados, detidos e presos por pensarem com a própria cabeça; jovens defensores dos direitos humanos foram rotulados como arruaceiros, frustrados, incitadores de um novo 27 de Maio, inimigos da paz, que Eduardo dos Santos arquitectou sozinho.

 

Episódios como do Monte Sumi, Nfulunpinga Lando Victor, jovem Ganga (CASA – CE), Rufino (caso demolições Zango), a partidarização de todas as instituições do Estado e outras, mancharam – pela negativa – a imagô (imagem) do Presidente da República que teve muitas e grandes oportunidades para resignar ao cargo e figurar nas leads dos grandes patriotas que Angola viu “nascer”.

 

Inquilino na Cidade Alta há 37 anos, anunciou aos angolanos e ao resto do mundo o fim da sua carreira política activa. Para isso, confiou para enfrentar o jogo político e eleitoral, Bornito de Sousa, agora candidato pelo MPLA ao cargo de Vice Presidente da República. Ora, esta é uma oportunidade de ouro, se quisermos, para mobilizar-se a respeito (manifestação). Bornito de Sousa não pode, na minha opinião, continuar no Ministério da Administração do Território e a conduzir o processo eleitoral. José Eduardo dos Santos é astuto e, com certeza, precisa de uma sociedade civil mais activa e partidos na oposição à sua altura, caso contrário, lamentaremos apenas ao ver os resultados que vão advir desta estratégia.

 

Normalmente ditadores não saem do poder sem que hajam “tiros”, “catanas” ou outras convulsões sociais. Por conseguinte, o nosso pseudo – querido PR, neste aspecto antecipou – se. Foi sábio. Lamento apenas que quem vencer as eleições de 2017, e principalmente se for da oposição, não tenha condições para governar de forma confortável e com brio, porque a economia do país está toda concentrada numa pequena minoria (filhos e amigos).

 

Todavia, acredito com toda a minha inteligência, que José Eduardo dos Santos, sai não no momento certo, nem no errado mas no momento mais ou menos útil.

A história registou.
Era uma vez, um ditador (…)
Vencemos todos porque nunca mais os angolanos permitirão arrogância política de quem governa, em se manter no poder por 37 anos. Parabéns a Sua Excelência José Eduardo dos Santos, pela tomada de decisão. Espero que os outros ditadores africanos e não só, sigam o seu triunfal exemplo.

Bem haja senhor Presidente!
A constituição a este respeito diz no artigo 133.º com epígrafe “estatuto dos antigos Presidentes da República” que os antigos PR, gozam das mesmas imunidades reservadas aos membros do Conselho da República, com direito a residência oficial, escolta pessoal, viatuta protocolar, pessoal de apoio administrativo e, outros previstos por lei.

*Jurista e escritor