Luanda -  O autor das fotografias que denunciavam, no ano passado, as péssimas condições dos reclusos da cadeia da Comarca de Viana foi morto a tiro ontem pelas 12h, em Viana, por indivíduos desconhecidos que chegaram ao local numa viatura de marca Land Cruiser, de cor branca com os vidros fumados.

Fonte: VOA


Bruno Marques fotografou reclusos doentes enquanto esteve na cadeia. As fotos ganharam repercussão após a sua divulgação pelo activista do caso dos 15+2, Nuno Dala, que esteve preso na mesma cadeia.


O Rede Angola contactou a irmã de Bruno. Patrícia Marques confirmou que o irmão foi morto por elementos vestidos à paisana que o espancaram e alvejaram com dois tiros em plena via pública, segundo testemunhas.


“Havia muitas pessoas na rua. Os senhores da Land Cruiser branca foram ter justamente com o meu irmão pedindo que ele se identificasse, logo a seguir dispararam sobre a perna dele. O Bruno ainda correu até uma construção abandonada. Eles o seguiram, voltaram a disparar na outra perna e lhe espancaram”, explica Patrícia Marques.


Segundo as declarações de Patrícia ao Rede Angola, Bruno encontrava-se em casa de uma tia no Zango 1 quando recebeu o telefonema de uma mulher pedindo que fosse ter com ela ao distrito de Viana. Logo após ter chegado ao local, foi interpelado.


Após o incidente, a vítima ainda foi levada ao Hospital do Capalanga, em Viana, onde acabou por falecer.
“Eu sou a irmã com quem ele mais conversa e estávamos sempre juntos. Ele não tem problemas com ninguém no bairro. Isso deve ter sido uma emboscada”, explica Patrícia Marques.


Bruno Marques, que nas redes sociais usa o sobrenome “Leite de Morais”, beneficiou da Lei da Amnistia relativa aos 40 anos de independência, no ano passado. Bruno estava detido, segundo a irmã, por acusação de furto de um telemóvel.


O Rede Angola contactou Mateus Rodrigues, porta-voz da Polícia Nacional em Luanda, que confirmou a ocorrência policial, mas ainda não tem informações sobre o assunto até ao momento.