Luanda - Dois jovens actores do grupo de teatro Horizonte Ngola KIluange ficaram gravemente feridos com quatro tiros disparados por elementos da Polícia Guarda-Fronteira, no bairro Uíge, Sambizanga, porque estavam a empunhar pistolas de plástico que os agentes confundiram com armas verdadeiras.

*Gaspar Faustino
Fonte: NJ

O incidente ocorreu no Sábado mas permanecem duas versões sobre o sucedido no Bairro Uíge: de um lado, os elementos do grupo de teatro garantem que os jovens estavam a caminho de casa, com as armas de brincar utilizadas numa peça de teatro na mão; a polícia defende que os mesmos jovens foram interceptados pelos agentes da autoridade quando assaltavam pessoas na rua com armas falsas mas parecidas com armas reais.


Este incidente tem semelhanças com outro, ocorrido em 2007, também no Sambizanga, quando dois actores amadores foram mortos pela polícia quando decorriam filmagens para um filme que os agentes confundiram com uma cena real de assalto à mão armada.


De acordo com o inspector-chefe Mateus Rodrigues, porta-voz Comando Provincial de Luanda da Policia Nacional (PN), "os jovens na realidade pertencem ao grupo de teatro, mas eles foram encontrados pela Polícia a assaltar as pessoas que circulavam na zona".


"Eles não estavam a fazer nenhuma encenação de teatro naquele momento, simplesmente estavam a assaltar os cidadãos que circulavam naquela zona com uma arma de brinquedo", explicou, acrescentando que uma das vítimas gritou por ajuda quando passava o carro da Polícia de Guarda-Fronteira no local.


A versão do lado dos jovens actores, segundo Walter Cristovão, elemento do grupo teatral, mas que não estava no local quando este problema aconteceu, é que "quatro jovens envolvidos neste incidente com a polícia estavam a acompanhar um dos integrantes do grupo infantil Horizonte Ngola Kiluanje a casa".


"Os adultos, como sempre, acompanham as crianças depois do ensaio e, a meio do caminho apareceram os polícias. Um dos jovens, com receio, atira fora a arma de brincar. Um dos polícias viu e foi buscar a arma, começando logo a espancar os jovens, que, acompanhados de um adolescente de 14 anos, já estavam deitados no chão", conta.


Os tiros são disparados, segundo a versão de Walter Cristovão, que também é jornalista, depois de o adolescente ter começado a correr. Um dos jovens é atingido no abdómen e outro no joelho.


Os feridos foram levados para o hospital por colegas, enquanto, ainda segundo a mesma versão, os elementos da Guarda-Fronteira deixaram o local sem procederem a quaisquer detenções e sem identificar os presentes.