Luanda - O delegado da empresa petrolífera italiana ENI em Angola, Guido Brusco, aceitou, finalmente, efectuar os reajustes salariais dos trabalhadores angolanos, treze meses depois de ter despedido, de forma ilegal, os membros da Comissão Sindical (CS) desta empresa, por defenderem, curiosamente, os referidos reajustes.

*Ilídio Manuel
Fonte: Club-k.net

Por outras palavras quer dizer o gestor italiano só reconheceu o seu erro um ano depois de ter mandado para a rua os quatro sindicalistas da empresa que lutavam em prol dos interesses dos seus colegas angolanos. O anúncio dos reajustes foi feito no decurso de uma reunião realizada em Dezembro, na sede desta empresa, no município da Ingombota, em Luanda, durante a qual Guido Brusco assegurou que a partir de Janeiro de 2017 os funcionários da Eni passariam a beneficiar dos salários indexados ao dólar norte- americano, à luz da cotação oficial do mercado.

 

«Demorou muito, mas antes tarde do que nunca! Estamos relativamente aliviados, porque desde Janeiro os nossos salários começaram a ser reajustados. Estamos solidários com os nossos colegas sindicalistas que foram injustamente despedidos», observou uma das fontes do CK, que falou na condição de não ser identificado.

 

Segundo a fonte, os trabalhadores da ENI consideram «estranho» o silêncio até aqui observado pelo Ministério dos Petróleos, MAPESS, assim como pela Sonangol que, em nenhum momento, manifestaram-se solidários com os trabalhadores e sindicalistas angolanos, que foram mandados para casa, sem indemnizações.

 

A mesma fonte acusa o responsável dos Recursos Humanos da ENI de ter sido conivente com as «posições injustas» da entidade patronal que, segundo ela, prejudicaram seriamente os interesses dos trabalhadores nacionais a favor dos «excessos» cometidos por um expatriado italiano. Entre os funcionários há quem considere que os reajustes não passaram de «manobras de diversão», visto que o câmbio antes praticado era de 103Kzs/Usd pelo que passa agora para 116Kzs/Usd, o que significa um aumento de 13Kzs por cada dólar.

 

«Acontece que no banco comercial onde temos os nossos ordenados domiciliados e onde contraíamos empréstimos para a compra de casa e carro a taxa lá aplicada é 165Kzs/1Usd. A diferença ainda é grande», lamenta um funcionário a braços com o empréstimo que efectuou no referido banco.