USA - Chamo-me Mario Cumandala.. Eu era um “village boy”, um orgulhoso rapaz da aldeia, de lá do planalto central, mais precisamente, Kalenga, Vila Verde, Huambo. Sou filho de humilde camponeses que desde cedo ensinaram-me o valor do trabalho árduo e abnegado. Também, pela alta providência, sou hoje economista. Isto significa que aqui na “banda”, já posso também ser chamado “Dr. Cumandala”.

A minha epopéia ou aventura começou quando deixei Angola, ainda em 1987, rumo ao Rio de Janeiro. Com zero valor monetário, nem 1 (um) dólar no bolso eu tinha comigo, e prova disso é que do Aeroporto Internacional do Galeão só sai graças à carona de um anjo que levou-me à cidade para passar a noite como visita do Dr. Gedeon Marques, na altura Director do Hospital Adventista Silvestre, bem junto aos pés da Estátua do Cristo Redentor, na ladeira dos Guararapes.

Assim que concluí o segundo grau, ou ensino médio, parti em busca de verdes pastos e outros vôos. Londres foi minha paragem. Em Dezembro 1989, no frio Anglo-saxônico, ali cheguei assim mesmo, para aprender Inglês e, posteriormente, estudar Direito. Um ano depois, quando tentei ingressar à universidade, disseram-me que meu nível de Inglês, não era suficiente para cursar Direito. Desapontado, fiz mais um ano de Inglês e no fim acabei optando em estudar economia na Universidade de London Guildhall, actualmente London Metropol.

Em Londres conheci a mãe da minha primeira filha, uma americana de olhos azuis e cabelos louros. Ela estava no programa de “exchange” de estudantes Americanos. Ela era do Estado de Manchester, New Hampshire. Com o meu inglês de meia tigela consegui quase o impossível; conquistei o coração da dona da língua. Deste romance, nasceu a minha filha que este ano faz 18 anos. Este relacionamento não chegou nem a ser um noivado, pois que havia entre nós diferenças culturais tão grandes que ambos achamos que não eram negociáveis.

Por exemplo, eu era, na altura, um machista assumido e achava que ela, como namorada, tinha que fazer tudo para mim. Mas, a coitada da moça, não sabia cozinhar arroz (ela já chegou de me pedir receita para cozinhar arroz), nem engomar sabia. Hoje, ela casada, e eu também, temos um relacionamento saudável por causa da Josane, a nossa filha.

Ainda durante meu exílio ou diáspora, no Reino Unido, conheci aquela que viria a ser dona do meu coração para sempre. Ela chama-se Lindy, uma moça muito ‘fofa’, e linda, que acabara de chegar de Harare, Zimbabwe, no dia anterior ao nosso encontro. Isto foi lá no YMCA em Stockwell Road em Londres. Confesso que não foi fácil conquistá-la. Mais 4 meses depois de muita persistência, aí sim, ela sucumbiu, vítima do meu famoso charme; e o resto são recordações felizes que comigo carrego para o resto da minha vida natural. Essas memórias, incluem o facto de termos freqüentado a mesma Universidade, e graduarmos juntos em 1996, ela em Sistemas de Informática e eu em Economia.

Um dos acontecimentos que marcou bastante aqueles anos e nosso tempo de estudantes em Londres, foram os 2 anos em que fiquei incomunicável com os meus familiares aqui na banda. Isto foi de 1993 a 1995, período em que não tive contacto nenhum com a família no Huambo, devido à ocupação do Huambo pela Unita.

Também, lembro-me como se fosse ontem, a quanto a minha primeira viagem para os EUA, visitando a pequena Josane que na altura tinha 3 aninhos. Isto foi precisamente em Outubro de 1994. É que eu não tinha visto a minha filha, desde os nove meses quando a sua mãe havia viajado até Londres para que eu a conhecesse. Eu não tinha passaporte para viajar. Como “asylum seeker” até a data quando pude viajar eu tinha em posse o passaporte azul.

Já no aeroporto de Logan em Boston, que memórias inesquecíveis, quando a pequena Josane confirmou com a mãe que eu aí estava. É que ela atravessou o cordão de segurança amarelo com braços abertos para me saudar. Chorei de emoção. Este e o prazer de ser pai, que repetiria em 2002 ainda na America, quando nasceu a Nasoma.

