Toronto - Apressadamente e sem hesitar assim que terminei a -(???)- leitura do último capítulo das -“proibidas”- 13 Teses de Nito Alves, achei oportuno navegar alem dos contos populares "murmurados" em Angola sobre o assunto. Como base de sustento, rebusquei o famoso manuscrito de Bisi Ojediran e Mia Couto na qual interligam Obama e África
”uma centralização formal ou mecânica não seria mais do que a centralização do “poder” nas mãos de uma burocracia com vista a dominar os outros” - Nito Alves
“As mãos da maior parte deles (governantes africanos) estão sujas de sangue dos muitos Obamas que assassinaram, e suas consciências estão pesadas devido por terem suprimido nos seus países, vários potenciais Obamas com a má governação, a pobreza e as condições de vida insuportáveis.” Passagem extraída no texto de "Será Obama um homem negro? - Bisi Ojediran Bisi."
O articulista camaronês não parou por ai e disse: Tendo em conta que os líderes Africanos são autênticos desastres, não será de mau agouro desejar que ele seja Africano? Questionou Bisi Ojediran idignado contra as aberrações do líderes africanos. “É uma vergonha que líderes Africanos agora se curvam um a um para se congratularem com o Presidente eleito”. Quantos Obamas eles produziram nos seus países? Alertou o crítico camaronês.
Por outro lado, o escritor moçambicano Mia Couto, respondeu as inquietações levantadas pelo escritor camaronês Patrice Nganang inseridas no texto intitulado: "E se Obama fosse camaronês?" nos seguintes termos:
- Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto.
- Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões
- “Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. .. seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente
- Se Obama fosse africano “ser-Ihe-ia retirado o passaporte.
- Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante
- (…)
Nito & Obama (similaridades)
Persuasão
“Era um orador brilhante e um mobilizador.” Tal como Obama -congresso dos Democratas-, Nito Alves, segundo a história, conquistou a sua popularidade durante a sua intervenção num dos congressos do MPLA. “...a intervenção de Nito Alves no congresso permitiu salvar Neto, que, pouco depois, assinou um acordo de cessar-fogo com Portugal, assumindo-se, a partir daí, como o único interlocutor do MPLA no processo de descolonização, enfatiza o jornal português Diário de Noticias.
- Nito Alves, aos 25 anos de idade já constituía uma ameaça politica para os “Kotas”, confidenciou em anonimato um testemunho ocular. Como nota de exemplo, a mesma fonte descreve brevemente: não foi por acaso ou coincidência que Nito Alves, era tão popular e querido por muitos. Nito, só falava quando estivesse seguro. Argumentava com evidências. Detinha uma bagagem argumentativa natural e genial que convencia ate os diabos (…)”
No documento “As 13 Teses em Minha Defesa”, Nito Alves, evidencia claramente o seu poder de persuadir, com os seguintes argumentos:
- A filosofia descoberta por Marx e Engels e enriquecida posteriormente por Lénine ensina-nos o seguinte: ”Divórcio entre a dialéctica subjectiva (o movimento do conhecimento) e objectiva (o movimento da matéria) é a raiz da gnoseologia (5) fundamental do agnóstico (6)”; tal é a verdade científica que nos oferece F.V. Konstantinov, no seu livro Fundamentos da Filosofia Marxista-Leninista, editada pela Academia de Ciências da URSS.
- Como é que procedem os que me acusam? Que método: apresentam-me uma lista numérica, uma lista aritmética de acusações, algumas delas duma ingenuidade primitiva. Diante deles, apenas me reservam o insultante papel de responder por uma única alternativa – método do dilema ou argumentação cornuda: ou sim ou não!
- Os autores da acusação são absolutamente incapazes de perspectivar os seus ”factos” em movimento do tempo e no espaço; são absolutamente incapazes de explica-lo à base do princípio da causalidade; são totalmente incapazes de ver o nexo, a interacção objectiva existente entre os mesmos; são redondamente incapazes de analisá-los à base da lei da necessidade e o seu vínculo interno com a casualidade. Enfim são numa palavra, metafísicos ou pelo menos procedem como tal.
- Em tese, os autores da acusação negam simplesmente o princípio do determinismo filosófico – pedra angular de toda a explicação verdadeiramente científica do mundo e seus fenómenos, quer sociais, políticos e históricos e das leis objectivas que os regem.
- Na verdade, como argumentar diante de um areópago, diante de juízes que negam ou desconhecem o método dialéctico do conhecimento ? Como defender a verdade diante de metafísicos, ou hegelianos? Como defender a demonstrabilidade da essência dos fenómenos sociais em presença, quando os juízesaparecem vestidos com a toga do maoísmo? Algumas cadeiras especiais na corte dos juízes são ocupadas pelos”revolucionários de salão”, que ostentam o seu pedantismo pretensioso , o seu ecletismo filosófico.
