Luanda - Já lá vão 15 anos desde que fisicamente desapareceu o Dr Jonas Malheiro Savimbi, um angolano que estatisticamente falando se constituiu numa amostra invulgar do século XX e do século XXI.

Fonte: Club-k.net

Foi exactamente no dia 14 de Abril de 2001 que depois de recomendações finais, no seu " ondjango " de trabalho, na margem direita do rio Kunguene - Moxico, me despedi do Fundador do Partido, em direcção ao COPE-Centro(comando operacional estratégico da região centro), para retransmitir as Resoluções da XVI Conferência Anual do Partido.


Deixávamos na área companheiros como os mais velhos Sakala, Kapapelo, Kalias , Dachala, Aninhas, Big Jó e tantos outros que o destino nunca mais permitiu o reencontro.

 

Ao longo de uma trajectória dificílima e à medida que o tempo vai passando, ressaltam-me alguns aspectos que importa destacar. Muitas das vezes e quando se está em conflito, pensa-se que os que se posicionam do outro lado da barricada talvez estejam todos munidos de má fé. Nada disso. Lembro-me que aquando da queda dos últimos dois bastiões em 1999, Bailundo e Andulo, respectivamente, o Chefe do Estado Maior das FAA, Gen João Baptista de Matos, teria dito : " a nossa missão está cumprida, agora é a fase dos políticos ". Esse tipo de posicionamento vai na lógica do que aprendemos em Política : é a política que dirige a arma e não a arma a dirigir a política. Por outro lado, esse posicionamento revela um alto grau de patriotismo.

 

Bem, mas como a estratégia já estava traçada, porque em Angola o diálogo sempre foi um verdadeiro obstáculo, meses depois da XVI Conferência, fomos sentindo sinais de que a esperança de termos em vida o nosso Condutor se ia esfumando. Não por razões daquele que traçou a estratégia porque já nos tínhamos apercebido que em muitos casos, infelizmente, numa confrontação de ideias, aqueles que se sentem inferiorizados perante outros, preferem silencia-los para se sentirem mais folgados.


Há um provérbio africano que diz : " se não houver inimigo interior, o inimigo exterior não pode ferir você ". A materialização da maléfica estratégia podia ser evitada ou ao menos dificultada, mas, por causa de uma lata de marmelada, conforme dizia o mais velho Sakala,alguns homens formados pelo Dr Savimbi foram denunciando a sua localização: " é porque está situado na latitude x, longitude y e quadrante z " ! É uma vergonha. E depois da sua morte, correram rios e rios de dinheiro. Espero que os beneficiários de tais dinheiros consumam-no até à eternidade.

 

De qualquer das formas, o Dr Savimbi partiu. O que mais me anima é o facto de ter deixado ideias devidamente estruturadas em defesa da mulher e do homem desta sofrida Angola. Essas ideias estão plasmadas no Projecto de Sociedade dos Conjurados do 13 de Março de 1966. É com essas ideias que encontraremos os melhores métodos para levarmos a felicidade a cada casa, de Cabinda ao Cunene e do Mar ao Leste.


Porém, nutro um grande desejo : ver vivo aquele que sempre defendeu uma paz do cemitério, para acompanhar o modelo de convivência na diferença e ver materializadas as ideias do Dr Savimbi para depois fazer uma introspecção e inferir que tinha silenciado um verdadeiro patriota.

 

Faz parte da cultura africana, o óbito terminar com o funeral. Quinze anos depois manter sobre custódia os restos mortais de um homem, ainda que não fosse o Dr Savimbi, revela falta de cultura , falta de ética e falta de sentimento de todo o tamanho.

Dr Savimbi, lá onde estiver, conte sempre com a minha entrega à causa que bem identificou e fico-lhe muito grato por me ter ensinado política.

Adeus, meu PATRIOTA