Luanda - No dia 4 de Abril comemorou-se mais um ano de Paz e Reconciliação Nacional. 15 anos depois o balanço é positivo em relação a Paz Militar, embora de tempo a tempo e, em função das estratégias de busca de fidelidades cognitivas internas, se ostente fantasmas de subversões para se criar um inimigo militar a abater. Porém, em relação a reconciliação nacional há ainda um longo caminho a percorrer, se considerarmos o destempero de linguagem poilítica por uma das vozes que devia convocar os angolanos para um ambiente de luta democrática, tolerante e conciliador, em vez de se identificar ainda com paixões e servilismos ideológicos dos escombros da ditadura do proletariado que pretendeu criar uma identidade nacional a partir da ideologia maxista leninista, que dividiu os cidadãos, filhos da mesma pátria, nos últimos 41 anos, em angolanos legítimos e únicos representantes e outros Angolanos ilegítimos, uns de 1ª classe, porque estão enquadrados nos CAPs e nos Comités de especialidades e outros de 2ª classe, descartáveis, só pelo facto de não partilharem a cartilha ideológica do regime.

Fonte: Club-k.net

Este destempero de linguagem é excludente, divide os angolanos, é iniciador da intolerância e prepotência política, ilude a utopia das supostas grandezas isoladas, não conviventes, é potenciador de fraudes eleitorais, para que os ditos “malandros” não ganhem as eleições. Agudiza as desconfianças, fortifica as suspensões entre uns e outros e ainda confirma a tese de que a democracia multipartidária foi mesmo uma imposição e não resultou da evolução da dialética interna da elite política no poder ou da universalidade da sua evolução histórica. Continuo a defender a necessidade de uma drenagem político-filosófica em Angola para se abrir um novo leito onde as águas políticas devem correr, pois o troço anterior foi lamacento e movediço. Tem de se criar uma cultura de cidadania que não herde feridas emocionais do passado, mas vê-las como lições da história e não recurso da consciência política do presente.

 

Continuo a defender a tese de que nascemos todos angolanos não implicando a região de origem, a cor, a raça, etc, e que para lá das ideologias há uma Angola humana, histórica, cultural que existiu antes das organizações políticas presentes, existe agora e só ela é maior e existirá na eternidade dos tempos. É esta Angola que ainda não foi debatida, não foi discutida, não criou concensos de convivência nacional capazes de consolidar os processos políticos, eleitorais, económicos, sociais, etc.

 

A elite política angolana precisa de algumas roturas políticas com o passado e desenvolver uma nova temática político-filosófica actual, precisa de juízos esclarecidos que promovam a aceitação mútua de todos os filhos da mesma pátria e sermos iguais na pátria do nosso nascimento como Dr. Savimbi proclamou há 51 anos em Muangai. Angola tem de ser um país de moderação política e não mais de extremos, nem de fundamentalismos político- partidários. CHIPINDO BONGA