Luanda - Os independentistas das Forças Armadas de Cabinda (FAC) voltaram a hoje a reivindicar ataques mortais a militares angolanos e advertiram os partidos políticos de Angola para não fazerem campanha para as próximas eleições gerais naquele território.

Fonte: Lusa

Num "comunicado de guerra" enviado hoje às redações e assinado pelo 'tenente-general' Alfonso Nzau, o segundo do género em dois dias consecutivos, os independentistas de Cabinda afirmam que "multiplicaram os ataques nos últimos dias, na região do Necuto, contra as forças do exército angolano [FAA - Forças Armadas Angolanas]".

 

Não foi possível confirmar estas informações junto das autoridades angolanas, mas de acordo com o comunicado da Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC), os últimos ataques aconteceram esta terça-feira.

 

Um destes na vila de Bembica, junto ao rio Lola, envolvendo uma emboscada a uma viatura que transportava militares, "tendo daí resultado três mortos, dos quais dois soldados e um oficial". Sensivelmente ao mesmo tempo, segundo os guerrilheiros, na aldeia de Seva Tando-Macuco, foi lançado um ataque contra uma patrulha militar das FAA, "com o resultado de seis mortos e vários feridos do lado das FAA, tendo-se registado duas mortes das FAC".

 

"O comando militar das FAC avisa todos os partidos políticos angolanos sem exceção, que não os quer a fazer campanha eleitoral em Cabinda, porque Cabinda não é Angola", lê-se ainda no comunicado.

 

Angola tem previstas eleições gerais para agosto próximo.

 

Na terça-feira, as FAC tinham já reclamado a autoria de vários ataques às FAA entre 03 e 10 de fevereiro e a morte de 18 militares angolanos.

 

A FLEC, através do seu braço armado, recorda que a 01 de fevereiro de 1885 foi assinado o Tratado de Simulambuco, que tornou aquele enclave num "protetorado português", o que está na base da luta pela independência do território.

 

No final de janeiro, os independentistas da FLEC-FAC anunciaram a morte de dois militares das FAA, num ataque daquelas forças, tendo divulgado imagens de alegados cartões de identificação das vítimas.

 

Durante o ano de 2016, vários ataques do género provocaram, nas contas da FLEC-FAC, desmentidas pelo Governo angolano, mais de meia centena de mortes entre as operacionais das FAA, em Cabinda.

 

O ministro do Interior de Angola afirmou em outubro que a situação em Cabinda é estável, negando as informações das FAC, que só entre agosto e setembro tinham reivindicado a morte de mais de 50 militares angolanos em ataques naquele enclave.

 

"Em Cabinda, o clima de segurança é estável, é uma província normal, apesar de algumas especulações e notícias infundadas sobre pseudo-ações militares que se têm realizado", disse o ministro Ângelo da Veiga Tavares.

 

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas também desmentiu em agosto, em Luanda, a ocorrência dos sucessivos ataques reivindicados pela FLEC-FAC, com dezenas de mortos entre os soldados angolanos na província de Cabinda.

 

Geraldo Sachipengo Nunda disse então que a situação em Cabinda é de completa tranquilidade, negando qualquer ação da FLEC-FAC, afirmando que aqueles guerrilheiros "estão a sonhar".