Luanda - Em países normais ou nos chamados desenvolvidos, o mérito e a competência predominam e m todas as áreas do saber. As sociedades que utilizam estes critérios têm resultados bastante evidentes, tal como a competitividade das suas economias, altos níveis de desenvolvimento per-capita, alta credibilidade e transparência das suas instituições que concorrem para a harmonia social. Estes são alguns dos aspectos básicos que mais se evidenciam nestes países, sem descurarmos como é óbvio do grau de instrução, de exigência e reivindicação política dos seus cidadãos perante actos políticos ou administrativos que eventualmente venham a demonstrar violação dos normativos legais vigentes.

Fonte: Club-k.net

Em Angola, hoje em dia, fala-se um pouco por todos os cantos da meritocracia e da competência como requisitos elementares para determinados cargos públicos. Apesar de ser ainda uma minoria de cidadãos a reclamar por estes dois intens, a verdade é que a sociedade angolana ainda vive muito ofuscada pelos actos de corrupção que infelizmente continuam a prevalecer entre nós, para infelicidade da grande maioria dos cidadãos.

 

Entre nós angolanos para a nossa vergonha e maldição a lei do cabritismo ainda vigora, tal como o paternalismo, a ligação partidária, a bajulação e a coptação política. Infelizmente, estes critérios ainda são usados por parte daqueles que detêm o poder de decisão para nomear os candidatos a cargos públicos, políticos ou administrativos. Este é o retrato visível em todos os níveis e sectores do país, desde os cargos na administração pública, institutos, empresas públicas, ministérios e até na política.

 

Recentemente o Presidente da República fez uma mexida a nível das altas chefias do Comando Geral da Polícia Nacional, ressaltou-nos a vista uma alta patente que ao ver de muito boa gente na corporação, já merecia estar encostado na prateleira do CGPN. O mesmo, esteve na base como comandante provincial num caso de grave imprudência por parte da actuação das forças policiais, em Abril de 2015, conhecido por Kalupeteka. Ocorrido na província do Huambo onde morreram cerca oito agentes da Polícia e um número até hoje, por se descobrir de fieis da seita a Luz do Mundo.

 

Apesar da condenação de 28 anos de cadeia do líder da igreja que diga-se não disparou contra ninguém, a nível da Polícia Nacional ficaram por se apurar quais foram as responsabilidades e as falhas que houve a nível da cadeia de Comando da Polícia, ou seja, quem realmente deveria assumir a culpa! O Comandante Geral da Polícia Nacional ou o Comandante Provincial do Huambo? Noutras paragens como acima referimos uma destas cabeças rapidamente teria de rolar. Pois, não é concebível que numa acção junto de fiéis religiosos pudessem perecer vidas de cidadãos e de pessoas com formação e missão de proteger e cuidar da vida humana, conforme obrigação do imperativo constitucional e do juramento do dever de Polícia.

 

O acto ocorrido em Angola foi grave e demonstra claramente que os valores por cá andam invertidos de patas para o ar. Em Cabo Verde em 2016, ocorreu uma caso similar nas forças armadas em que morreram onze pessoas, dez militares e um cidadão civil que culminou com o pedido de demissão do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas daquele arquipélago africano.

 

Em Angola acto semelhante ou mais grave, mereceu da parte dos chefes policiais protecção e até nomeação do autor desta desgraça. Como podemos ver o referido Comissário foi transferido para uma das praças eleitorais mais acirradas e emblemáticas do País, onde tem havido constantes refregas entre manifestantes e autoridades policiais.

 

O Comando Geral parece que não elabora processos ou folhas de serviço para avaliação dos seus oficiais Comissários, porque a nomeação do Comissário Elias Livulo como delegado do Minint e Comandante Provincial de Benguela foi imprudente e desaconselhada, facto que demonstra falta de critérios e outros dispositivos de exigência profissional na corporação a nível das altas chefias.

 

Esperamos que este Comissário tenha aprendido com os seus próprios erros, já que ficou patente que o CGPN esta desprovido de quaisquer mecanismos de avaliação ético- profissional, de competências e integridade dos seus agentes. Resta-nos discordar desta nomeação e desejar que Benguela não venha a registar episódios de confrontos, crimes e violação dos Direitos Humanos conforme ocorreram no Huambo em 2015. Porque, parecendo que não, o governo e a corporação ainda não convenceram grande parte da sociedade angolana, comunidade internacional e da ONU sobre os acontecimentos ocorridos no Huambo. Como sempre um dia a verdade virá a tona, resta-nos apenas aguardar.

 

Desejamos da Polícia angolana que doravante opte por um critério de actuação republicano que respeite e proteja as instituições e os seus cidadãos em primeiro lugar e saiba sempre punir e responsabilizar os seus agentes em nome da lei e do Estado.