Luanda - O clima de insatisfação apoderou-se dos efectivos do Instituto Superior Técnico Militar das Forças Armadas Angolanas (ISTM/EMGFAA), porque o seu Director Geral transformou aquela instituição, que deveria ser de prestígio das Forças Armadas, em propriedade privada, onde faz e desfaz o que bem lhe apetece; e as coisas por aquelas bandas pioraram na fase de exames de acesso para o novo ano lectivo 2017 que está às portas.

Fonte: Club-k.net

O Sr. Tenente General Jaime Manuel Pombo Vilinga, Director Geral do ISTM/EMGFAA encontra-se aí a trabalhar desde 2008, ainda como Brigadeiro e Director Adjunto do Tenente General Américo Valente, então Director Geral. Depois do mandato do TG Valente, o então Brigadeiro foi promovido e nomeado a Director Geral, criando uma expectativa aos efectivos da primeira instituição universitária militar das FAA.

 

Aos poucos, o TG Vilinga foi mostrando a sua verdadeira personalidade, como diz um conhecidíssimo provérbio: “Se queres conhecer a personalidade de uma pessoa, dá-lhe dinheiro e poder.” Pelo que, esta gestão está cada vez pior.

 

Logo no início do seu mandado apoderou-se das finanças e da logística: todo o mundo sabe que tudo o que envolve dinheiro, comida e combustíveis ficou nas mãos do chefe. A principal missão do ISTM, que é formar o novo oficial das FAA para os novos desafios do milénio, tem sido ofuscada pela vontade gananciosa que o director tem de se enriquecer.

 

Quase que todo o combistível que a unidade recebe é desviado (roubado) para a fazenda do director: tamborões de gasolina e gasóleo são carregados em carrinhas com destino para o chefe, o resto é distribuído entre os efectivos. Há um sargento que mudou de cargo porque, numa altura em que não havia energia eléctrica no quartel, ele não disponibilizou o combistível para o Director, para acudir o gerador do quartel: custou-lhe o cargo.

 

O dinheiro tem sido muito mal utilizado já que as salas de aulas não têm merecido a atenção do chefe: algumas salas não têm ar condicionado, todas as salas não têm projectores; falta de meios didácticos como marcadores, papel A4, tinteiros para as impressoras. O pessoal do ensino passa por momentos muito difíceis, a ponto de gastarem do seu salário para acudir aqui e ali a ver se se remedeiam algumas situações pontuais; quando o director gasta o dinheiro a torta e a direita.

 

Para “calar a boca” de algumas pessoas, ofereceu Hilux ao Chefe da Repartição de Planeamento e ao Chefe dos Serviços de Contra Inteligência Militar. Estes chefes estão amordaçados pelas carrinhas que receberam, sem poderem exercer as suas verdadeiras funções.

 

Para se ter uma ideia, o ISTM/EMGFAA ministra o curso de Engenharia Informática, mas o Chefe Vilinga só paga a internet do gabinete dele. Desde que tomou posse, nunca renovou o contrato de internet que o anterior director deixou.

 

O senhor tem uma veneração assustadora pelos brancos: tudo o que um branco diz é uma ordem para ele. Há lá três portugueses (O Chefe do Centro de Estudos e Investigação e um arquiteto colocado no Departamento de Construções) que não fazem absolutamente nada, mas recebem salários chorudos; a outra é uma senhora portuguesa apareceu lá como professora, mas é chefe da biblioteca, que não trabalha há quase dois anos, mas recebe, por mês, cerca de 250 mil kwanzas, quando as angolanas que lá estão todos os dias recebem menos de 50 mil kwanzas. Estes brancos (professores normais) comem no refeitório de chefes.

 

É tão admirador dos claros que promoveu um mulato a coronel o chede do ciclo de clínico do Departamento do curso de medicina, quando os chefes de secção nas FAA são organicamente tenente coroneis. Mas aquele por ser mulato, promoveu a coronel. Porque não promoveu também o chefe do ciclo básico? É negro e não merece. Há um Tenente Coronel do Departamento de Electrotecnia que trabalha muito, muito dedicado o mais velho que também deveria ser promovido a Coronel. Se o Departamento de Saúde tem dois coroneis, porque o de Electrotecnia não pode ter dois?

