Namibe – De acordo com Esteves (2015) quem descobre Jesus Cristo sente-se cativado por ele e chamado a segui-lo: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas mas possuirá a luz da vida" (Jó 8: 12). Deste modo, o ideal cristão não é apenas um conjunto de verdades e de valores. É, antes de mais, o encontro e a descoberta de uma pessoa viva, Jesus Cristo, fonte e fundamento desses valores: "Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda crestes n'Ele e isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa" (1 Ped. 1: 8-9).

Fonte: Club-k.net

O Escutismo é o maior movimento juvenil e o mais organizado em todo mundo. E não é por acaso que hoje conta com 30 milhões de membros, e mais de 310 mil pessoas já passaram por este grande movimento.

 

Aqui neste artigo trago a relação e parceria que existe entre o escutismo e a igreja. Uma relação e parceria que já vigora desde algumas décadas até a presente data, tendo em conta os seus aspectos positivos e negativos. E que na maioria dos casos é mal interpretada por certos padres e pastores que fazem parte da própria igreja, e principalmente a Católica e as evangélicas porque muitos deles pensam que o escutismo é religião, e que eles são os proprietários das paróquias e pastorados para o qual foram nomeados, onde os agrupamentos estão filiados julgando o escutismo e as nossas actividades da maneira que lhes bem apetece.

 

Em relação as actividades escutistas, estas desempenham um papel importantíssimo na dinâmica escutista, porque são o chamariz para crianças e jovens, ponto-chave do aprender fazendo e por fim a carta de apresentação, já que, na maior parte dos casos, é através destas actividades que as famílias e outros membros da comunidade tomam contacto com o movimento, (Programa Educativo da Associação de Escuteiros de Angola, 2013: 57). Similarmente, o escutismo faz se na natureza e não nas paróquias ou pastorados, porque o acampamento é o jardim celestial do rapaz, e a oportunidade do chefe. E, além disso, é Escutismo. Somos um Movimento, não uma organização. Trabalhamos por meio do «amor e da legislação" disse Baden Powell.

 

Assim sendo, o escutismo em Angola só vai caminhar bem quando este sair da igreja. Porque há muita interferência por parte da igreja e de certos padres no que toca aos nossos ideais, que na maior parte dos casos somos obrigados a sacrificar as nossas actividades importantes em detrimento das actividades da igreja, não querem que os agrupamentos construam suas sedes próprias dentro e fora da igreja mesmo sabendo que nós somos “um movimento na igreja e com um estatuto próprio reconhecido pelo estado angolano”. E mesmo que construírem as suas sedes no recinto da igreja estes depois por sua vez recebem a estrutura alegando que foi construída no terreno que lhes pertence como aconteceu em muitas províncias.

É verdade que o escutismo estando na igreja deve obedecer os regulamentos da própria igreja, participando nas actividades bem como em outros eventos que a mesma organiza, isto é por meio dos seus associados que são os escuteiros. Mas em contrapartida a igreja deve respeitar os seus ideais, por este ter um estatuto próprio e ser um movimento não tutelado pela igreja.

 

Por outro lado, alguns destes padres e a maioria dos crentes da igreja veem nos simplesmente como mão de obra barata na hora de trabalhar e sempre com as mesmas desculpas “de que os escuteiros não rezam e só fazem barulho nas missas”, e falam com tanta certeza como se tivessem o controlo de todos os escuteiros a nível do mundo para generalizarem e dizerem isso em vez de particularizarem, porque alguns deles nem sabem que os escuteiros estão divididos por agrupamentos em ordem numérica. Além disso, o terceiro princípio do escutismo diz que “o dever do escuta começa em casa”, quer dizer que os pais devem educar os seus filhos com a sua educação familiar.

 

Em um estudo recente (Sangangula, 2017: 3) no seu artigo intitulado O Escutismo e a Religião, diz que a igreja é parceiro da associação (Programa Educativo da Associação de Escuteiros de Angola, 2013: 3). Novamente, as estruturas básicas do escutismo que são os “agrupamentos” na sua maioria estão localizadas e sediadas dentro das igrejas afecto aos credos acima citado, e têm um assistente que pode ser um padre, pastor ou pessoa singular de acordo com o (Regulamento Geral da AEA, art. 137o, 2013, p. 61) e de acordo com o “Chefe R. Andrade (comunicação pessoal, 08 Dezembro, 2015).

