Luanda - A "falta de cuidados pré-natais" é principal causa das mortes. O serviço de urgência da maternidade de Luanda atende diariamente entre 150 a 200 pacientes

Fonte: Lusa

Mais de 110 crianças morreram, por cada 1.000 partos, na maternidade Lucrécia Paim, em Luanda, nos últimos dois meses, informou hoje o chefe de serviço da neonatologia da maternidade pública, Corado Silva

 

O médico falava à imprensa durante a visita que a ministra da Família e Promoção da Mulher, Filomena Delgado, efetuou àquela unidade hospitalar, tendo ainda revelado que a "falta de cuidados pré-natais" é principal causa das mortes.

 

"A mortalidade neonatal aqui no serviço está um bocado alta. Nestes dois últimos meses foi de 113 em janeiro e agora 115 no mês de fevereiro, por mil partos, que se devem ao mau seguimento do pré-natal nas mães, em que certas situações poderiam ser identificadas antes do parto e não são", disse Corado Silva.

 

A maternidade Lucrécia Paim é uma das maiores unidades hospitalares de Angola, especializada no atendimento e consulta às mulheres gestantes.

 

De acordo com médico pediatra, a unidade hospitalar regista em média 100 casos de crianças seropositivas por mês e das crianças que participam no programa de corte de transmissão vertical "apenas quatro fora infetadas por falta de colaboração das mães".

 

"Nos últimos dois meses, dezembro e janeiro, de todos que participaram nos programas de transmissão vertical, não tivemos nenhum infetado, mas já no fim do mês de fevereiro tivemos quatro, por falta de colaboração das próprias mães", esclareceu.

 

A Lusa noticiou a 03 de março que a Rede Angolana de Serviços da Sida, organização não-governamental, estima que apenas 3.000 crianças infetadas com HIV-Sida em Angola estão a fazer terapia antirretroviral, o equivalente a cerca de dez por cento do total.

 

Diariamente o serviço de urgência da maternidade pública de Luanda atende em média entre 150 a 200 pacientes, e destas cerca de 50 são encaminhadas pela sala de parto.

 

A diretora da maternidade, Adelaide de Carvalho, disse na ocasião que a instituição as vezes se vê com " dificuldades para responder à demanda", e acrescentou que a unidade hospitalar carece de médicos anestesistas.

 

"Temos 58 médicos entre nacionais e estrangeiros, temos uma carência grande em médicos anestesistas, estamos a trabalhar por esta altura com uma equipa de um anestesista nacional e mais dois estrangeiros, mas ainda consideramos insuficiente", disse.

 

Por sua vez, a ministra Filomena Delgado, explicou que, no âmbito do comité de auditoria das mortes maternas e neo-natais, que as dificuldades que o hospital enfrenta " tem implicações na mortalidade e na assistência mais efetiva dos pacientes".

 

"Saio da maternidade um bocado preocupada, porque as dificuldades que a direção apresentou tem implicações diretas na mortalidade e na assistência mais efetiva que deveria haver aqui", lamentou a ministra.