Luanda - O diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) de Angola, Alves da Rocha, afirma que os últimos números disponíveis dão conta que o país tem menos de 100.000 empresas, distante de uma estimativa divulgada em março.

Fonte: Lusa

Em causa estão números da quarta edição do Observatório da Inclusão Financeira, da consultora Deloitte, que estimam a existência em Angola de cerca de 800.000 micro, pequenas e médias empresas (MPME), com um peso de 2% do total da África subsaariana.

 

"Como se chega a esse valor é, para mim, um mistério. Até porque recensear 800.000 unidades empresariais é uma operação censitária de envergadura e que deveria ter sido autorizada pelo INE", apontou o economista e diretor daquele centro, da Universidade Católica de Angola, e ex-quadro do Ministério do Planeamento angolano, em declarações à agência Lusa.

 

Acrescentou que o mais recente recenseamento das empresas em Angola, intitulado "Estatísticas do Ficheiro de Unidades Empresariais", 2010-2013, do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola "dá conta da existência de 95.518 unidades empresariais", das quais "59.056 aguardando pelo início de atividade e 1.303 com atividade suspensa".

 

"Numa outra classificação das empresas, este ficheiro do INE apresenta, de entre as 35.074 em atividade, 13.856 familiares, o mais aproximado das microempresas", observou Alves da Rocha.

 

De acordo com o estudo da Deloitte, divulgado a 28 de março pela Lusa, Angola é ultrapassada nas estimativas do registo do número total de MPME na África subsaariana pela Nigéria (24%), Tanzânia (11%) e Congo (7%).

 

Em contrapartida, Angola é uma das principais economias do continente e o maior produtor de petróleo africano, com mais de 1,6 milhões de barris por dia.

 

"A inclusão no sistema financeiro e o acesso a financiamento são condições essenciais para a criação e desenvolvimento de um tecido de MPME robusto e sustentável a médio longo prazo, e para o crescimento económico de um país", realça o estudo da Deloitte.

 

No documento, a consultora internacional evidencia ainda a relação "entre a atividade das MPME e o crescimento económico dos países", estimando que o contributo para o Produto Interno Bruto global seja aproximadamente de 65%.

 

De acordo com a quarta edição do Observatório da Inclusão Financeira, existiam em 2010 entre 420 a 510 milhões de MPME no mundo, 85% das quais localizadas em países em desenvolvimento, com a região da África subsaariana a representar cerca de 8,6% do total, aproximadamente 40 milhões de empresas.