Benguela – Uma criança de dois anos morreu, na Segunda-feira, no Hospital Geral de Benguela (HGB), dias depois de ter sido circuncidada por uma equipa de técnicos de Saúde dessa instituição. Após a operação, o pequeno Manuel Franco passou mal e permaneceu internado durante uma semana. Quando os seus pais, Pascoal Franco e Teresa Natália, menos esperavam, acabaram por ser surpreendidos com a informação de que o seu primeiro e único filho sucumbira, às 5:30h. A mãe, de 21 anos, incrédula, contou que detectaram uma inflamação no órgão genital do filho e levaram-no às urgências do HGB, no dia 20 de Dezembro, onde foi assistido.

Fonte: Opais
Pascoal Franco e Teresa Natália, os pais, suspeitam que a criança sucumbiu em consequência de um hematoma craniano derivado de uma queda da cama do hospital. A autópsia, revelada ontem, indica como causa de morte uma “lesão traumática”.

Nos dias que se seguiram, cumpriu a medicação indicada, por consequência, o inchaço diminuiu e surgiram sintomas de infecção. Numa nova consulta, o jovem casal foi aconselhado a recorrer aos serviços urológicos onde, após análises clínicas, a criança foi submetida, a uma circuncisão apontada como a sendo solução. Segundo Pascoal, a 30 de Janeiro ocorreu a circuncisão e, fora a infecção, o filho encontrava-se “completamente saudável.” Pelo que não percebe por que razão depois da operação, “o miúdo saiu do bloco directamente para a Unidade de Cuidados Intensivos (UCI).” Nessa sala, a evolução do pequeno Manuel, que apenas movia os olhos, passou a ser demasiado lenta e preocupava os pais.

Estes, na última Quarta-feira, dois dias depois da cirurgia, encontraram um hematoma inexplicável na cabeça da criança. O chão da varanda do banco de urgência se tornara a cama do casal durante a semana que o seu primogénito permaneceu internado, acreditando que assim estariam em melhor condições de acompanhar de perto o desenvolvimento do seu estado clínico.

O casal procura uma explicação para a morte súbita e precoce do único filho. Desolados, suspeitam que o hematoma craniano tenha derivado de uma queda da cama pois, alegadamente, na UCI, a vigilância era irregular. Os pais do menino afirmaram que os enfermeiros de serviço não justificaram a lesão apresentada no crânio do filho e, até ontem, declararam não terem tido novo contacto com a equipa médica, desde a circuncisão. A família reside no município de Benguela, no bairro vulgarmente conhecido por “Capiandalo”.

Haverá culpados?

No documento de verificação de óbito, como consequência da autópsia feita no hospital, entregue ontem, por volta do meio dia, aos pais, consta que a morte foi causada por uma “lesão traumática”. A médica Julieta Sande, pronunciando-se em nome da unidade hospitalar, adiantou que “é incomum acontecerem situações do género e que foi a primeira”. “Todavia, o acto cirúrgico, nunca é simples”, acrescentou. Explicou que por se tratar de uma morte inesperada e sem causa aparente, os procedimentos médicos legais serão salvaguardados. Começando pela autópsia e, num período de 48h, no máximo, as conclusões do inquérito seriam reveladas.