Lisboa - Há cerca de sete anos, o advogado Paulo Blanco foi incumbido de uma missão pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola: apoiar oficialmente o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) na investigação portuguesa aberta em 2010 à queixa do Estado angolano referente a uma burla de 180 milhões de dólares (hoje, quase 170 milhões de euros) provenientes de impostos petrolíferos transferidos de forma alegadamente criminosa, entre 2007 e 2009, da Conta Única do Tesouro de Angola.

Fonte: SÁBADO

Nessa altura, entre os documentos que o advogado entregou a um magistrado do DCIAP estaria um relatório com dados alegadamente recolhidos pelo principal serviço secreto angolano, o SINSE. Estes incidiam sobretudo em inúmeras movimentações financeiras suspeitas com origem em Angola e que acabaram, também, em diversas contas abertas em bancos portugueses. Os pormenores destas movimentações financeiras suspeitas poderiam ser importantes para o Ministério Público (MP), mas acabaram por levantar suspeitas de que os angolanos teriam toupeiras nos bancos portugueses.

 

Por isso, o documento em causa nunca terá sido junto ao processo­-crime português que ainda hoje se encontra em investigação no DCIAP, mas foi guardado pelo então procurador titular da investigação da burla a Angola, Orlando Figueira. E terá sido apreendido já durante o actual inquérito em que este antigo magistrado foi acusado de ter sido corrompido precisamente pelo advogado Blanco e pelo vice-presidente de Angola, Manuel Vicente.


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