Luanda - Os analistas respondiam a uma declaração do antigo primeiro-ministro Lopo do Nascimento que numa recente entrevista para a emergência de um poder bicéfalo, caso João Lourenço seja eleito presidente da República e José Eduardo dos Santos permaneça na liderança do MPLA.

Fonte: VOA

O cientista a político Nelson Pestana Bonavena disse que essa possibilidade não se põe devido ao facto da constituição angolana dar todos os poderes ao presidente da república.

 

“Lopo do Nascimento raciocina em termos de partido único, de um sistema em que o MPLA é parte do poder, é a força dirigente como dizia a primeira constituição”, disse o analista que fez notar contudo que a constituição angolana prevê três poderes (legislativo, executivo e judicial) e “não há nenhuma alusão aos partidos políticos enquanto órgão de soberania”.

 

“O MPLA não é um órgão de soberania, é um partido politico que participa na vida política nacional . e que pode condicionar a vontade dos seus militantes mas não é um órgão de sboberania e por isso não temos bicefalia” disse Nelson Pestana Bonavena.

 

O cientista político disse que na sua opinião foi “o poder de estado que permitiu ao presidente José Eduadro dos Santos a trajectória política que ele tem até agora e não o contrário e por isso essa dita bicafelia é do meu ponto de vista ilusória”.

 

Para Bonavena “com a constituição actual o presidente da república é senhor de todo o poder e inclusive manda na própria Assembleia da Republica, tem poder legislativo, pode governar de costas viradas para a nação”.

 

“O poder está totalmente concentrado no presidente da república”, acrescentou o analista para quem “por isso o presidente pode acantonar o MPLA fácilmente e ignorar pura e simplesmente a existência de um outro presidente”.

 

Nelson Pestana Bonavena reconheceu que o presidente do MPLA pode transformar-se numa “força de destabilização” usando apoiantes seus na Assembleia da Republica contra o presidente do país.

 

Mas avisou que isso “pode não ter boas consequências para todos” inclusive o próprio MPLA.

 

Já o politólogo Alberto Cafussa disse que não há nada que indique que Eduardo dos Santos não cumprirá a sua promessa de abandonar a política em 2018.

 

Cafussa fez notar que Eduardo dos Santos decidiu não concorrer á presidência da Republica como tinha prometido, acrescentando que Eduardo dos Santos “tem determinação nas suas decisões”.

 

O politólogo afirmou que se Eduardo dos Santos cumprir a sua promessa o partido terá que realizar um congresso extraordinário para escolher um novo líder

 

O analista admitiu que “hipoteticamente” se pode especular sobre a permanência de Eduardo dos Santos na chefia do partido e também sobre se o MPLA “ganha mais com ele como presidente do partido ou ganha mais com ele fora do partido”.

 

Para além disso “é preciso ter em conta os interesses dele”, acrescentou para no entanto afirmar que de momento a questão de um poder bicéfalo “ não se coloca”.