Luanda - A terça-feira/21 ficou e ficará marcada nos anais da nossa recente história com a agora propalada entrevista que a Zimbo produziu com o Presidente da UNITA, Isaías Samakuva e, por isso, merece, agora, nossa reflexão em ângulos diversos.

Fonte: Club-k.net

1º DOS DONOS DA ZIMBO:


Sabemos, nas entrelinhas, que a Zimbo é propriedade do Grupo empresarial “Média Nova”, formado, segundo consta, por Manuel Vicente, Vice-Presidente da República e os Generais kopelipa e Dino, respectivamente, ambos da Casa de Segurança, do Presidente da República.


Porém, chamamos estas figuras na nossa reflexão para reconhecer o papel positivo, diga-se, que desempenharam ao permitir que o líder da oposição falasse, em duas horas, na sua televisão a olhar para o papel que desempenham (os donos da Zimbo) no Partido que governa Angola e por isso é de estranhar já que na sua TPA, por exemplo, não seria tão fácil o fazer. (Neste sentido os nossos parabéns reservados)!


Parabéns reservados porque ao mesmo tempo que entendemos que os donos da Zimbo, quadros influentes na manobra do Partido governante tiveram um gesto saudável na nossa jovem democracia, ficamos, de igual forma, com o entendimento o qual tal terá sido feito para apaziguar os ânimos acirrados, dos Cidadãos em geral, nos últimos tempos, fruto do deplorável papel que a imprensa pública tem estado a desempenhar.


Seja como for e em nosso entender a entrevista chegou numa altura que se recomendava e, por isso, saudámos, independentemente do objectivo primário da sua concepção. Aliás, não é comum a mesma ser transmitida em simultâneo na Rádio Mais, um dos meios que compõem o referido grupo empresarial que conta na sua administração, Luís Fernando, um Jornalista bem conhecido entre nós.


2º DA ZIMBO:


Foi uma boa estratégia colocar a entrevista naquele espaço que durante algum tempo vinha sendo disputado, também, pela TPA mas que do que vimos acabou por levar um capote de audiência, pois, entendemos que neste dia ninguém do público em disputa ficou na TPA, aliás, resolveu passar um programa que nada tem a ver com o espaço. (parabéns Zimbo pela visão)

Por outro lado, há que falarmos do desempenho do entrevistador, Francisco Mendes que em nosso entender esteve num nível acima da média, apesar de ter começado a corrida nos duzentos km hora, o que revela que não aqueceu antes do desafio. Outrossim, o kota Francisco Mendes, entendemos nós, salvo melhor opinião pecou nos momentos em que não ficou satisfeito com certas respostas.


Pecou porque o seu rebatimento, persistência, assemelha-se com o que se faz em interrogatórios policiais. - Perguntam nos mesmos termos - o que não se recomenda nas entrevistas jornalísticas que, segundo seus especialistas, tal deve ser feito com a mudança da pergunta ou mesmo dos termos utilizados na primeira pergunta. (aqui o kota peca porque utiliza quase que um alicate para arrancar a resposta que quer ouvir), lembram-se daquela: - vais ou não abandonar a UNITA? (teria dito, por exemplo: como pensa que ficará a liderança da UNITA depois de Agosto? Mesmo assim, entendemos que a condução da entrevista esteve acima da média e por isso parabéns Chico Mendes.


DO SAMAKUVA:

Quem nos conhece e nos segue, em termos de opinião pública, fundamentalmente aqui nas redes sociais percebe que somos, nalguns momentos, muito críticos com posições tomadas pelo líder da UNITA, não porque o detestamos enquanto pessoa mas porque pensamos que nestes momentos tomou decisões menos boas para a própria democracia que defende.

No entanto, para o momento em análise somos de afirmar que em primeira instância Isaías Samakuva esteve muito bem ao usar da palavra em duas horas sem tocar no copo com água que a equipa da realização preparou para ele. Fez bem porque, eventualmente, não esteve no momento da colocação da mesma na mesa bem como o facto de o entrevistador não ter tido a mesma água, o que, para qualquer um levantaria suspeitas.


Quanto ao conteúdo da sua entrevista entendemos que demonstrou maturidade política, (infelizmente tarde) e anunciou e bem uma possível manifestação contra a imprensa pública como consequência do desempenho daquela. A respeito disso a nossa opinião é de que faz todo o sentido pensar naqueles termos porque, efectivamente, a imprensa a que se refere passou dos limites que se possam aceitar nas democracias - a não ser que nos digam que estamos na Rússia, China ou mesmo nas Coreias.


Quanto ao facto de não mais querer “engolir sapos”, por sinal, que divide a opinião pública nacional no «day after» pensamos que Samakuva terá falado de medidas legais, salvo melhor opinião, pois se ele recorrer a uma manifestação de rua, não tomar posse no parlamento, ou mesmo não participar das eleições como resultado do que ele chamou de fraude antecipada estaria a tomar medidas apropriadas. Neste sentido, pensamos que seriam pessimistas aqueles que defendem que teriam havido promessa de instabilidade.


Em fim, pensamos que a Zimbo, felizmente, proporcionou-nos mais um momento de assinalar, aliás, é por isso que cá estamos para reflectir entorno do mesmo. Parabéns aos donos da Zimbo, parabéns a Zimbo.


VASCO DA GAMA
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