Estando já em New Hampshire, recebi um convite vindo de Washigton, D.C. do Dr. Jardo Muekalia para uma visita de cortesia. Posto na capital do mundo livre, o meu “host” levou-me ao famoso “Washington Monument”, o “Capitol Building”, e finalmente a Casa Branca. Era Sábado a tarde, turistas de todo mundo, incluindo Angola, estavam presentes visitando este famoso endereço na ocasião acupado pelos Clintons. Nos estávamos do lado chamado Rose Gardens, quando de repente ouvimos tiros a serem disparados contra a Casa Branca.

O que se seguiu foi uma algazarra inesquecível, pessoas correndo de um lado para o outro, um pandemônio total. E que um americano frustrado da vida, decidiu neste dia talvez usando-se da minha prestigiada presença na área, para disparar contra o primeiro presidente negro Americano, Bill Clinton, que sim nesta altura se encontrava na Casa Branca (assim diziam os afro-americanos até que chegou Obama). Assim foi meu primeiro encontro com a Casa Branca.

Nós, acostumados a estampidos da nossa guerra, fomos os mais céleres a deixar o local. Lembrei-me da guerra em meu país natal que, infelizmente, neste mesmo dia sem eu saber, ceifava a vida de minha própria mãe Victorina, no Huambo. Acredito que este foi o meu primeiro encontro com a história a ser forjada.

Anos depois, em 1997, ao presenciar a semana mais sombria que já vi, a quanto da morte da princesa do povo, depois já em 2000 na capital Americana, o suspense Algore/Bush, culminando com o 11 de setembro, conclui que sim eu era parte da história do século XX e XXI.

Em Abril de 1995, 5 meses após minha visita aos EUA, recebi finalmente a notícia através da Cruz Vermelha Internacional, da morte de minha mãe, que foi barbaramente assassinada, a sangue frio, exactamente dia 30 de Outubro de 1994, pelas que se retratavam da ocupação do Huambo. Longe de saber que aquele dia em DC, também os disparos do conflicto em minha terra ficariam personalizados, bateriam mais perto do meu coração.

Caros, dor e dor, nenhuma é maior do que a dos outros, só porque uns perderam famílias inteiras e outros perderam um só membro da família, isso não minimiza a dor que se sente.

Em Londres, em 1999, já formado, mais em meio a recessão econômica e desempregos desta época, tomei a decisão mais sabia de minha vida, que foi a de emigrar para o pais dos Clintons. Objectivos estratégicos estavam bem definidos. E que eu queria mesmo ser parte do ‘American Dream’ sonho Americano. O ano era 1999, meu destino foi, Massachussett. Com esta destinação, eu aproveitaria ficar perto de minha filha que vivia no Estado vizinho.

A economia Americana da década de 90 era relativamente boa, o emprego era fácil de se achar. Meu primeiro ‘real job’ foi com a firma Fidelity Investments, um Banco (brokerage house) especializada em gestão de patrimônios, pensões tais como (401k) Mutual funds, derivativos e outros. Assim aprendi os segredos de Wall Street.

Assim, pela primeira vez em minha vida Professional vi-me a gerir contas de clientes com USD 10 milhões de balanço. Quando em 2000 a minha esposa decidiu juntar-se a mim no meu novo país, eu já não era membro da ‘camada baixa’; já tinha contas bancárias, cartões de crédito com limites ate USD 100 mil e o AMEX. Junte-se a isso o facto de que minha esposa nesta altura trabalhava para a Calton Television em Londres como Engenheira Senior, e eu já bem estabelecido nos Estates. Não foi difícil tomarmos a decisão de constituir família, já que a esta altura, já havíamos completado 9 anos de luas de mel, e ainda não tínhamos filhos.

Boston não foi a cidade de preferência da Lindy, ela preferiu mesmo Washigton, D.C. Em parte porque aí eu mesmo tinha sido acusado de ter levado uma Negra Americana a fazer operação plástica para diminuir seu estômago, tendo morrido. É que suas amigas revelaram que eu era o “target” principal desta plástica já que ela suspeitava que a razão pela qual eu não correspondia a seus avanços amorosos era porque ela era tamanho 18. Que episódio negro de uma paixão não correspondida. Por isso pareceu-me bem, juntos, irmos para outras paragens.

