Luanda - Familiares dos dois cidadãos estrangeiros, da Turquia e Jordânia respectivamente, que estão a ser julgados na 14ª Secção da Sala dos crimes comuns do Tribunal Provincial de Luanda, sob acusação de financiamento ao terrorismo e branqueamento de capitais, mostram-se agastados com os promotores da acusação, mormente, o Serviço de Investigação Criminal, Procuradoria-Geral da República e, agora, em fase de julgamento, o próprio tribunal que, segundo os mesmos poderiam arquivar o processo, por insuficiência de provas e ilegitimidade dos arguidos.

Fonte: Club-k.net

Acusa justiça angolana de parcialidade

Tratam-se de Eljan Tushdievi, de 28 anos, natural da Geórgia e do turco Hibrahim Karadol de 36 anos, ambos residentes em Luanda, Kilamba e Jardim de Rosas, respectivamente.


Dizem, ainda que o Ministério público na sua acusação imputa aos arguidos o crime de auxilio ao terrorismo e branqueamento de capitais, acusação que refutam, pois, entendem que os seus familiares não são responsáveis da agência de viagens Eurostral sita em Luanda e nem de funcionários se trata.


“não podem ser eles os responsáveis pelos bilhetes de passagem que a agência emite porque a mesma tem um dono e eles conhecem quem é... Eles apenas fazem publicidade da mesma por causa da diferença cambial, ou seja, são intermediários já que conhecem muita gente que vive na Turquia e que queira vir a Angola ou outro País. Conseguem clientes e por isso ganham 5% dos bilhetes vendidos com a sua intervenção” rematam!

Fonte junto do tribunal de Luanda faz saber que a acusação entende que os arguidos auxiliaram terrorismo porquanto estiveram envolvidos na emissão do bilhete de passagem na agência Eurostral, em Luanda, utilizado por um jovem terrorista que perpetrou um atentado bomba, no aeroporto de Mongadíscio-Somália em que foi alvo a aeronave da companhia aérea Daalo Airline, sem, no entanto, causar vítimas mortais já que somente o individuo pereceu, na altura.


Em contestação os familiares consideram esta acusação infundada, pois, acrescentam, que o aludido bilhete não foi emitido pelos arguidos, aliás, não é sua competência faze-lo. Acrescentam ainda que numa das sessões de julgamento o tribunal convocou e compareceram os funcionários da agência que assumiram terem sido eles que emitiram, em Luanda, o bilhete utilizado pelo terrorista, o que por si só não justifica a detenção dos seus familiares.


“não entendemos que justiça se faz aqui em Angola porque eles em momento algum foram funcionários da agencia em causa, aliás, o dono da mesma, um cidadão francês, está aqui mesmo em Luanda e nada lhe acontece como se não fosse o responsável principal na emissão dos bilhetes.


O Hélder Raimundo e o Francisco Luís, trabalhadores da agência e que emitiram o mesmo bilhete vieram aqui no tribunal como declarantes e confirmaram que aquele bilhete fora emitido por eles e porque não lhes prendem eles? Perguntam, visivelmente desolados!


Questionados o que está na base da detenção mesmo com as evidencias a que se referem indiciando inocência dos seus familiares, um deles faz saber que desconfia que o Governo angolano esteja a apertar o cerco aos Cidadãos turcos na sequência do episódio do colégio esperança internacional.


Comenta-se que a detenção tem sido ligada ao caso do colégio turco, encerrado recentemente em Luanda, mas que cujo processo vem do ano passado. A desconfiança é que a agencia de viagens patrocinava terrorismo e um dos detidos antigo Professor do mesmo terá um papel preponderante nas manobras daquela operação, rumores que segundo familiares não colhem.


Os familiares fazem saber que não há nenhuma ligação possível entre o colégio e os agora arguidos, pois se trata de jovens trabalhadores e que ganham a vida na intermediação dos bilhetes e os compradores.


Para confirmar a inocência deles e segundo ainda a fonte, a Polícia da Interpol foi chamada no julgamento e informou que os arguidos não têm antecedentes criminais nem mesmo ligações com grupos terroristas quer em Angola como nos seus Países de origem.


Lamentam, igualmente, o facto de os bens apreendidos pelo SIC não terem sido entregues até aqui ao Tribunal e desconfiam que os mesmos tenham sido abocanhados. “há interesses inconfessos por parte da Interpol que mesmo consciente da inocência dos jovens pretende estabelecer, a todo o custo, relações entre os arguidos e alguns investimentos destes a fim de recuperarem os mesmos. É assim, acrescentam, que os dois carros que utilizavam estão com os agentes do SIC como se deles se tratassem.


Refira-se que o caso tem como advogado de defesa o conceituado penalista Alcineo Cristóvão, patrono da “ACC Justiça e Direito” um escritório que se tem notabilizado na defesa de casos considerados mediáticos.
Contactado, o jovem advogado confirma ser ele o defensor dos dois cidadãos estrangeiros e promete falar à imprensa tão logo haja condições para tal.


Recorde-se que nos últimos tempos muitos turcos têm estado a ser detidos, julgados e condenados o que está a motivar a que muitos deles estejam a abandonar o País por entenderem que Angola não oferece segurança jurídica para investimento estrangeiro.


A situação subiu de tom com os incidentes do colégio turco em que o proprietário perdeu um dos maiores investimentos feitos em África. O colégio turco com um património milionário passou para titulares angolanos ligados ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos e que por isso tudo fizeram para pressionar o chefe de Estado a ordenar o seu encerramento, através do Despacho Presidencial interno nº 32/16 de 03 de Outubro.