- Entretanto, em relação ao método e técnica científica de recolha e utilização científica das informações, importa dar notícia do que sobre a matéria nos diz O. Yakot, no seu livro, O Que é O Materialismo Dialéctico?
- “Primeiro de tudo, é necessário que os factos sejam cuidadosamente verificados. Se forem recolhidos à pressa e sem verificação, não se pode atingir a essência das coisas. Lénine sublinhava constantemente que os factos não são”cabeçudos” e conclusivos se não quando forem estudados sob todos os aspectos e cuidadosamente peneirados. Se os factos são tomados arbitrariamente, são apenas”brinquedos ou coisa pior”.
- E quando se trata de conhecer fenómenos da praxis revolucionária, diria eu, importante é verificar quem é que recolhe a informação; qual é a sua vinculação de classe; qual a sua concepção do mundo; o método que utiliza. O mesmo se aplica aos sujeitos da interpretação e conclusão.
Política & administração:
Como é de conhecimento geral, transparência constitui a base primária do governo do presidente Americano Obama, inclusive os moldes de investigação e interrogatórios da CIA. Coincidentemente, Nito Alves, em 1977 já condenava os procedimentos de investigação da CIA. É assim que em síntese convém rever as teses políticas de Nito Alves perspectivando as similaridades com Barack Obama:
- Ensaiam-se, como que num laboratório da CIA, os mais ferozes e destrutivos métodos de aniquilamento da revolução, a partir da manipulação dos ”mass media“; sofismam-se factos históricos, falseiam-se dados, deturpa-se a verdade científica, montam-se pretextos que permitam às forças conservadoras abater a revolução.
- Incapacidade e fraco poder de direcção político - revolucionária;
- Confusão entre estratégia e táctica;
- Ausência total duma única teoria completamente acabada para a fase;
- Afluxo de muitos e novos elementos para o MPLA;
- Incapacidade e fraco poder de organização;
- As estruturas políticas e ideológicas e organizativas do MPLA revelam-se impotentes para enquadrar o movimento de novos membros daí o surgimento do seguidismo, do dogmatismo, dos sistemáticos desvios à direita e à esquerda;
- O próprio Comité Central por inexperiência, comete um dos erros mais significativos nesta fase: alarga o 2º Plenário do Comité Central com representantes de”Comités” que se proclamavam do MPLA, como os CACs e similares, chegando mesmo a constituir nessa base a Comissão Directiva de Luanda!
- É evidente que este desvio de direita em matéria de organização – como veremos mais adiante – origina o oportunismo de todas as nuances e cores, fonte do verdadeiro desvio à linha política e do fraccionismo.A minha voz ergue-se violentamente contra esse clamoroso oportunismo.
- Esta grosseira violação dos estatutos no caso concreto do Secretário Administrativo do Bureau Político, a julgar o fenómeno pela prática política, ideológica e organizativa do titular, corresponde a um desvio de direita, origem do arbitrismo revolucionário, causa do esquerdismo, causa dialéctica do fraccionismo e do divisionismo.
- B) A DEMOCRACIA INTERNA E A DIRECÇÃO COLECTIVA
É evidente que a violação do Centralismo democrático tem como consequência o abandono da democracia interna e dos métodos colectivos de direcção. Para que isto seja efectivamente realizado o partido deve criar as condições para que os membros da partido tenham realmente a oportunidade e possibilidade de”discutir todas as questões, de controlar a execução das resoluções tomadas, de escolher os dirigentes, de conhecer e comprovar a sua actividade”.
- Violadas as normas da democracia interna e da efectiva direcção colectiva, resta é o simplismo do formalismo dos Estatutos, o papel de eleições da direcção por unanimidade e com palmas dum direitismo e duma ignorância alegres!
- Tal como ensinaram os clássicos,”uma centralização formal ou mecânica não seria mais do que a centralização do”poder” nas mãos de uma burocracia com vista a dominar os outros membros do partido ou as massas do proletariado revolucionário exteriores ao partido.”
- O abuso do poder e do mandato, a prepotência, a auto-suficiência, o culto da personalidade, o isolamento em relação às massas constitui manifestação da existência de fortes forças favoráveis à contra-revolução no seio dos organismos dirigentes, em factores que condicionam o processo trás descrito.
Assim sendo e segundo Mia Couto, “É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia. “A sua caixa de texto”, -Nito Alves- “já está escrita. Ele precisa de orações de reconhecimento e não de discursos selvagens e hipócritas.”
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* “J&J”
Fonte: Club-k