Luanda - O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, vai deixar o cargo, com a realização das próximas eleições, em Agosto, sem pressão externa, afirmou ontem, no Soyo, província do Zaire, o 4º vice-presidente da bancada parlamentar do MPLA, João Pinto.

Fonte: JA

Ao intervir numa conferência enquadrada na 2ª edição do Festi-Jovem, que decorre no Soyo, sob o tema “O papel desempenhado pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, no alcance da paz, consolidação da democracia, unidade, reconciliação e reconstrução do país”, João Pinto referiu que, 15 anos depois da conquista da paz, “sem pressão externa, o Presidente José Eduardo dos Santos olha para o tempo e dá espaço a uma nova geração com a indicação do vice-presidente do MPLA, João Lourenço, como cabeça de lista” para as próximas eleições.


Para João Pinto, o Presidente José Eduardo dos Santos é um político raro na história de Angola e do continente africano, por ter liderado uma transição política ímpar em 2002. O Presidente José Eduardo dos Santos, frisou, teve uma postura humanista ao não ter humilhado ou aniquilado os seus antigos adversários e inimigos, logo após o fim da guerra em 2002.


“Poucas vezes, na história da Humanidade, um homem conseguiu unir os seus concidadãos. Mesmo quando foi criticado, insultado, traído não se vingou, usou apenas os instrumentos da lei, da diplomacia, quer a nível interno, como internacional para aproximar as pessoas”, disse João Pinto. De acordo com o parlamentar, a nível do continente africano, foram poucos os líderes que subiram ao poder sem humilhar os seus adversários políticos. José Eduardo dos Santos, pelo contrário, sublinhou, congregou todos os cidadãos para a reconciliação e reconstrução do país.


“No nosso continente, onde tendencialmente os líderes que ascendem ao poder enveredam ou excedem a vaidade, a vingança para a humilhação do adversário, ou em tentar humilhar todos que são diferentes deles, promovendo o racismo e o tribalismo para melhor reinar. Mas o Presidente José Eduardo dos Santos superou tudo isto, foi e continua a ser diferente”, disse. Para João Pinto, que falava para um grupo de jovens e convidados, na aldeia do Kinganga Mavakala, cerca de 20 quilómetros da cidade do Soyo, José Eduardo dos Santos, ao invés de enveredar para uma estratégia de humilhação dos seus adversários, criou a possibilidade de governação conjunta com os da oposição.


“Criou a possibilidade de governar com os adversários ou com antigos inimigos, colocando-os inclusive nas Forças Armadas e na Polícia Nacional para a reconstrução do país, política que permitiu o aumento de infra-estruturas escolares, sanitárias, universitárias e outras que permitiram o crescimento de estudantes de 12 mil para cerca de 250 mil hoje”, frisou.


Para João Pinto, todos estes feitos do Presidente da República superam os seus defeitos e obrigam os pensadores jovens a reverem os conceitos da ciência política e da teoria do pensamento.

Apelo aos jovens

Ao intervir no mesmo encontro, o primeiro secretário nacional da JMPLA, Sérgio Luther Rescova, aconselhou os jovens a engajarem-se na formação académica e profissional, para melhor contribuírem para o processo de desenvolvimento do país. O político reconheceu haver ainda grandes desafios para a afirmação dos jovens, mas disse que “há que saber também apontar os vários ganhos conquistados ao longo dos 15 anos de paz.”


“Hoje, os desafios são vários, mas houve também conquistas que precisamos manter e continuarem a dar o seu contributo, como jovens, e aproveitar o momento para reafirmar o patriotismo e a vontade de continuar a engajar-se no desenvolvimento, privilegiando a formação académica e profissional”, apelou.

Formação académica

De acordo com Sérgio Luther Rescova, ao longo dos 15 anos de paz, aumentaram as oportunidades para a formação académica dos jovens a todos os níveis, bem como a oferta habitacional que se deve aproveitar.


“Aumentou as oportunidades para a formação académica dos jovens a todos os níveis e oferta habitacional. Neste momento que estamos a celebrar a jornada Abril Jovem, é honroso reconhecer que estamos também a celebrar 15 anos de paz efectiva e esta teve o contributo de todos, sob a firme liderança do Presidente José Eduardo dos Santos”, salientou.


A paz, disse Sérgio Luther, foi fruto de muito sacrifício, mas, no presente, os jovens devem estar unidos para as tarefas do desenvolvimento de Angola. Sobre a 2ª edição do Festi-Jovem Zaire 2017, o também deputado e membro do Bureau Político do Comité Central do MPLA disse que o evento deve servir como momento de reflexão, unidade e reforço do sentido patriótico da juventude.