Na capital Americana, eu logo iniciei um programa de mestrado ou MSBA conforme era conhecido na Strayer University, enquanto minha esposa trabalhava numa empresa de IT perto do Aeroporto de Dulles.

Eu trabalhava também e era analista financeiro na famosa empresa MCIWorldcom, que viria a aplicar em 2002 para capítulo 11 do código comercial Americano. Como conseqüência da bancarrota desta empresa, (governos estremeceram com a possibilidade da falência deste gigante, já que ela controlava 52% de trafego de internet no mundo). Eu fui um dos 2000 mil trabalhadores que na área de Washington Metro ficou afectado com esta crise dos USD 7 Bilhões em vermelho, que levou a empresa a buscar proteção no capitulo 11.

Mais não tardou até que conseguisse uma nova vaga na empresa Fannie Mae. Nesta altura nossa filha Nasoma tinha 3 meses quando perdi meu emprego. Junte-se o 11 de Setembro que presenciamos, e que criou muitos constrangimentos, o sonho Americano já estava ficando azedo para nos.

Em 2003, num simples levantamento de mercado de trabalho, distribui meu currículo (CV) via internet para todas as petrolíferas baseadas em Angola.

Meu CV criou interesse e fui entrevistado em DC e Houston por 4 empresas petrolíferas. A que mais me impressionou, e com a qual pretendia fazer carreira em Angola, e seduzido com o sonho do poeta maior, ‘havemos de voltar’, ainda mais imbuídos de valores afectivos e cultural que esta oportunidade oferecia, convenci minha família a acompanhar-me para Luanda.

E que já com o emprego garantido com a tal petrolífera e uma carreira pela frente, tudo indicava que estávamos no curso certo. Para nossa surpresa e espanto, Luanda, no frio de Dezembro, chama-nos e faz a propostas de expatriação para Londres por 3 anos, ao invés de irmos para Angola.

Minha pergunta aos RH, desconhecendo o que era ser expatriado foi: vocês vão levar o meu carro e pagar minha renda por lá? É que vivi 10 anos em Londres, eu bem conhecia a vida cara daquela cidade, e o quanto nós aí sofremos como estudantes. Eu não queria voltar a re-viver aquilo, quando na verdade nos estávamos muito bem aí em Centreville, County de FairFax, Virgínia, que na altura era o mais rico “county” dos EUA. Com o contracto em mão, e que este garantia-nos um pacote de expatriado atrativo, partimos para Londres onde em 2006 viria a nascer nosso segundo filho Jaydn Siono.

Foi bastante preocupante quando a empresa, sem explicação, não deixou-nos completar os 3 anos do contracto.

Partimos para Luanda em Setembro de 2006, depois de quase 20 anos na diáspora.

O ‘village boy’ que partiu de Angola em 1987, agora retornava para a terra mãe com sérios canudos, uma esposa estrangeira, uma filha na altura com 4 anos e um bebé de 4 meses. Por cá, acredito, tivemos um bom começo, graças a nossa firma. Mas, nem tudo que brilha e ouro, já diziam os verdugos. Na verdade eu tinha um bom emprego na mesma empresa petrolífera. Em menos de dias compramos um carro novo para andar, (em Luanda carro não e luxo, só quando o indivíduo tem uma frota, aí sim e mesmo luxo). Como muitos, partimos para a compra de casa, mas no fim decidimos alugar um apartamento, até hoje, já que comprar de casa em Luanda não e coisa fácil.

O maior problema que nos fez pensar que ainda não estávamos no nosso próprio país é quando a empresa nos deu 30 dias de acomodação em sua casa de passagem e no fim destes nos não conseguimos assegurar nada. Fui servido com uma nota de insubordinação pelo meu chefe e o chefe dele que vinham de férias, não se importando, no entanto, em saber, por que não tínhamos conseguido lugar para ficar. Eles simplesmente chamaram-me para uma sala de reunião e entregaram-me a carta para assinar. O documento dava-me 24 horas para sair da casa de passagem da empresa.