Além disso a maioria destes mesmos assistentes não dão uma assistência directa aos agrupamentos como deve ser na prática o que dificulta bastante uma boa cooperação com os chefes de agrupamento para a mais correcta aplicação das formas de ensino - aprendizagem no reforço da pedagogia da fé de qualquer um dos credos ou confissões religiosas a que estejam vinculados, e a programação, orientação da pedagogia da fé conforme o método do escutismo e o plano local da entidade a que esteja vinculado, em cooperação com a direcção do agrupamento e com a colaboração dos demais dirigentes em exercício de funções no agrupamento, (O Escutismo e a Religião, 2017: 3-4).

 

E também é importante destacar que não podemos confundir a igreja com o escutismo, porque são coisas completamente diferente onde o Escutismo (Scouting s) é um movimento juvenil mundial, educacional, voluntariado, apartidário e sem fins lucrativos baseado nos métodos criados por Robert Stephenson Smyth Baden-Powell e nas directivas gerais e específicas da OMME, com a sua etimologia na palavra inglesa “Scout” (Scouting n), que é composta de duas palavras: Scout v, que significa explorar, e –ing suffixo, que é usado para se formar o particípio presente dos verbos regulares em Inglês, Hornby (2005). E a igreja uma palavra que etimologicamente, vem da palavra grega ekklesia é composta de dois radicais gregos: ek, que significa para fora, e klesia, que significa chamados, é uma instituição religiosa cristã separada do estado, ou uma comunidade de fiéis ligados pela mesma fé e submetidos aos mesmos chefes espirituais, Wikipédia (2017).

 

No contexto bíblico, o termo igreja designa "reunião de pessoas", algumas vezes associado a uma doutrina específica, como, por exemplo, as sete Igrejas do Apocalipse citadas pelo apóstolo João no livro do Apocalipse, que são castigadas ou elogiadas de acordo com uma doutrina central, Wikipédia (2017).

 

Em particular a ECA em Angola não é uma associação, mas sim uma sigla dos Escuteiros Católicos de Angola, que vem da extinta AECA (Associação de Escuteiros Católicos de Angola) que se juntou também a extinta ANE (Associação Nacional de Escuteiros) para dar origem a A.E.A (Associação de Escuteiros de Angola). Mas a maior parte dos seus efectivos que são católicos usam uma insígnia do credo com a sigla E.C.A (Escuteiros Católicos de Angola), na parte superior da manga do uniforme de acordo com o “Regulamento sobre uniformes, insígnias, bandeirolas, varas”, (O Escutismo e a Religião, 2017: 3).

 

Enquanto em Portugal o Corpo Nacional de Escutas é um movimento da Igreja Católica. O Escutismo católico em Portugal conta já com 91 anos de existência. Às orientações definidas pelo fundador Baden Powell associam-se os mandamentos da Igreja. Espera-se que seja uma escola de jovens, humana e cristã. A espiritualidade que somos todos convidados a viver, desde a encarnação de Deus que se fez Homem, passando pela morte na cruz, continuando na presença em nós para, com o seu amor, nos salvar, é factor decisivo que contribui para a nossa felicidade. Sabermos que temos connosco quem nos ama de forma incondicional, que nos conhece, nos apoia e nunca nos abandona é para nós motivo suficiente para nos dar força para caminhar e ultrapassar todas as dificuldades. É o grande suporte que temos, que nos faz ter condições para dar o pontapé no prefixo “im” da palavra impossível, Esteves (2015).

 

Apesar disso é muito importante, e fundamental, que na AEA esta parceria com a igreja seja revista e bem analisada, “por sermos um movimento na igreja e não da igreja”. Onde a formação dos jovens é assente no método escutista que tem por finalidade o desenvolvimento integral e paulatino da pessoa humana, ao nível da sua personalidade e maturidade, estabelecendo cinco áreas de desenvolvimento físico, intelectual, emocional, espiritual, social; podendo-se resumir e condensar tudo no carácter como objectivo final da formação escutista. Porque a maioria de nós aqui nas bases que são os agrupamentos estamos a sofrer por causa de certos padres.

 

Por fim, muitos dos padres, pastores e crentes não querem apenas destruir os nossos agrupamentos e os nossos escuteiros, eles querem sim desonrar o nosso modo de vida, sujar nossas crenças, e pisotear nossa liberdade escutista. E nesse sentido eles não conseguem...porque foi Deus quem nos concedeu este maior presente que é o escutismo através de LORD BADEN-POWELL.

 

Mas nós vamos caminhar, renovados, fortes e unidos., porque este é o nosso tempo...nossa chance de voltar ao melhor de quem somos. Para dar o exemplo com a dignidade, integridade e honra que construiu este movimento e que irá construi-lo mais uma vez.


*Londaka Sangangula é licenciado em Linguistica Inglês, chefe escuteiro, escritor, investigador, autodidacta em Política, inteligência e contra inteligência, assuntos militares e americanos desde 2009.