Alemanha - Rafael Massanga Savimbi está em Berlim desde segunda-feira (13.02.) a colher experiências junto da CDU, a União Democrata Cristã e da sua ala bávara, a CSU, União Social-Cristã, em matéria eleitoral. O secretário-geral adjunto da UNITA, o maior partido da oposição em Angola, diz que a viagem está inserida não apenas nos preparativos das eleições previstas para agosto próximo, mas também no reforço da cooperação entre as duas formações da família da internacional democrática de centro. Na capital alemã, Savimbi reuniu-se ainda com alguns parlamentares. A DW África entrevistou Rafael Massanga Savimbi:

Fonte: DW

DW África: O que o trouxe a Alemanha?
Rafael Massanga Savimbi (RS): Estamos a aproveitar a oportunidade para pedir que haja observadores internacionais, neste caso da União Europeia, a participarem no processo eleitoral em Angola. O ideal não é termos observadores que vêm, por exemplo, dois dias antes das eleições. Queremos que os observadores tenham algum tempo de antecedência para seguiremde perto o processo eleitoral: antes, durante e o pós. E não somente estarem lá para assistirem apenas o ato eleitoral em si. Esperamos que haja observação internacional também para garantir maior transparência, maior abertura e também para podermos aprender com o processo, sobre as falhas, as vantagens e o que será preciso, por exemplo, prever ou evitar numa futura eleição.


DW África: A presença de observadores internacionais é consensual em Angola?
RS: Acho que é uma necessidade, porque o que queremos é ter cada vez mais processos eleitorais transparentes...

 

DW África: Mas o que gostaríamos de saber é se isso já está determinado...
RS: Está em debate e acreditamos que por ser uma necessidade seja algo a ser implementado, porque de contrário vamos começar logo à partida a sentirmos que talvez haja receios. Mas a UNITA está a trabalhar para isso, está em contacto com outros grupos parlamentares, partidos políticos, e acreditamos que isso vai acontecer. Há duas semanas esteve em Luanda uma delegação da União Europeia com quem discutimos esse aspeto. E pensamos que por ser uma necessidade terá de haver observadores.


DW África: Nas últimas eleições, os observadores eleitorais da União Europeia (UE) informaram, depois da votação, que o processo estava manchado de irregularidades. Mas dias depois recuaram na sua avaliação para carimbar positivamente as eleições. Mesmo com este episódio a UNITA continua a confiar nos observadores da UE?
RS: Queremos confiar na boa vontade, não das pessoas, mas das instituições. Razão pela qual estamos a dizer que não queremos observadores que venham para o ato [de votação], para que no final tenham uma fotografia mais realista, como forma de evitar essas contradições, de primeiro dizer uma coisa e depois outra. E se houver mais tempo de seguir o processo, estamos em crer que a ideia também será outra e haverá uma certa coerência em relação ao que eles podem aferir no terreno.


DW África: Um conjunto de fatores determinam eleições livres, justas e transparentes, como por exemplo uma CNE (Comissão Nacional Eleitoral) independente, leis adequadas, consciencialização sobre direitos e obrigações do cidadão e até mesmo monitoria do escrutínio. O que a UNITA tem feito para garantir esses pressupostos?
RS: Esse é um desafio que podemos dizer que não é só da UNITA, é um desafio de todos os angolanos. Quanto à UNITA, o partido tem feito muito esforço no sentido de fazer com que, por exemplo, não seja o Governo a organizar todo o processo [eleitoral].