Naquele triste dia, naquela sala, e naquele prédio, quando estes dois estrangeiros, um Americano e um Argentino, ambos expatriados deram-me esta carta, apercebi-me do poder que estes tinham sobre o meu futuro, incluindo o poder de me fazerem dormir ao relento com minhas “vicuatas”.

Também, descobri uma verdade não muito desconhecida: é que a “angolanização” ainda tinha um bom caminho pela frente.

Fiquei com vontade de ser Nigeriano, Venezuelano, enfim. Imagino eles fazerem isso naquelas paragens? Seus activos seriam urgentemente socializados, nacionalizados, sei lá o que mais.

Já cá, meu trabalho, como analista comercial consistia em implementar acordos do programa de habitação dos trabalhadores com os bancos locais e a gestão e implementação dos seguros energia e não energia da empresa além de outros trabalhos analíticos. Gostei muito desta experiência, e no fim fiz grandes amizades com as seguradoras nacionais, Sonangol e MinPet.

Não quero aqui dizer que algo vai mal nessa petrolífera, mais parece-me que uma empresa de 500 trabalhadores, que perde 25 trabalhadores por ano, e todos eles insatisfeitos, nunca devia ludibriar-nos que quer ser uma companhia de local de energia – demagogia tem limites.

O pior de tudo, é que antes mesmo de eu dizer adeus a esta empresa na semana passada, já aqueles que cortaram relações jurídico-laborais com ela antes de mim, dentre eles, nenhum e hoje amigo da empresa ou fala bem dela. Eu junto-me a eles e com muitas razões que devem passar certamente por vias jurídicas.

Dizia e com razão Lord Alexander, que “o lugar mais quente no inferno, reserva-se para homens e mulheres que na hora da crise se mostraram indiferentes”.

Conheço pessoas que saíram, por exemplo, da Total E&P-Angola, que hoje ainda vão pra lá visitar e falam bem dela, mais não desta nossa, onde nós temos um ‘ministrum’ ou servidor (permitam-me um pouco de latim) que devia servir, mais na verdade esta mais interessado no seu ‘peculium’ do que em seus irmãos.

Assim na orgia e suor de muitos, ao longe e em clarões esta empresa cintila. Talvez o certo fosse acreditar que para certos líderes como o da minha ex-empresa, a quem os donos ordinariamente deram muita espada, ele acaba provando para todos nós que tem pouca língua. E como conseqüência natural, no seu espaço e tempo, ele tem o cuidado de só abater e humilhar aos que muito roncam, isto porque ele não quer roncadores – dai a indiferença descarada que se vive nesta unidade de produção de ouro negro.

A conclusão a que muitos podem chegar, e que talvez esta empresa, não valoriza quadros nacionais, senão vejamos: como é que um quadro superior como eu efectivo na empresa a 5 anos, e nunca fui disciplinado, não tem direito a telefone para serviço, tenho que receber telefonemas de serviço no meu telefone pessoal? Como se não bastasse, ainda a chefe do meu chefe, também estrangeira, exige que eu scaneie 1000 páginas de apólices de seguro energia já caducadas desde 2003 ate a data?

Pior ainda, agora que já sai me pergunto como e que meu salário em cinco anos só subiu USD 200.00? Algo não esta bem, e acho que o decreto 116.08 de 14 de Outubro, 2008 devera repor alguma ordem no sector começando com a minha ex-empresa.

Coragem manos e manas que por aí ficais, até o cão tem o seu próprio dia.

Com espanto ainda escutei e senti-me encorajado quando o Director do RH de minha empresa, falou-me da estratégia maquiavélica dos nossos chefes em relação a certos angolanos, eu incluído. Pelo que ficou expressado por ele, algo não ia bem, havia injustiça e que se eu fosse sair, fizesse algo para beneficiar os que ficam – tentou seduziu-me assim a fazer o trabalho que e primeiramente dele – assim são os líderes passivos.

Ora bem, ser líder sindical, não e meu forte, e por isso ao tecer estes comentários e tudo que posso e sei, na ânsia de que alguém por este pai a fora posa ler e tomar medidas.