 

Todos sabem que o chefe é mau gestor, utiliza o património da unidade como lhe apetece, mas os efectivos não sabem o que fazer, porque o chefe é defendido a ferro e fogo pelo Chefe do Estado Maior da Forças Armadas Angolanas. De lembrar que o Tenente General Vilinga é proveniente das FALA, braço armado da UNITA. Não há nada contra os militares provenientes das FALA, o que se critica neste artigo é a gestão dele no ISTM. Para se ter uma ideia de que os provenientes das FALA também são bons gestores é o chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino que atribuiu viaturas a todos os efectivos da sua Direcção, já numa altura de crise. Bom exemplo, diga-se de passagem.

 

Mas o director do ISTM faz exactamente o contrário: No processo de exame de admissão do ano lectivo passado (2016) cada candidato pagou dois mil kwanzas. Concorreram mais de 4 mil jovens. O chefe gastou todo o dinheiro: todos os fins de semana o chefe levava duzentos a quinhetos mil kwanzas até que estoirou todo o dinheiro. Qual é a finalidade das verbas arrecadas no processo de admissão? Como se disse anteriormente, o ISTM carece de tudo: papel, marcadores, ares condicionados, tinteiros para impressoras, computadores: a instituição carece de tudo; mas o chefe gastou todo o dinheiro dos exames do ano passado sem justificação, mostrando desta forma a sua difuldade em gerir uma instituição de ensino superior.

 

E no processo deste ano de 2017, o número de candidatos aumentou e solicita-se à Inspecção das FAA que averiguem a finalidade deste dinheiro. Exige-se responsabilidades a gestores de instituições públicas. O ISTM/EMGFAA é uma instituição que, embora seja militar, é pública. Os seus dinheiros devem ser justificados, contribuindo desta forma para a transparência, um valor muito distante dos gestores angolanos. Neste momento, estamos na segunda semana de aulas, mas as salas de aulas não têm marcadores, não têm tineiros, não há papel. Socorro!

 

O chefe não entende nada de ensino, entende sim de estrelas, eclipse e tudo o que faz referência a astrologia, nem quer saber de ensino. Como prova de que ele não entende de ensino é que o ISTM nunca teve uma aula magna, uma prática tradicional na abertura de todos os anos lectivos nas universidades sérias. Solicita-se ao Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas para criar uma Direcção Principal de Astrologia para acomodar o seu protegido. Nesta direcção, o Tenente General Vilinga vai ter a oportunidade de mostrar aos angolanos e ao mundo as suas qualidades de astrólogo, porque de ensino, não entende mesmo nada e está a atrapalhar aqueles que entendem e querem contribuir para o desenvolvimento do ensino nas FAA.

 

Pensa-se que o chefe interiorizou muito bem as práticas do partido no poder, porque quando aparece para fazer discursos, mostra-se como alguém sério, mas a prática é uma contradição em pessoa. Prova disso é o acesso ao ISTM: ele mesmo sabe de pessoas que passaram muito tempo a receber dinheiro (e não é pouco dinheiro, diga-se) para que os seus parentes e amigos estudassem no ISTM. A secretária dele é a chefe da quadrilha, colaborada pelo chefe do DAAC e outros. A secretária dele e o chefe do DAAc faziam uma dupla assustadora. Tanto é assim que os dois (a secretária e o chefe do DAAC) têm casas que os seus salários não justificam. O chefe sabe destes dois e finge em reuniões não saber. Fazendo de parvo todo o mundo. Um outro caso que demonstra a sua imberbidade no ensino é a falsificação de notas. Este fenómeno existe, ele diz para informar, mas não tem punho para tomadas de decisões.

 

Um dos sinais de que o Sr. TG Vilinga não tem punho é o facto de muitos cadetes não terem condições físicas para ficarem no ISTM. Fazem exames médicos, apresentam-lhe os resultados, mas só porque o cadete é parente deste ou daquele nome grande da sociedade angolana, não tem coragem de tomar decisão de comandante. No ISTM, há cadetes com SIDA, Epatite, Asma, Tuberculose e muitas outras doenças perigosas e contagiosas. Outros têm ferro nas pernas, olhos postiços, sem condições de aulas de preparação física. Quando o professor de preparação física se chateia e toma medidas coersivas para o cadete fazer treino físico, o professor é punido, porque os cadetes com problemas de saúde devem ser cuidados como ovos, ao invês de darem lugar aqueles que fariam melhor papel. Há cadetes que terminam com doenças perigosas. Prova disso é um cadete que defendeu neste ano 2017 que faleceu de Tuberculose óssea. Quem entende de vida militar sabe que uma pessoa com esta doença representa um perigo em ambientes como internatos.

