Luanda - As eleições de 2017 são as primeiras em tempo de crise económica e financeira causada pela queda do preço do petróleo no mercado internacional. Não há divisas e a oposição queixa-se de dificuldades em fazer campanha.

Fonte: DW

Esta situação poderá prejudicar principalmente os partidos da oposição. Vitorino Nhany é secretário nacional para assuntos eleitorais da UNITA, o maior partido da oposição, e não tem dúvidas de que a escassez de divisas vai complicar a caça ao voto.


O político não confia no material produzido localmente: "Nós estamos numa situação de crise em que praticamente nada se importa. E o mercado não nos oferece material de qualidade. Por exemplo para suportar toda carga eleitoral o partido precisa de cerca de trinta milhões de dólares. Agora, essas divisas não se conseguem”.


Também Benedito Daniel do Partido de Renovação Social (PRS) prevê dificuldades na importação do material de propaganda, como camisolas, bonés e bandeiras.


Ele considera que "o Executivo deve compreender que os partidos políticos têm esse compromisso e deve abrir uma linha que possa conceder aos partidos políticos para que possam importar o [material] de propaganda para que possamos cumprir com este desiderato."


MPLA em vantagem na caça ao voto


Nesta fase de pré-campanha já são visíveis bandeiras do MPLA, partido no poder, UNITA, CASA-CE e PRS nas ruas de Luanda e nalguns edifícios. Enquanto aguardam pelo financiamento do Estado, os partidos vão usando meios próprios para fazer passar a sua mensagem aos potenciais eleitores, que já se registaram e atualizaram os seus dados entre agosto de 2016 a 31 março deste ano.


Vitorino Nhany diz que o seu partido está a utilzar o stock das eleições gerais de 2012: "No nosso caso ainda temos algumas bandeiras que tínhamos adquirido na África do Sul no tempo previsto da pré-campanha e a própria campanha. Mas achamos que é preciso reforçá-los para podermos respirar um oxigénio puro para não encontrarmos problemas maiores."


Já o MPLA apresenta algum material novo de propaganda com o rosto de João Lourenço, seu cabeça de lista às eleições gerais de 2017.


Benedito Daniel diz que a situação da falta de divisas está insustentável. O político recorda que o seu material de propaganda importado há mais de dois anos, está retido na vizinha República da Namíbia por falta de verbas.
E ele conta: "Infelizmente, há dois anos, desde 2013, que não conseguimos meter esse material no país por falta de pagamento. Temos feito algum esforço junto do Governo para nos facilitar algum câmbio oficial que nos permita fazer o pagamento, mas nunca conseguimos."