Eu saio em paz comigo mesmo, muito embora sem que a empresa me tenha dado uma única explicação em relação as minhas perguntas e demandas. Não acho que estes tratamentos dignificam os Angolanos. Julgando pelos indicadores acima mencionados, este nosso recurso natural, não esta sendo uma bênção. Até que para muitos e mais uma maldição do que bênção. Essa e a verdade dos quadros angolanos como eu, que por aí passaram, e juram nunca mais voltar para este sector que ainda pertence às áreas não libertadas.

Já agora não quero esquecer dizer à nação, que aqui em Luanda, sentava ao lado de alguns estrangeiros/expats que facturam mais USD 20 mil por mês, e por cima têm carro da empresa e casa paga em Atlântico Sul.

Eles vivem o sonho angolano. Eles são peritos no sector e sabem tudo, por isso ganham 4 vezes mais que qualquer angolano, não importa onde estudou ou se a empresa o mandou por 3 anos fora para a formação.

Imagine você chegar ao serviço, atrasado por causa das enchuvadas típicas de Luanda. A casa não teve energia a noite anterior, água e do bidon, transporte foram os miúdos do bairro que levaram nas costas para atravessar as lagoas do bairro. O indivíduo precisou de 3 anjos candongueiros, sem cinto de segurança(lá nas petrolíferas antes dos cintos serem lei, já era lei usá-los) para chegar a cidade. Agora o chefe que chega de Luanda Sul, com motorista particular e diz: “a próxima você fica com falta injustificada”.

Eu até entendo o porquê sirvo-me então do contexto da lei da seleção natural para ajudar-vos a responder. Diga-se a verdade; o petróleo do mar do norte esta a secar. Já que aqui e o que esta a dar, então eles ficam aqui 4 ou mesmo 6 anos, e não transferem “know how” ou conhecimento nenhum a angolanos (uma vez em Londres um “Especial Assistant” chamados na firma EA ou Assistente especial, disse-me que “nunca transferiria nenhum conhecimento a alguém que no futuro lhe tiraria o emprego. Que confissão tropical). Por isso e que quando chega a hora de irem-se embora, além das lágrimas, eles tudo fazem para serem substituídos por outros muzungos. Ate quando esta situação?

Será que Nigerizar Angola e a única via para tomar-mos controle deste e outros recursos? Talvez não, porque temos um governo que já esta mostrando as garras, e isto e bom. Para mim, os ‘blue stamps’ se foi uma invenção lá de Olimpus, cidade grega onde moravam os deuses, a actual medida deixa muitos deixa-me radiante e certo que meu filho já mais passará pelo que passei com estes monstros.

Há certamente por este país, muitos angolanos como eu, de gênio profundamente equilibrado, que tudo farão para que seu contributo já mais se esvazie, sob a sombra do gosto burguês, seja ele da nomenclatura, ou seja os David Livingstons, também sejam eles de que hemisfério.

Hoje, sim, terminou para mim um sonho que já estava se tornado em pesadelo. Quando ao futuro, fechou-se uma porta e mil janelas estão já se abrindo graças ao todo poderoso. Talvez dedicando-me a vida empresarial ainda poderei sim fazer a diferença.

A minha semelhança, acredito piamente, que há uns tantos que como eu, tem abraçado, não só o sonho de voltar a terra que os viu a nascer, e também para conquistarem o sonho Angolano, mais infelizmente, muitos deles, estão perdendo o espírito patriótico que os guiou, tudo por causa da prosmicuidade dos colossus que por cá mandam em toda actividade econômica.

Para mim, quase 3 anos desde nosso triunfante regresso a pátria, ainda pergunto-me a mim mesmo: valeu apenas ter voltado? Teria sido melhor ter permanecido na diáspora? Só o tempo dirá. Entretanto, quando vejo minha família já a falar o português e a apreciar o nosso tecido cultural, fico com a sensação de missão cumprida.

Termino aqui fazendo uso das palavras do bem conceituado artista e musico angolano Yannick quando ele diz que “deste lado temos algo em comum”: só que paradoxalmente, nas empresas petrolíferas nos os Mwuangoles não estamos a travar outros Mwuangoles, a única verdade inquestionável e que, por onde eu passei, o estrangeiro tem mesmo mais facilidades.

 “Free like a bird” – Livre como o passaro: Reflexões (II) - Mário Cumandala

* Mário Cumandala / Economista angolano
Fonte: Club-k