 

No ano passado ele mesmo aprovou o regulamento de avaliação do ISTM, mas quando lhe apetece, pisoteia o mesmo regulamento. Inventa exames de especiais quando lhe apetece, ou quando vê que um sobrinho dele ou um protegido dele se encontra em apuros, contrariando completamente o instumento de avaliação desta instituição. Não ouve a opinião dos chefes de departamentos. Só ele é que sabe tudo, só ele manda.

 

É muito arrogante. Pensa que sabe tudo. Ignora tudo e todos. Não respeita a opinião dos directores adjuntos (um para o ensino e outro para a organização militar). Para terem a ideia de como o chefe pisoteia os seus colaboradores, indicou verbalmente uma major para chefiar o processo de exame de admissão, quando essa actividade é da responsabilidade do Brigadeiro Belmiro Rosa, Adjunto para o Ensino. O chefe chegou na unidade e disse que a Major é a responsável pelo processo de exame de admissão. Advinhem quem elaborou os exames? O português do Centro de Estudos. Algumas provas foram elaboradas sem terem em conta os tópicos vendidos no memento das inscrições. Foram elaboradas em Portugal, com conteúdos de programas das escolas portuguesas. Houve um dia que a Major se atrasou e o Brigadeiro Belmiro não sabia o que fazer. Dava pena ver um mais velho da idade dele a depender de uma Major.

 

O pior é que o chefe centralizou todo o processo de admissão de 2017. As instituições universitárias geralmente nos processos de admissão elaboram um regulamento. No ISTM o regulamento é o chefe: ele é que sabe quem entra e quem não entra. No ISTM não se publicam as notas dos candidatos: publicam apenas os nomes dos admitidos, numa prática de falta de transparência e de seriedade.

 

Os efectivos estão tristes porque para este ano, até os que têm filhos que se candidataram o chefe não os recebeu. É normal haver solicitações de efectivos de instituições universitárias. Todo o mundo sabe disso, mas no ISTM/EMGFAA não há solicitações dos efectivos. As únicas solicitações são as dos generais. O triste é que a maior parte dos efectivos não se sente valorizada, porque para o chefe, só entra quem é família de um general. Onde é que já se viu que até brigadeiros e coroneis, que deveriam ser colaboradores directos dele, não conseguiram colocar filhos a estudar no ISTM? Desta forma, passou certificados de incompetência aos seus colaboradores diante de suas famílias: como o brigadeiro, coronel, T. Coronel, Major, Capitão vão dizer aos seus parentes que não conseguiu colocar o filho, sobrinho, primo a estudar no ISTM?

Um apelo ao Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas:

A ideia da criação do ISTM é válida, mas não para acomodar pessoas. O Chefe Nunda é uma pessoa que é tida como alguém que sabe ouvir, sabe aconselhar e tem tido boas iniciativas. Então, chefe, faça como a Polícia que reuniu todos os efectivos formados e entendidos em matéria de Administração, ciências da educação e pedagógicas e estão a gerir o Instituto Superior da Polícia;


Ordene aos órgãos de pessoal e quadros para implementar a tabela salarial da carreira docente vigente no país, enquanto se trabalha na carreira docente militar. Há uma professora, que já não trabalha aí, precisou de uma declaração de contagem de tempo para a reforma, uma vez que já queria se aposentar na sua actividade de professora. Constatou-se que esta professora tinha dupla efectividade, uma delas no ISTM: na DPPQ mostraram-lhe comprovativos de que recebia salários todos os meses, subsídios de férias e subsídios de natal desde 2009, mas a coitada da professora só recebia do ISTM uma remuneração de oito mil kwanzas por cada aula que ela dava. Excia, para onde foi o dinheiro da professora e de outros professores mal remunerados?


