Cuango Cubango - Quatro dirigentes da UNITA estiveram detidos durante uma semana na comarca do Menongue, na província angolana do Kuando Kubango, por um desentendimento com um militante do MPLA, que terá decidido tirar a bandeira do partido liderado por Isaías Samakuva em dos comités de ação da formação partidária.

Fonte: DW

Esta quinta-feira (09.03) os militantes "foram todos postos em liberdade por insuficiência de prova do crime de que estavam a ser acusados", afirmou à DW África Adriano Sapiñala, secretário provincial da UNITA.


O julgamento chegou a estar marcado para a última segunda-feira (06.03).


"A nós não intimida”


Segundo Adriano Sapinãla, na sessão desta quinta-feira, o militante do MPLA esteve no julgamento como declarante, apesar de ser o causador do conflito.


O político diz que o seu partido vai processar criminalmente os agentes da polícia que prenderam os seus colegas, bem como o ativista do MPLA. O dirigente da UNITA, na província mais a sul de Angola, garante que o partido não se sente intimidado com a intolerância política.

 

"Os atos de intolerância política praticados por aquele militante do MPLA é que motivaram a detenção dos nossos companheiros. Sabemos que a intenção é deixar-nos intimidados, mas na verdade isto, a nós, não nos intimida. Não é por prender dez ou 20 militantes da UNITA que o partido vai parar. A UNITA é um partido legal e está reconhecido no Tribunal Constitucional angolano", lembrou o político.


Apelo ao espírito de reconciliação


A UNITA é o partido angolano na oposição que mais se queixa de intolerância política. No ano passado, em comunicado de imprensa, esta organização política acusava elementos do MPLA de serem responsáveis pela morte de três dos seus militantes na província do Kwanza Sul.


Adriano Sapiñala afirma que a intolerância é um mecanismo que o partido que governa Angola usa para desacreditar os opositores. E esse mecanismo, diz, "é a nível de todo o território nacional”.


"Dá para sentir que é uma estratégia em que eles se refugiaram para tentar intimidar as pessoas. Não acredito muito que vão desistir destas práticas tão cedo. Daí o meu apelo, no sentido do espírito real de reconciliação e sobretudo o respeito sobre as diferenças, como dita a nossa lei".


A DW África tentou, sem sucesso, contactar com os dirigentes do MPLA e da polícia angolana.