Ordene aos órgãos de saúde para que sejam sérios no processo de inspeccionar os candidatos ao ISTM. Que não entrem pessoas por serem filhos de generais ou outras pessoas de top na sociedade angolana: entrem as que reunam condições de saúde para tal; por outro lado, mande fazer um chek up a todos os cadetes e verificar os que, de facto, devem estudar aí. Caso contrário, aquilo vai se transformar num grande foco de transmissão de doenças contagiosas. Depois do cadete concluir a formação, muitos vão morrer, como aconteceu com o falecido. Não é que desejamos isso, estamos a aconselhar para que os que entram no ISTM saudáveis não saiam doentes, sem capacidade para contribuir para o desenvolvimento do país.


Ordene para se incentivar os militares docentes do ISTM, pois existe um subsídio de docência que só recebe quem o Chefe do DAAC achar conveniente. Na verdade, este subsídio deveria ser para todos os que estão na docência: docentes e dirigentes docentes. Mas no ISTM há quem dá aulas e não recebe este estímulo e há quem não dá aulas e recebe. Que se crie um documento que esclarece quem deve receber e quem não deve receber;


Excia, o ISTM tem tudo para dar certo, mas ponha pessoas certas em lugares certos. Se se fizer um levantamento de quantos docentes militares estão nas diferentes universidades de Luanda, verificará-se que muitos desses militares podem encontrar o que procuram nessas universidades no ISTM. É possível, basta implementar.


Ordene para o pessoal nomear um director docente: há muitos Tenentes Generais docentes espalhados nesta Luanda, muitos deles com vontade de mostrar trabalho. Pedimos encarecidamente que o actual director já está rico com o dinheiro do ISTM, basta e nomeie um docente para transformar o ISTM numa instituição de Ensino Superior Militar a formar engenheiros e médicos.

 

Um apelo ao Ministério do Ensino Superior (este é um desafio para o novo ministro):

 

Façam uma inspecção ao ISTM. Aquilo está uma confusão. Não há transparência no processo de admissão. Em todas as instituições publicam as notas dos exames de admissão; o ISTM não publica os resultados dos exames de acesso. Faz sair apenas a lista dos aprovados, sem as respectivas notas. o que faz o ISTM não seguir o exemplo de transparência?


Peçam para vos apresentarem o regulamento dos exames de acesso ao ISTM (duvidamos que exista).


Inspecionem o órgão de Pessoal e Quadros. Digam (pensamos que não sabem) o verdadeiro papel do Gestor de Pessoal numa instituição universitária e digam também o verdadeiro papel do DAAC. Está uma confusão, acontece que o DAAC é que assina contratos de trabalhos com os professores, quando há a área de Pessoal e Quadros, numa auténtica usurpação de papeis.

 

O ISTM não consegue definir a forma de pagamento de professores: uns recebem por módulos (quando a orientação do Ministério é de, em instituições públicas, implementar a tabela salarial dos docentes universitários), há também um grupo que lhe é pago um salário sem bases legais, salário abaixo das categorias docentes vigentes no país e há também um grupo que recebe no banco sem nada a ver com os dois primeiros grupos mencionados anteriormente. Se as academias dos ramos que começaram muito mais tarde que o ISTM já ultrapassou este qusito, o ISTM tem dificuldades em fazer o mesmo porquê? Não remuneram os docentes que participam nas vigilâncias tanto dos exames de acesso, quanto nos exames de épocas normais e de recurso. Os laboratórios são uma faixada: tirando o laboratório de medicina, todos os outros não funcionam. Prova disso é que os engenheiros formados no ISTM não têm a vertente prática de laboratórios.

 

Em jeito de conclusão, solicita-se encarecidamente que retirem este chefe deste cargo porque está a afundar a instituição, coloquem alguém que entenda de ensino, um Tenente General que seja professor de verdade. Acabe-se com a prática de nomear pessoas sem competência. Há nas FAA pessoas capazes de fazer o ISTM/EMGFAA produzir verdadeiros quadros das FAA.

 

Sublinhe-se aqui que este texto não é uma campanha contra o Tenente General Jaime Manuel Pombo Vilinga, que até é PHD. Sabe-se que ele pode ser competente em alguma coisa, mas durante o tempo que está a dirigir o ISTM/EMGFAA tem se revelado alguém que não ajuda a instituição, nem tão pouco as FAA. Antes pelo contrário, tem se aproveitado do cargo para se enriquecer pessoalmente, não respeita os seus colaboradores directos e o pior é que não permite que os que estão realmente interessados em formar quadros das FAA façam o seu trabalho.

 

* Enviado por fonte que pediu anonimato